Sintoma pode indicar uma série de doenças, não somente problemas gastrointestinais, então, é preciso ficar atento!
A diarreia pode até ser um sintoma comum dos cachorros, mas isso não significa que seu aparecimento requer poucos cuidados. Justamente por ser um sinal comum a várias situações adversas à saúde do nosso pet, ela pode significar desde algo mais simples a ser tratado até a ponta do ice-berg de uma doença mais grave. Além disso, ela não é, necessariamente, indicação de um problema gastrointestinal. Como exemplifica a médica-veterinária gastroenterologista Laís Ribeiro Horta, um paciente com alterações e doenças renais, como a Doença Renal Crônica, pode apresentar bastante diarreia.
O método mais fácil para identificar a diarreia é analisando as fezes do animal. O problema causa alterações na aparência delas e às vezes até no odor, e elas se mostram mais pastosas ou até líquidas. Dependendo das causas, elas também podem aumentar de volume. “Aquela diarreia em jato e volumosa, com alimentação não digerida, indica que o problema está no intestino delgado. Já quando a situação acomete o cólon, podemos ver nas fezes sangue e muco”, explica a gastroenterologista.
DIARREIA EM FILHOTES
Em filhotes que apresentam diarreia os quadros mais comuns são aqueles relacionados às verminoses ou agentes infecciosos, como as zoonoses criptosporidiose, uma infecção pelo protozoário Cryptosporidium, e a giardíase, causada pelo protozoário Giárdia – que habita o trato intestinal e pode infectar até seres humanos. “A parvovirose [doença viral altamente contagiosa que afeta diretamente o sistema gastrointestinal] também causa muita diarreia em filhotes, assim como o vírus da cinomose [doença infectocontagiosa que atinge primeiramente o sistema digestório, e posteriormente os sistemas respiratório e nervoso central, dificultando a respiração e coordenação motora]”, conta Laís. Muitas destas doenças podem ser evitadas com a vermifugação e a vacinação adequadas prescritas pelo médico-veterinário. Laís aponta que a diarreia não é, necessariamente, mais grave em filhotes do que em adultos, uma vez que o que define isso é o prognóstico do paciente. No entanto, os mais novos são mais sensíveis. “Qualquer perda para eles é muito considerável, e uma diarreia pode baixar bastante a glicemia dos filhotes tornando o quadro de saúde deles delicado. Além disso, a parvovirose, comum entre eles, é bastante grave e pode levar a óbito”, completa.
POSSÍVEIS CAUSAS
Como dito, a diarreia pode ser um sintoma de muitas situações ou doenças diferentes. Uma delas é a hipersensibilidade alimentar, que requer o uso de alimentos hipoalergênicos no tratamento. Algumas raças têm predisposição para problemas que causam diarreia. “Por exemplo, o Pastor Alemão tem tendência a ter Insuficiência Pancreática Exócrina, que reflete no intestino delgado. Mas a causa mais comum que identifico no meu dia a dia como gastroenterologista é a Doença Inflamatória Intestinal. Algumas raças também têm tendência a tê-la, como Bulldog Inglês, Buldogue Francês, Shih Tzu, Yorkshire, mas até os Sem Raça Definida podem desenvolvê-la. A Linfangiectasia é outra doença comum na minha rotina, e acomete principalmente Yorkshire, Pastor Alemão e Maltês. É bem mais grave e provoca bastante diarreia e perda de peso”, detalha Laís, que não descarta outros problemas que não têm relação direta com o aparelho gastrointestinal como causas desse sintoma, como o câncer ou a diabetes. Verminoses também estão no topo da lista. “Por isso é fundamental que sejam feitos exames básicos, como o de fezes, de sangue e ultrassom abdominal para determinar um diagnóstico”, alerta a veterinária.
QUANDO PROCURAR O VETERINÁRIO?
Para Laís uma diarreia deve ser sempre motivo de atenção para o tutor do animal de estimação. “O meu conselho é: caso você perceba a diarreia no seu cãozinho, leve-o ao seu veterinário de confiança, seja um clínico geral ou diretamente no gastroenterologista. Quanto antes ele receber um diagnóstico e, se necessário, um tratamento, melhor”. A veterinária frisa sobre a importância de não recorrer a remédios ou mesmo tratamentos naturais sem a prescrição e acompanhamento de um médico-veterinário. “Antes de mais nada, precisamos descobrir o que está causando a diarreia. Os motivos podem ser muito variados e temos que tratar a causa, não o sintoma”, alerta Laís, que ainda enfatiza que só o médico-veterinário vai conseguir identificar o quanto o animal já está desidratado devido ao quadro, se é mais leve ou mais grave. Ainda existe uma desidratação subclínica, aquela que não é muito perceptível nem no exame clínico, por isso a importância de uma avaliação responsável. “Ao apalpar o pet, o veterinário também pode avaliar se ele está com dor e, se sim, onde. Mesmo casos agudos de diarreia, ocasionados por uma intoxicação alimentar, por exemplo, quando o cachorro com e um chocolate, podem exigir uma intervenção imediata como internação”, finaliza.
Agradecemos a colaboração de Laís Ribeiro Horta, Médica-veterinária pós-graduada em Gastroenterologia de cães e gatos pela Associação Nacional de Clínico Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa).
Por Aline Guevara
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