Além de carinho e atenção, seu melhor amigo precisa de cuidados básicos de saúde, higiene e alimentação para não adoecer.

Os cães podem ser acometidos por uma série de doenças relacionadas a diferentes fatores, tais como idade, raça, ambiente, status vacinal, alimentação, hábitos diários etc. Assim, seus tutores devem fornecer ração de qualidade, vermifugar e vacinar os pets conforme indicação veterinária, fazer check-ups regulares e, claro, precisam também estar atentos a mudanças bruscas de comportamento e sinais como apatia, vômitos, diarreia, tremores, coceira excessiva, secreções incomuns, entre muitos outros que podem indicar que algo não vai bem com a saúde dele.
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OTITE
Uma das maiores causas de infecção na espécie canina, as otites, têm incidência de 8 a 15% na rotina clínica. A doença é decorrente de alterações nos condutos auditivos, como temperatura, umidade e mudanças no pH, o que favorece a proliferação de agentes infecciosos. De acordo com Geovane Pereira, médico-veterinário do Nouvet, fatores predisponentes, como orelha caída e dermatopatias de base, contribuem para o desenvolvimento dessas infecções. Como sintomas, ele cita coceira e dor nas orelhas, balançar de cabeça constante, secreção nos ouvidos e mau cheiro. “Quando em estágio avançado, pode haver sintomatologia neurológica, com perda de equilíbrio, torção de cabeça e movimentação nos globos oculares”, diz. O tratamento consiste na limpeza dos ouvidos associada à aplicação de medicações tópicas, mas em alguns casos, medicações sistêmicas podem ser indicadas. Então o melhor é prevenir: evite o acúmulo de sujeira na orelha e o excesso de umidade nos ouvidos, protegendo-os com algodão durante o banho, seque bem e, se houver indicação do veterinário, remova o excesso de pelos para reduzir o calor e a umidade no local.
CINOMOSE
Doença viral altamente contagiosa, a cinomose ataca os sistemas respiratório, gastrointestinal e nervoso. A transmissão se dá por partículas virais dispersas no ar ou por secreções respiratórias de cães infectados. “Inicialmente os animais apresentam secreção ocular e então desenvolvem febre, secreção nasal, tosse, letargia, vômito, diarreia, diminuição do apetite e, à medida que o vírus alcança o sistema nervoso, podem apresentar convulsões e paralisias”, descreve Lilian Blumer, médica-veterinária do Hospital Veterinário Taquaral, de Campinas-SP. A cinomose costuma ser fatal, e aqueles que sobrevivem geralmente apresentam sequelas. Não existe cura, a conduta terapêutica envolve cuidados de suporte, controle dos sintomas e prevenção de infecções secundárias. A vacinação é eficaz para evitar a doença, sendo recomendada a todos os cães.
PARVOVIROSE
Uma das principais doenças infecciosas causadoras de gastroenterite aguda, pode acometer cães de qualquer raça, idade ou sexo, porém filhotes após 6 semanas e até 6 meses de idade são os mais vulneráveis. Segundo Paola Frizzo, docente de medicina veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, raças como Rottweiler, Dobermann, Pinscher, American Pit Bull Terrier, Pastor Alemão e Labrador Retriever também são mais suscetíveis. Mas para todos existe a vacina. Os principais sinais clínicos da parvovirose são: diarreia de odor fétido, mucoide e hemorrágica, inapetência, febre, vômitos, náusea e dor abdominal. Também pode haver sintomas cardíacos. Manter o cão e o ambiente sempre limpos ajuda na prevenção, uma vez que a transmissão do vírus ocorre principalmente pela via oral-fecal. As taxas de letalidade chegam a 91%, mas se o pet receber o tratamento adequado – que é sintomático, pois não existe uma medicação específica –, a taxa de sobrevivência pode chegar a 95%.
DOENÇA DO CARRAPATO
A prevalência da erliquiose é maior em áreas mais quentes, variando de 4,8% na região Sul a 70,9% no Centro-Oeste. É causada pela bactéria Ehrlichia – transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus –, que infecta glóbulos brancos e afeta plaquetas, ocasionando apatia, falta de apetite, perda de peso, febre, fraqueza muscular, vômitos, diarreia e, em casos graves, hematomas na pele e nas mucosas. Em alguns casos, também podem ocorrer manifestações oculares e neurológicas. Apesar de não haver vacina, é possível prevenir a doença com o uso contínuo de antiparasitários, disponíveis sob a forma de medicamentos e coleiras. Paola explica que a doença tem cura – com antibióticos e, em certos casos, corticoides –, especialmente quando identificada precocemente.
GIÁRDIA
Causada por um protozoário, a giardíase ataca o trato gastrointestinal, podendo trazer diarreia intensa e fétida, dor abdominal, perda de peso e desidratação. A principal forma de transmissão é por via fecal-oral e, assim, a prevenção passa por educação sanitária e hábitos de higiene. “Outra medida preventiva é a vacinação, que pode auxiliar na redução da ocorrência. Consulte seu médico-veterinário e verifique se há necessidade de aplicá-la no seu pet”, indica Lilian. “Não há evidências satisfatórias quanto à sua eficácia em prevenir a doença, mas sim em atenuar os sinais clínicos causados pelo protozoário”, acrescenta Paola. Para tratar a giardíase, deve-se utilizar antiparasitários em associação a cuidados de suporte ao animal e controle ambiental, com limpeza criteriosa e desinfecção.
TOSSE DOS CANIS
A traqueobronquite infecciosa canina é provocada por diferentes microrganismos, sendo o vírus da parainfluenza canina e a bactéria Bordotella bronchiseptica os principais agentes. Lilian afirma que normalmente os pets apresentam secreção nasal e tosse seca e, em geral, conseguem se curar sozinhos. “Se necessário, é dado tratamento suporte para o bem-estar do animal”, diz. A vacinação é utilizada como forma de prevenção, mas nem sempre ela é indicada. Consulte seu veterinário.
DOENÇA PERIODONTAL
Podendo afetar até 75% dos cães entre 4 e 8 anos, a doença periodontal é resultado do acúmulo de sujidades e bactérias nos dentes e é caracterizada pela presença de placas dentárias e tártaro, causando infecção dentária e dos tecidos da cavidade oral. Segundo Geovane, os sintomas mais comuns são mau cheiro e sangramento na boca, salivação excessiva, perda de dentes, presença de placas e alteração na coloração dos dentes e dificuldade para mastigar. O tratamento depende da gravidade do quadro, sendo que em casos brandos, por vezes, apenas a limpeza é necessária. “A melhor forma de prevenção é manter a periodicidade da higienização bucal, realizando escovações periódicas, sempre orientadas por um veterinário”, diz o profissional. Paola destaca que brinquedos e petiscos mastigáveis também auxiliam na remoção. “Mas ossos naturais e outros mastigáveis mais rígidos não são recomendados em muitos estudos, pois podem causar fraturas, desgaste de esmalte e dentina, além da ingestão de corpos estranhos”, alerta.
ALERGIAS
As dermatites alérgicas podem trazer coceira, inflamação e infecção à pele dos animais, provocando vermelhidão, aumento da temperatura da pele e lesões. Podem ocorrer em qualquer faixa etária, mas, segundo Paola, acometem principalmente animais jovens e raças como West Highland White Terrier, Shih Tzu, Lhasa Apso, Pastor Alemão e Golden Retriever. Entre as causas da alergia estão: a dermatite alérgica que decorre à picada de ectoparasitas – quando o cão tem uma reação de hipersensibilidade à saliva da pulga e outros ectoparasitas como o carrapato; a dermatite atópica, associada aos anticorpos de imunoglobulina E (IgE), mais comumente direcionados contra alérgenos ambientais (ácaros, pólen e gramíneas, por exemplo); e a hipersensibilidade alimentar. Não é possível prever nem prevenir que o cão vá desenvolver algum dos tipos de alergia, nem há cura para o quadro, porém estas doenças podem ser controladas, com redução da exposição a alérgenos e uso de xampus e condicionadores terapêuticos, entre outras medidas que podem ajudar a devolver qualidade de vida ao pet.
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Nossos agradecimentos pela colaboração:
– Geovane Pereira Médico-veterinário do Nouvet, graduado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especializado em cirurgia de pequenos animais pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Botucatu. Possui mestrado pelo programa de biotecnologia animal, com ênfase em cirurgia de pequenos animais na mesma instituição e especialização em neurologia veterinária pelo Instituto Bioethicus/UniFAJ.
– Lilian Blumer Médica-veterinária no Hospital Veterinário Taquaral, de Campinas-SP, graduada em medicina veterinária pela Universidade Estadual Paulista – Araçatuba-SP; mestre em medicina veterinária pela Universidade Estadual Paulista – Jaboticabal- SP; pós graduada em clínica médica de pequenos animais pela Universidade Estadual Paulista – Jaboticabal-SP; pós-graduada em tanatologia e cuidados paliativos em medicina veterinária – Instituto Kairós-SP; professora de graduação e pós-graduação em faculdades de veterinária; realiza atendimento especializado em nefrologia de cães e gatos.
– Paola Frizzo Docente de medicina veterinária da Universidade Anhembi Morumbi.
Por Lila de Oliveira