Esse belo cão é um completo membro de família e um excelente cão terapeuta

/Prop.: canil Cannis Di Aysla
Eis uma raça canina que conquista as pessoas primeiramente pela magnífica aparência. “Além de elegante e com expressão doce, ela exibe pelagem exuberante, na qual uma de suas marcações mais típicas, o colar branco, completo ou parcial, chama atenção por onde passa”, afirma Imara Jussara Lopes Alves, do canil Reines Leuchtends, de Ibiúna, SP. “O volume dos pelos e sua cor encantam a ponto de tornar esse cão o centro das atenções”, diz Aislanna Bentivenha Rosa, do canil Cannis Di Aysla, de Curitiba. “A beleza da pelagem muitas vezes é o que faz as pessoas escolherem um exemplar da raça”, comenta Gisele Fernandes, do canil Wonder-Full Temptation, de Portugal.
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O Collie Pelo Longo (também chamado Rough Collie) conquista igualmente admiradores por seu temperamento. “É uma raça muito amorosa e carinhosa, bastante alegre”, conta Aislanna. “Eles se adaptam facilmente às exigências dos donos”, acrescenta Imara. “Melhor companhia raramente se pode conseguir – um Collie significa um sorriso sempre à espera quando chegamos em casa. Quem tem ou teve um jamais esquecerá”, define Gisele.

Cão: Wonder-Full Temptation Midnight Dream
POPULARIDADE
Em praticamente toda a década de 1980, mais de mil exemplares da raça eram registrados pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC). Mas, desde meados dos anos 2000, o número de pedigrees caiu para, em média, cerca de 200 ao ano – em 2022, por exemplo, foram 225. “Nos anos 1980, o filme e o seriado Lassie estavam em alta. Com isso, o Collie estava na moda. Muitas pessoas queriam ter um cão igual, gerando então uma demanda de mercado enorme que era suprida pelos criadores por meio do aumento da quantidade de ninhadas”, comenta Imara. “O seriado da Lassie impulsionou o interesse das pessoas pela raça – eu mesma me apaixonei pelo Collie assistindo-o quando criança e, ainda hoje, nos passeios com meus cães nas ruas, o que mais ouço é ‘nossa, olha a Lassie’, sinal de que foi um personagem que fez história e que ajudou muito a popularizar a raça”, conta Aislanna. “Mas, ultimamente, ela não está na moda, não é falada nem comentada na TV. As vendas baixaram, e atualmente os criadores se dedicam, principalmente, a manter o plantel com qualidade”, diz Imara. “Hoje em dia não é uma raça com publicidade na mídia, e o que não se vê não é lembrado”, concorda Aislanna.
Em Portugal, em 2018, apenas 47 exemplares foram registrados, mas, em 2021, esse número aumentou para 183 e, em 2022, para “A pandemia de Covid-19 propiciou estar mais em casa e, consequentemente, maior tempo de dedicação a um cachorro”, explica Gisele. Mesmo no Brasil houve um leve aumento: enquanto em 2019, 156 exemplares receberam pedigrees da CBKC, em 2020 foram 272 e, em 2021, 211. “Também foi motivado pela maior procura de cães durante o período da pandemia, mas nada muito expressivo”, acredita Aislanna. “Não faz muito tempo havia 17 canis de Collie Pelo Longo no Brasil”, relata Imara. “Creio que atualmente não há mais de 20 e, considerando criadores que investem na raça visando melhorá-la e não só tirar ninhadas, este número pode ser ainda menor”, diz Aislanna. “Os canis renomados não têm muitas ninhadas no ano: o meu, por exemplo, tem no máximo quatro”, comenta Imara.
Quanto ao resto do mundo, a raça permanece sendo conhecida, mas não muito comum de se ver. Na Grã-Bretanha, seu país de origem, 499 exemplares de Collie Pelo Longo foram registrados em 2022. Entre as 18 principais cinofilias do planeta, tal número foi superado apenas pela Rússia (992 espécimes da raça registrados em 2022); Alemanha (929 registrados em 2021); França (854 registrados no ano passado); e Finlândia (594 registrados em 2022).

Criador do cão: canil Wonder-Full Temptation
COMPANHEIRO
“Apesar de ser um cão de pastoreio em sua origem, não conheço ninguém que ainda utilize o Rough Collie nesta atividade em Portugal. Hoje em dia, ele exerce essencialmente a função de companhia”, informa Gisele. “No mundo todo, a raça é raramente utilizada para o trabalho de pastoreio. Isso foi se perdendo com o passar dos anos, mas o Collie é muito versátil e inteligente e pode ser treinado e utilizado para qualquer função”, comenta Aislanna. “Alguns países possuem regras mais restritas para emitir certificados de campeão nas exposições e ainda mantêm provas de aptidão na lida com ovelhas para que os exemplares da raça os recebam. Eles avaliam não só a morfologia como também o caráter e a aptidão”, relata Imara.
“O prazer de conviver com esta raça é imenso”, garante Gisele. “Esses cães amam estar ao lado dos seus donos e, se for preciso, os seguem o dia inteiro, mas sem estorvar”, diz Imara. “Se a porta fica aberta, não fogem, e, nos passeios, nem precisam de guia”, confirma Gisele. “Os machos da raça são ainda mais apegados a nós”, observa Aislanna. “O Rough Collie completa a vida de seu dono: ele sabe ser alegre com moderação e educação e também afagar e apoiar nos momentos tristes, como se sentisse com a mesma dor e paixão os nossos sentimentos”, diz Gisele. Aislanna relata que o Collie Pelo Longo gosta até de estar na presença de pessoas estranhas. “Apresenta-se de forma majestosa e imponente frente ao desconhecido, com um ar distante e desconfiado e, quando sente que não há nada a temer, baixa a guarda e mostra o grande amigo alegre e companheiro que é”, ilustra Gisele.

Imara destaca: “Eles convivem muito bem com crianças, cuidando delas com paciência”. Gisele completa: “Elas são aquilo de mais precioso para um Collie, que as protege com toda a sua coragem”. Imara garante: “São bem tolerantes às brincadeiras do dia a dia com crianças”. Gisele confirma: “Demonstra respeito por elas, sem as magoar de forma alguma”.
Imara ressalta: “A convivência com outros animais é excelente”. A proprietária do Collie Pelo Longo Spike, Alessandra Jancoski, de Hortolândia, SP, relata: “Tenho duas Chinchilas que gostam do Spike, chegam a passar em cima dele e ficar de focinho a focinho com meu Collie”. Gisele corrobora: “A raça é elegante demais para perseguir gatos ou qualquer animal. Sua curiosidade em relação a outros cães e pequenos bichos é educada e saudável”.
Imara garante que o Collie Pelo Longo não necessita de atividade física intensa. “Ele se adapta muito bem em apartamentos – basta levá-lo para passear todos os dias e interagir com outros cachorros e pessoas”, diz Imara. Gisele afirma que o Rough Collie fica sozinho em casa ou num apartamento tranquilamente, esperando que seu dono volte do trabalho: “É um modelo de paciência que não quebra nada e enche-se de felicidade quando seu ídolo chega – não dá pulos de alegria, se levanta e se aproxima olhando-o com grande ternura. Então encosta o focinho gentilmente na mão do dono pedindo uma festa”, relata ela, que ressalta também o fato de o exemplar da raça raramente latir: “Quando o faz, é de forma breve, apenas para chamar a atenção do tutor ou alertar sobre algo”.

Spike está em treinamento para a função de cão terapeuta, mas já passou por
exercício prático com crianças especiais.
TERAPEUTA
Spike, de 4 anos, está em treinamento para ser um cão terapeuta, principalmente para crianças internadas no setor de pediatria do hospital da Unicamp. Ele é de criação de Imara, que, quando Spike estava com 40 dias, o separou especialmente para este fim, por ser, entre os filhotes de sua ninhada, o mais dócil com outros cães. Trata-se de algo imprescindível para a função, já que esse tipo de atendimento costuma ser feito por uma equipe com quatro a cinco cachorros. As crianças os acariciam, jogam bolinhas e brinquedos para eles, os escovam, andam com eles na guia pelo corredor etc. Spike já assimilou os comandos “fica” (que ele já sabia de antemão, pois, aos 7 meses de idade, participou de uma exposição), “vem” e “junto”. “Falta apenas aprender dois: ‘dar a pata’ e pegar petiscos na mão do assistido – ele tem dificuldade para pegar petiscos de estranhos, e eu não estou treinando muito o truque com pata, pois não é algo primordial”, relata Alessandra. “O treinamento dele já contou com uma visita a uma escola para crianças com necessidades especiais. Spike fez muito bem para elas, que passearam com ele no corredor e o abraçaram – foi algo muito especial”, acrescenta ela, que já trabalhou com outro Collie, já falecido, desempenhando tal função. “A raça é excelente para terapia, o temperamento dela é muito obediente, calmo, equilibrado e dócil – talvez por ter muito pelo, não demonstra dor se a criança apertar ao apalpá-la. É também muito sensível, e isso ajuda pela facilidade em atender aos sinais e boa percepção, mas às vezes gera insegurança quando crianças especiais se aproximam de frente e com muito ímpeto. Nessa situação, algumas vezes o Collie se assusta, mas é algo que dá pra controlar. Basta a pessoa que está com o cão não permitir que a criança venha de frente e sim pegando a guia de lado e andando nessa posição”, conta Alessandra. “Além de assistir às crianças internadas no hospital, Spike tem também a possibilidade de atender na casa de repouso Orquídea, em Nova Odessa, SP. Portanto, a intenção é que ele atue em dois locais, aproveitando o fato de Spike gostar de estar tanto na presença de crianças como de idosos, permitindo que todos passem a mão e se mostrando dócil com pessoas e com os cães de sua futura equipe”, finaliza Alessandra.

CUIDADOS
Apesar de bastante peludo (em partes específicas do corpo, como patas e barriga, o pelo longo forma franjas), a manutenção da pelagem desses cães é muito tranquila. “Os exemplares da raça parecem autolimpantes: se num dia rolam na lama, no outro nem parece que estavam imundos – meus cães, inclusive, vivem em chácara e vejo isso constantemente”, garante Aislanna. “É um pelo que dificilmente agarra sujidade. A mais frequente são pedaços de plantas como galhos e folhas que podem prender nas franjas em contato com o chão, mas basta uma escovação para eliminá-la”, comenta Gisele.

“Para que a pelagem se mantenha limpa e sem odor, recomendo uma boa escovação de duas a três vezes por mês, utilizando-se talcos neutros”, diz Imara. Aislanna prefere a frequência semanal: “Para ajudar a remover os pelos mortos e evitar formação de nós”, conta ela. Imara alerta: “Deve-se evitar escovação brusca arrancando o subpelo, pois é ele que protege a pele”. Gisele confirma que o subpelo denso e abundante faz proteção contra agentes externos como chuva e sujidade e acrescenta: “A remoção do subpelo em um Collie de Pelo Longo só deve ser feita se estiver solto, caso contrário, ao remover o funcional, diminuiremos a densidade e volume da pelagem”. Ela completa: “Exemplares adultos fazem muda de pelo completa uma vez por ano, entre o fim da primavera e o início do verão, quando o subpelo solto cai em forma de tufos, como algodão, que devem ser removidos na escovação”.
“O Collie não deve tomar muitos banhos ao longo do ano”, diz Imara. “Três anuais podem ser suficientes”, ilustra Gisele.
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Agradecimentos:
– Aislanna Bentivenha Rosa, canil Cannis Di Aysla – www.instagram.com/cannisdiaysla, Facebook.com/cannisdiaysla
– Gisele Fernandes, canil Wonder-Full Temptation – www.facebook.com/bygisa/photos
– Imara Jussara Lopes Alves, canil Reines Leuchtends – www.reinesleuchtends.com.br, www.instagram.com/reinesleuchtends, ww.facebook.com/imara.jussara
Por Fabio Bense
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