Hora do banho: o que precisamos saber para prevenir acidentes?

Do temperamento do cão à temperatura da água, passando pelo tipo de pelo e hábitos do animal, tudo é importante na hora do banho

Fotos: Imagem de Kreingkrai Luangchaipreeda por Pixabay

Dar banho no seu cachorrinho de estimação pode ser bem desafiador, dependendo do porte e, principalmente, do temperamento dele. Afinal, não é tão fácil encontrar um cão que realmente goste desse momento. Por isso – e muitas vezes também pela falta de tempo – muitos tutores preferem que um profissional execute essa tarefa. Mas, seja em casa ou no pet shop, há muitos cuidados importantes a serem tomados na hora do banho.

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PREVENÇÃO DE HIPERTERMIA

De acordo com o groomer Renato Leiva, fundador da Escola Belas Patas e da Petmake, de São Paulo, quadros de hipertermia acontecem no banho por dois motivos: temperatura elevada e estresse. “Ambos podem ser prevenidos com o manejo adequado do animal e do ambiente, evitando deixá-lo muito tempo preso em gaiola ou em contato com a alta temperatura do secador, por exemplo”, alerta.
A groomer Camilla Caetano, de Campinas, SP, concorda que o estresse é um dos principais fatores, mas banhos extremamente quentes e secadores em alta temperatura também podem dificultar a troca de calor e a respiração. “Durante o procedimento sempre devemos observar a respiração do animal. Está normal? Ou a frequência aumentou muito? Começou a hiperventilar, está ofegante? Nesses casos, pare imediatamente, pois algo não está certo”, diz a profissional, que recomenda que se acalme o animal e procure o médico-veterinário no mesmo instante.
Renato lembra que muitos cães braquicéfalos – os de focinho curto, como o Bulldog Inglês e o Pug – merecem atenção especial sob esse aspecto, uma vez que podem ter dificuldade respiratória por conta da anomalia da trufa (entrada do orifício nasal mais estreita) e até mesmo excesso de palato mole na região da garganta. “Em qualquer um dos casos é preciso evitar cansar, estressar ou aquecer esses cães”, atesta o groomer. “Para aqueles que têm medo de água na região do rosto, não é recomendado utilizar a água da ducha diretamente no animal, mas sim colocá-la antes em um recipiente para aplicar menos água por vez”, indica. A principal dica do médico-veterinário dermatologista Bruno Pietro, de Arujá, SP, é estar atento à temperatura da água, que não deve ser fria nem quente. “A temperatura morna causa menor irritação e ressecamento da pele dos animais”, explica. O mesmo vale para o secador, necessário para garantir a secagem completa e evitar a proliferação de fungos: “ele nunca deve estar quente. É preciso procurar temperaturas mais amenas e aplicar sempre à distância do animal, evitando ressecamento excessivo da pele e até mesmo queimaduras”, destaca o professor.

ESCOLHA DOS PRODUTOS

Cosméticos de uso humano têm o pH diferente dos específicos para cães e, por isso, não devem ser utilizados em pets. O mercado pet atualmente conta com opções para os diferentes tipos de pelo. Sempre é válido consultar um profissional na hora de escolher a mais adequada ao seu melhor amigo.
Camilla explica que, além dos itens básicos (xampu e condicionador), pode-se incluir muitos outros produtos no banho do cão, como protetor térmico, leave-in, colônias, máscara hidratante, entre outros. O importante é considerar as particularidades de cada animal, principalmente no que diz respeito ao pelo. “Algumas raças precisam de mais condicionador, outras menos. Nas de pelo mais gorduroso, por exemplo, é mais difícil o produto entrar, então é preciso usar as quantidades e os produtos certos”, exemplifica a groomer.

XAMPUS ANTIPULGA

De preferência o controle de pulgas deve ser realizado com medicamentos adequados e sob a recomendação de um profissional, de acordo com Bruno. “Xampus com aditivos antipulgas até podem ser utilizados em animais saudáveis, mas devem ser evitados em animais com problemas dermatológicos. ”A groomer Camilla conta que só usa esses produtos com orientação do veterinário, pois, segundo ela, existem produtos que podem até cortar o efeito dos remédios. Renato informa, ainda, que muitos xampus antipulga não podem em hipótese alguma ter contato com as regiões dos olhos e da boca. “Então o risco é alto quando não são utilizados da forma correta”, conclui.

FREQUÊNCIA DOS BANHOS

A frequência de banhos de animais saudáveis pode variar em função da raça, porém, não existe um consenso entre veterinários e pesquisadores sobre a frequência ideal. “No geral, recomenda-se banhos quinzenais ou, no máximo semanais, sendo interessante espaçar a frequência em cães de muito subpelo”, afirma Bruno Pietro.
“Um Shih Tzu com pelo até o chão, por exemplo, se ficar muitos dias sem banho, vai ter acúmulo de urina e talvez até restos de cocô”, ressalta Camilla Caetano. Cães de quintal ou que frequentam creches e sujam mais, e os que passeiam todo dia também. “Já um cão de apartamento fica muito tempo limpo”, diz a profissional. “Então o bom mesmo é sempre ter uma conversa com o médico-veterinário e um banhista responsável para chegar a uma frequência saudável de banhos para o seu pet. Por mais que hoje os produtos sejam maravilhosos, o banho retira uma camada de gordura e, por isso, não pode ser dado toda hora”, pondera.
Para Renato Leiva, qualquer tipo de pelagem pode ser banhada toda semana, desde que com os produtos certos e a secagem feita de maneira correta. “É claro que, quanto menor a pelagem, menos necessidade de banhos frequentes o tutor irá sentir”, opina.

ESCOVAÇÃO

Para economizar tempo, água e produtos, a dica de Renato Leiva é remover a pelagem morta antes do banho, especialmente nos cães de pelagem curta. Já Camilla destaca que, durante a secagem, são raros os cães que não precisam ser escovados. Ela explica ainda que escovas mais delicadas devem ser usadas para não retirar pelos em excesso, enquanto as mais firmes são indicadas para retirar mais pelo ou subpelo.

EM CASA

Para quem prefere o banho caseiro, as principais recomendações de Camilla são usar mangueiras para direcionar melhor a água (não direcionando o jato no rosto do animal nunca); deixar a temperatura entre morna e fria; não deixar o cão secar no sol para que nenhuma parte fique úmida, o que pode trazer problemas dermatológicos; e ter cuidado com os secadores, já que os de cabelo são muito mais quentes do que os próprios para pets – use de longe e, no rosto, não coloque de frente. Pela lateral o pet aceita melhor.

NO PET SHOP

O principal acidente em estabelecimentos de banho e tosa, segundo explica Renato Leiva, é a queda, que acontece principalmente quando os cães são deixados sozinhos na mesa ou na banheira, um grande erro. “Além disso, tem os cortes em equipamentos afiados, como tesouras e lâminas, o que, na maioria das vezes, acontece não por imprudência, mas porque o cão pode ter se mexido muito rápido”, acrescenta.
Camilla destaca a importância do uso da guia (para limitar o andar do cão) e do cuidado na escovação (para não gerar arranhões) e na secagem, para evitar queimaduras, entre outras precauções que todo profissional qualificado deve ter. Com todas essas medidas, a hora do banho do seu pet com certeza será muito segura.

Agradecemos a colaboração de Bruno Pietro, Médico-veterinário especializado em dermatologia veterinária; mestre em clínica médica de pequenos animais; professor de semiologia e clínica médica de pequenos animais da Universidade Anhembi Morumbi, onde também é responsável do atendimento de dermatologia do Hospital; Camilla Caetano, Proprietária da Escola de banho e tosa ArtGroomer, em Campinas, SP. Instrutora de cursos em estética animal, oferece consultoria para abertura de pet shop, reestruturação, contração e treinamento de equipes. Mestre em Grooming, é especialista em gatos e Bichon Frisé. Site: artgroomer.com; Renato Leiva, Groomer fundador da Escola Belas Patas e do pet shop Petmake. Já foi campeão em diversas competições de tosa no Brasil e fez parte do Groom Time Brazil, competindo fora do país. Também é professor na plataforma Groomer Pro. Site: belaspatas.com.br

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Por Lila de Oliveira



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