Se você tem ou pretende ter um cão para estas funções, essas dicas são para você!

Muitos são apaixonados por raças que desempenham a função de guarda e proteção. Porém, nem todo mundo está apto a condicionar e treinar tais cães. “O ‘candidato’ a ter um cão adestrado para guarda e proteção deve ser comprometido com a segurança de todos, principalmente em ambientes externos. Deve buscar conhecimento para ter um real entendimento do que tem na mão e deve ser munido de muita noção e discernimento. Antes mesmo de adquirir esse cão, aconselho sair em busca de informações técnicas”, lista Alessandro Pelletti, adestrador e educador canino da Dog Master – Adestramento e Cursos, de São Paulo.
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Para Luciano Dalla Costa, formado em Cinotecnia pelo Canil do BOPE do Estado do Paraná, para quem não tem experiência, é muito importante pegar dicas com criadores e adestradores sobre a criação e a conduta que você deve ter com seu cão. “Acima de tudo, seu cão de qualquer raça, sendo do tamanho que for, exige atenção. Ele pouco se importa com as redes sociais, selfie ou story que você posta. O que realmente importa para ele é você, sua atenção, seu carinho e seu tempo. Então pense bem, antes de qualquer adoção ou compra de um cão, se você tem as devidas condições para ter um animal de estimação em casa”, alerta Luciano.
1. ESCOLHA DO CÃO
Antes de tudo, Alessandro diz ser necessário fazer um levantamento do perfil e layout do ambiente em que o animal viverá. “É muito fácil optar por um exemplar erroneamente, agindo somente pela emoção ou gosto pessoal. Adquirir um cão com essas qualidades requer um pouquinho mais de estudo, ou seja, quantas pessoas estarão envolvidas diretamente no manejo? Há crianças e idosos na casa? Já existem outros cães na casa? Qual o sexo desses cães? Qual o nível de atividade que esse cachorro poderá ter? É seu primeiro cão de guarda? Qual o espaço destinado a esse cão?”, aponta o educador canino, mostrando uma pequena parte do questionário que envia aos seus clientes para que acertem na aquisição de seu cão de guarda e proteção. “As respostas dadas interferem diretamente na escolha de raça, idade, sexo, aptidões e impulsos”, acrescenta.
Tratando-se de raças utilizadas para as funções de guarda e proteção, Alessandro também aponta que existem várias características e impulsos diversos, e cada uma delas segue em direções e objetivos distintos. “Há diferenças entre propostas de cães empregados para guarda, proteção e ataque. Cada nomenclatura traz uma função e expectativa diferente e, portanto, raças com impulsos e condutas distintas”, ressalta o profissional que, em seus 38 anos de experiência, já treinou diversos cães (como Dobermann, Boxer, Dogue Alemão, Fila, Pastor Alemão, Rottweiler, Dogo, Akita, Cane Corso, entre muitos outros). “O que diferencia as raças são alguns fatores como capacidade de assimilação, pré-disposições e impulsos. Quero dizer que um adestrador bem capacitado tem condições de adestrar qualquer indivíduo da espécie canina, desde que este tenha os pré-requisitos básicos para a finalidade”, explica.
2. ESTUDE BASTANTE
Para ser um profissional atuante e responsável, principalmente no treinamento de cães de guarda e proteção, Alessandro explica que é necessário que se tenha total conhecimento e domínio de uma quantidade significativa de métodos envolvidos na construção de um exímio cão para a finalidade. “Quando a necessidade da formação é para um cão com função específica (trabalhos policiais, esportes e até mesmo cães antissequestro), o desenvolvimento já pode ser aplicado desde antes do nascimento do filhote, numa sequência criteriosa, que vai da análise genética do exemplar até a realização de um manejo diário adequado e um treinamento especializado para atender as finalidades em que esse cachorro será empregado. “Pode-se afirmar que, quando se trata de um cão de guarda e proteção ou de funções específicas, as probabilidades de acerto se dividem em: 50% genética e seleção e 50% manejo e adestramento”, aponta Alessandro.
3. TENHA RESPONSABILIDADE
Para todos que são responsáveis por um cão de guarda e/ou guarda e proteção, Alessandro recomenda que pratiquem (muito!) a tão falada guarda responsável. “Os cães deste segmento são animais extremamente fortes, tenazes e com um poder destrutivo bastante significativo quando comparado a nós, seres humanos”, destaca. Por isso, é extremamente importante para a segurança de todos que a etapa de treinamento do controle do cão tenha sido concluída com êxito através do adestramento de obediência de ordem disciplinar.

4. CONTROLE DO CÃO
É muito importante também que o condutor de um cão desses esteja totalmente apto a comandá-lo e controlá-lo em situações adversas. “Cão de guarda não é brinquedo nem ostentação. É necessário ter prudência, comprometimento e discernimento, como com qualquer outra ‘arma’”, aponta Alessandro. O adestrador também ressalta que um cão com características para exercer a função de guarda e proteção já vem com informações primitivas pré-programadas. “Ou seja, ele, por si só, já é apto a fazer uma guarda territorial ou uma proteção pessoal. Porém, sem o adestramento adequado, o cão não terá a oportunidade de vivenciar uma variação muito grande de cenários em que terá a necessidade de atuar. Isso pode se tornar um grande problema na evolução do trabalho”, explica. Alessandro também aponta que o adestramento tem ainda a função de acrescentar um comando, que fará com que o cão saiba o que está por vir e se prontifique a exercer sua função mesmo antes de visualizar a possível ameaça. “O mais importante ao adestrar um cachorro para guarda e proteção de forma consciente, funcional e segura é ter o ‘poder’ de ‘desligá-lo’, ou seja, interromper o ataque ou a emoção de atacar. Um cão funcional e seguro, para guarda e proteção, deve oferecer total possibilidade de ser controlável e controlado. Largar da mordida sob comando também é disciplina prioritária nesta função”, acrescenta.
Alessandro ensina que um cão com o propósito de guarda e proteção deve ter, de forma muito consolidada, primeiramente os comandos básicos, que são: andar junto, sentar, deitar e ficar, sob comando. “Sem o adestramento de obediência consolidado, teremos exatamente um grande caminhão descontrolado, descendo ladeira abaixo, sem freio”, alerta.
5. ENSINE O “NÃO”
Luciano comenta que, no dia adia, na Polícia Militar, trabalha como Pastor Belga Malinois. “Meu trabalho sempre foi com correção na guia, utilizando o reforço positivo e negativo. Friso a importância de um cão que entenda o significado do ‘não’. Independentemente de qual comando você for utilizar, ele tem que saber esse significado. O cão, embora não saiba falar, sabe ler sua expressão corporal e facial assimilando com a forma firme e incisiva que você vai dar o comando. Por isso é muito importante se atentar e ler nas expressões o comportamento do seu cão. Para adquirir certo conhecimento, vai um pouco mais de experiência e estudo, para que você possa corrigi-lo na iminência de cometer o erro. Mesmo assim, você pode corrigir ao mesmo tempo em que ele estiver efetuando um comportamento desaprovado ou que seja necessária a sua correção. Por exemplo, quando seu cão responde seu comando ‘não’ cessando o comportamento ou a ação, em seguida à mudança de comportamento, você pode utilizar a recompensa com carinho, brincadeira ou elogiá-lo pela forma amistosa e tranquila de falar com ele. Isso será o suficiente para ele entender que ele te agradou”, ensina Luciano.
6. BRINQUE MUITO!
Alessandro diz que, quando o tutor tem alguma habilidade e um pouquinho de conhecimento sobre os brinquedos utilizados para esse propósito, ele pode sim fazer brincadeiras como cabo-de-guerra com seu dog. “Elas acabam por amplificar os impulsos de caça e presa, e tais impulsos são primordiais na construção de um cão de guarda e proteção. Porém, se for seu primeiro cão de guarda, e se não tiver certeza de que tem pulso suficiente para deixar explícitas as questões hierárquicas, as brincadeiras de cabo-de-guerra podem se tornar um problema”, afirma.
7. DÊ LIMITES AO CÃO
O cão precisa saber que você dita as regras e vai impor limites no comportamento dele, aponta Luciano. “Uma dica que dou, principalmente na hora da alimentação, é que ele aguarde você servir para depois comer. Desde filhote, deixe seu odor na comida (uma ideia é esfregar suas mãos na ração), indicando: ‘eu comi, agora é a sua vez’”. Enquanto ele se alimenta, mantenha-se perto, coloque as mãos na comida e no pote de ração e faça com que ele se acostume e aceite isso, pois, na pressa do dia a dia, alimentamos nossos cães e ‘saímos correndo’, dando a eles essa independência de serem donos do pote de comida. Quando se faz necessária uma intervenção para tirar algo que ele não possa comer, ele acaba avançando, ocasionando os acidentes”, diz Luciano.
8. EMPENHE-SEE APRENDA!
Alessandro aponta ainda que é possível sim aprender a lidar com um cão de guarda e proteção sem contratar um adestrador, mas aprendendo como se faz. “Tenho, hoje em dia, em meu grupo de treino, alguns participantes que são literalmente entusiastas do adestramento. São profissionais atuantes em funções totalmente distintas, e seu hobby é o treinamento de seus cães. Isso é extremamente comum na Europa e vem se consolidando aqui no Brasil. Integrando um grupo de treino, onde existam profissionais que realmente dominam as técnicas de adestramento para poder orientar, é perfeitamente possível que tutores e seu cães trilhem um trabalho adequado, tanto para uma real necessidade de aplicação, quanto de forma recreativa. Porém, para uma formação do cachorro, de forma independente, minha sugestão é que o tutor participe de alguns cursos voltados ao tema, onde poderá entender os princípios básicos de formação e colocá-los em prática”, aponta Alessandro, que ressalta a importância da implementação de um segundo indivíduo que fará o papel de ‘cara mau’, o ‘figurante’, responsável por todos os cenários que deverão ser construídos para o andamento das simulações posteriores em que o cachorro será apresentado”, finaliza.
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Agradecemos a colaboração:
– Alessandro Pelletti Adestrador e educador canino desde 1986. Instrutor de Cursos de Formação e Atualização de Adestradores desde 1997. Fundador e proprietário da Dog Master –Adestramento e Cursos. www.dogmaster.com.br
– Luciano Dalla Costa Formado em Cinotecnia pelo Canil do BOPE do Estado do Paraná, turma de 2016
Por Samia Malas
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