Como tirar o medo do cão?

Pergunta:  Minha cadela, de 2 anos, a Kate (foto), está com um comportamento muito estranho. Parece ter ficado medrosa. Ela era corajosa, mas agora se assusta com tudo, apesar de ser cão de guarda, e está muito desconfiada. Talvez alguém tenha batido nela. Como tiro?

 

Resposta:

Olá, Maria.

A sua cadela começou a manifestar medo repentinamente e a causa é desconhecida. Antes de tudo, convém verificar se o problema não é de origem fisiológica, pois existem algumas possibilidades nesse sentido. Por exemplo, a medicina chinesa considera que problema nos rins pode causar medo. Outros possíveis motivos são a idade do cão, o sexo dele e desequilíbrios hormonais, conforme recente pesquisa desenvolvida na Universidade de Oslo, na Noruega. Consegue-se avaliar se a causa é fisiológica com a realização de alguns exames veterinários. Existe também a propensão genética ao medo. Algumas raças são mais propensas segundo a mesma pesquisa, sendo que o Pastor Alemão não é uma delas.

Em caso de medo com origem comportamental, como o que resulta de trauma conforme você sugeriu, o primeiro passo é não reforçá-lo involuntariamente. Evita-se que isso aconteça não dizendo palavras de tranquilização para a cadela nem fazendo carinhos nela quando ela estiver mostrando medo. Sentir-se recompensada nessas ocasiões é um estímulo para que o comportamento medroso seja mantido.
Outra iniciativa, quando a origem é comportamental, consiste em tratar o medo. Com paciência e calma, de modo gentil e gradual, são feitas sessões de treino que podem ser diárias.

Antes de começar cada sessão, convém drenar a energia da cadela, pois isso facilita o aprendizado. A melhor atividade é levá-la para caminhar vigorosamente por 40 a 60 minutos, sem paradas. Conduza-a com guia curta, mantendo a coleira no topo do pescoço dela e o mais perto possível das orelhas. Assim ela estará mais conectada a você e menos ao ambiente e às influências dele. Essa é uma maneira de ela se sentir mais confiante, percebendo em você a pessoa capaz de guiá-la com segurança nas situações que a amedrontam. Mantenha a guia sempre frouxa, principalmente nos momentos em que ela possa ficar atemorizada.

Terminada a caminhada, leve a cadela ainda cansada até um lugar ou pessoa que lhe cause reação de medo. Quando o local ou pessoa estiver visível, mas em distância que ainda não provoque receio, segure um pouco de comida na mão. Deixe que a cadela a fareje bastante, para ficar focada no cheiro e não no que lhe causa medo. Depois disso, entregue a comida para ela com o objetivo de criar associação positiva.
Ao longo dos dias, enquanto a cadela estiver focada no cheiro da comida na sua mão, aproxime-se mais um pouco do que a deixa com medo. Essa técnica resultará em ela ficar gradativamente cada vez mais perto do que a atemorizava, sem deixar de se manter tranquila.

Em caso de medo grave, que possa resultar em agressividade e risco para as pessoas, a recomendação é consultar um especialista em comportamento canino.

Biólogos Dr. Gustavo Agostini e MSc. Tanara Ribeiro, especialistas em comportamento canino pelo curso de psicologia canina de Cesar Millan, Cheri Lucas e Brian Agnew, em Los Angeles, Estados Unidos, e anfitriões do Lucas Agnew Workshops no Brasil (www.facebook.com/packsway).
Veterinário: Médico Veterinário
Data: 2016-01-20