Fique de olho nas dicas dos especialistas e melhore a rotina de passeios com o seu cão
A hora do passeio é, na maioria dos lares, o momento mais esperado do dia para os cães. Porém, não é incomum vermos nas ruas donos passeando com seus cães sem respeitar suas necessidades. “O passeio precisa ser prazeroso tanto para o cão quanto para o tutor”, diz o comportamentalista animal Wagner Brandão, de São Paulo.
O também comportamentalista animal Marcos Acosta, da 3M Smart Dog, de São Paulo, também ressalta a importância de o tutor não ficar nervoso com o cão durante o passeio e ter paciência com ele. “Lembre-se de que, se ele tem um passeio inadequado, é porque ele vem tendo seus comportamentos reforçados ao longo da vida dele”, ressalta Marcos.
A seguir, os especialistas listaram alguns pontos importantes para se ter um passeio agradável.
1. ESTÍMULOS SÃO NECESSÁRIOS
Nos passeios, é importante deixar que o cão fareje e faça suas necessidades em lugares tranquilos, em que não haja estresse. “O seu cão precisa ser estimulado para que haja interação com o seu tutor também nos passeios, aumentando o vínculo deles”, diz Wagner.
2. ACALME O CÃO ANTES DE SAIR
Sair com o cão imediatamente depois de ter colocado a guia nele faz com que o passeio seja conturbado. “O correto é colocar a guia, brincar com ele um pouco em casa, acalmá-lo, para então sair”, ensina Marcos, que continua: “Trabalhe o foco e faça exercícios com o cão neste momento. Coloque a guia quando ele estiver calmo e explore todos os ambientes da sua residência juntos”.
3. ACESSÓRIOS CERTOS
O cão não pode sair na frente do dono, puxando-o, mas também nunca se deve puxar a guia do cão, seja enforcador ou peitoral. “Como somos bem mais fortes do que eles, com o tempo, complicações físicas (na coluna e articulações) podem acometer o cão por conta de puxões. Sou a favor do uso do enforcador, mas usado do jeito certo. Se relaxarem os braços e não fizerem o movimento de ação e reação, a força do seu cão puxando não o machucará, pois ele diminuirá a tensão da guia e a força dele não o machuca. Já no caso do peitoral, a força vai no peito do animal e quando ele puxa, você acaba empurrando o animal para trás e a tendência é que ele sempre puxe nos passeios, pois vira uma brincadeira, como se fosse um ‘cabo de guerra’. Assim, o uso desse tipo de acessório aumenta a tendência de o cão sempre puxar, diz Wagner.
Já Marcos aponta que a guia retrátil tem suas vantagens, como permitir que o cão fareje mais livremente, mas tem também desvantagens na hora do passeio. “Como ela é bem longa, diante de uma situação de perigo, susto ou até aproximação de estranhos, o cachorro pode estar longe de você, sendo mais difícil controlá-lo. Além disso, a tensão constante que a guia retrátil mantém também prejudica a comunicação entre vocês. O ideal é optar por guias de 50 cm a 1,5 m, e com material mais flexível, mas não elásticas”, opina o comportamentalista animal.
4. PRESTE ATENÇÃO NO CÃO
Durante o passeio, Marcos indica que o tutor fique de olho em diferentes sinais que o cão possa estar transmitindo, como estresse, medo, ansiedade, se ele está desconfortável ou puxando muito, para poder identificar o que deve ser corrigido na hora do passeio.
5. CÃO SEMPRE AO LADO
Marcos aponta que o cão deve passear sempre ao lado do tutor, nunca à frente. “Mantenha-o sempre ao seu lado, caminhando de forma tranquila e sem puxões. A guia é um elo de conexão e segurança entre vocês. Então, não permita que ele domine o ritmo do passeio, mantenha o foco e siga adiante, olhando sempre para frente”, afirma.
6. TRANSMITA TRANQUILIDADE
No início do passeio, Marcos recomenda que o tutor restrinja as interações do seu cão para que ele gaste energia. “Repita o mesmo caminho para que ele se sinta confortável, e então vocês poderão explorar novos locais juntos. Esteja relaxado e transmita tranquilidade através da guia. Olhe para frente e tenha foco: escolha o caminho com segurança, evite distrações e mostre que você tem um objetivo definido. Sua comunicação precisa ser clara e objetiva para que ele se sinta confiante e tranquilo na sua presença”, acrescenta.
7. QUANTO TEMPO DEVE DURAR?
Wagner diz que o passeio não precisa durar muito tempo para ter qualidade. “Uns 15 ou 20 minutos já são considerados suficientes. Para cães de grande porte, recomendo a mesma duração de passeio, mas três vezes ao dia”. Ainda segundo ele, é importante sempre observar os limites do cão. “Quando ele está muito cansado nos passeios, significa que você está excedendo o limite dele. Faça passeios em tempos menores e aumente gradualmente”, aponta.
8. PASSEIOS SEGUROS
Wagner ainda alerta: “cuidado para não passear nos horários em que o chão está muito quente por conta do sol. ”Outra dica é não passear sem guia! “Certifique-se também de que o mosquetão esteja bem colocado”, ressalta Marcos.
9. SEM ATAQUES
Se o cão late ou tenta avançar em pessoas ou cães no passeio, significa que ele entende que é responsável pela sua segurança naquele momento. “É preciso entender que em uma matilha não é normal que indivíduos de fora interajam e socializem. Isso gera muita apreensão ao cão. E se ele acredita que tem que assumir a segurança de vocês no passeio, significa que ele acha que você não é capaz de fazê-lo. Para mudar isso, existem algumas dicas, como manter uma rotina consistente e uma comunicação corporal calma, e o contato visual com seu cão é algo poderoso”, explica.
Nossos Agradecimentos:
Marcos Acosta Adestrador profissional de comportamento canino há mais de uma década. Durante esse tempo, já tive a oportunidade de trabalhar com os cães da Polícia Militar do estado de São Paulo, com a seleção dos cães K9 e para o Corpo de Bombeiros, no Agility, em canis especializados para guarda patrimonial e cães de pastoreio. Hoje, tenho o privilégio de ajudar milhares de alunos, espalhados por 47 países. Instagram: @3msmartdog
Wagner Brandão Comportamentalista animal desde 2002, formado pela Universidade de São Paulo, é ex-investigador da Polícia Civil e ex-treinador de cães policiais para faro e ataque. Seus clientes incluem não apenas animais de estimação, como gatos, mas também grandes felinos, como tigres e tigresas, além de peixes e até mesmo moscas. Atualmente, Wagner presta atendimento a clientes de todo o mundo, tanto de forma online quanto presencial. @adestradorwagnerbrandao
Por Samia Malas
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