Enriquecimento ambiental sem mistérios

Confira dicas de como proporcionar um dia a dia mais divertido para a sua ave e deixar o tédio bem loge dela.

Foto de Herney por Pixabay

É comum as pessoas procurarem garantir o bem-estar de suas aves buscando informações sobre como fazer a manutenção delas. Nessas pesquisas, além de orientações sobre manejo, dieta e tipos de recintos, são encontradas propostas de “enriquecimento ambiental”, expressão que significa, basicamente, tornar o dia dos nossos animais mais interessante. Mas, ao se tentar usar artifícios com essa finalidade, convém seguir algumas premissas e agir com cuidado, já que más interpretações e simplificações podem causar mais estresse que soluções, e até mesmo colocar em risco a vida das aves.

Segurança em primeiro lugar:

Todo animal deve ser protegido por seus tutores humanos. Ao se estabelecer um programa de enriquecimento ambiental, é preciso garantir a segurança da ave levando-se em conta diversos aspectos.

Respeito à individualidade:

Cada animal é único. Por mais que determinado enriquecimento ambiental costume funcionar bem com indivíduos da mesma espécie, nem sempre será a melhor alternativa para o exemplar que temos em casa.

Brinquedos de baixo risco: 

A recomendação é optar por brinquedos de madeira natural. Não se deve oferecer objetos de couro (a curtição emprega muitos produtos tóxicos) nem de metal entortável (a ave poderáse machucar) ou que solte farelo prateado ou dourado (ambos tóxicos) e nem guizos, pois podem ficar presos na língua ou bico da ave, causando problemas sérios. A cor precisa ser fundida no processo de fabricação (nunca pintada, pois a tinta é tóxica). As miçangas não devem se quebrar com bicadas. Cuidado com cordas e cordões (podem estrangular ou soltar fiapos).             

Resguardo às limitações de vôo:

Ave que não sabe voar ou que tem asa aparada pode sofrer fortes traumas ao dar voos rasantes e bater em janela de vidro ou em automóvel, assim como pode ser levada por corrente de vento muito mais longe do que o esperado.

Alimentos seguros:

O mesmo padrão de higiene dos alimentos adotado para o consumo humano deve ser aplicado com as aves, de modo a evitar contaminação com parasitas. Isso inclui lavar os vegetais, as sementes e qualquer outro alimento oferecido. A comida industrializada tem de ser de confiança, produzida por fábrica registrada no Ministério da Agricultura, vendida em embalagem lacrada. As melhores rações são elaboradas sem haver contato humano com os insumos.

 

Foto de Miguel Sá/BEAnimal

Conhecer os hábitos naturais:

A melhor maneira de saber quais tipos de estímulos oferecer para proporcionar diversão e bem-estar à ave é saber como a espécie interage com o ambiente natural. Uma boa fonte para esse tipo de informação são os documentários da televisão. O YouTube se sobressai pela possibilidade de visualizar o comportamento natural da espécie no momento em que se deseja e por mostrar que pessoas em geral, e não apenas os biólogos dos bons zoológicos, querem que seus animais sejam felizes. Por exemplo, saber que as Araras gostam de se pendurar pelo bico em galhos de árvores sugere a possibilidade de oferecer poleiros que permitam esse comportamento. É útil descobrir que os Canários machos têm predisposição natural para aprender a cantar como forma de desafiar outros machos na disputa por território e por fêmeas, bem como para passar informações ao bando sobre presença de predador ou disponibilidade de comida, por exemplo. Quem sabe isso, pode ensinar uma melodia da espécie ao Canário jovem colocando perto dele um exemplar mais experiente ou tocando um CD para ele. Pode também motivar o Canário adulto a cantar, com um outro macho da espécie no campo visual dele.

Estimular a atividade física:
Na BEAnimal, minha empresa de educação ambiental e consultoria de comportamento de animais, todas as aves praticam voo livre duas vezes por dia.
Na impossibilidade de exercitar voo livre, a recomendação é ter um viveiro grande, onde a ave possa se locomover bastante. Outra opção é organizar passeios da ave pela casa, em horários específicos. Há 30 anos, meu pai adotava a prática bastante inovadora na época de abrir diariamente a gaiola do nosso Pássaro Preto para que voasse pela casa, com as janelas fechadas. Quando ele estava cansado ou com fome, voltava para a gaiola onde comia, descansava e recebia carinhos na cabeça, dos quais tanto gostava.

O exemplo da Disney:
Em recente visita ao Sea World, em Orlando, na Flórida, fiquei muito feliz ao ver a “Parada dos Flamingos”. Trata-se de um grupo de Flamingos que caminha entre os visitantes ao lado de seu treinadores, com toda a segurança, enquanto as pessoas tiram fotografias e interagem. Já no Disney’s Animal Kingdom observei que, no mesmo parque, as Araras e outras aves são exercitadas com grandes voos. No horário da abertura, pude ver Araras voando por um longo período antes de começarem as apresentações. Recentemente, o gerente de palco onde essas apresentações são feitas, me enviou um vídeo com a mais nova rotina: 24 Araras voando juntas desde o palco até o início do parque e voltando para participar de uma apresentação didática. Além de ser uma cena linda, é muito estimulante para as aves.

Disney’s Animal Kingdom e Miguel Sá/BEAnimal respectivamente

Contato social:

O contato social também pode ser estimulante para a parte das aves que é sociável e precisa de contato físico positivo para se manter mentalmente saudável. A maioria dos psitacídeos, entre eles as Araras, Papagaios e Periquitos, é muito sociável e necessita ter esse contato. 
Sempre recomendo que a ave tenha a companhia de outra ave, de preferência da mesma espécie. Se for de outra espécie, há risco de acidente, apesar de toda regra ter exceções. É importante que a ave amiga seja de tamanho parecido, já que portes muito diferentes estão sujeitos a grande risco de acidentes durante as brincadeiras, às vezes até fatais.
Quando se têm aves da mesma espécie ou que possam se reproduzir gerando híbridos, é preciso estar atento à legislação. Talvez não seja permitida a reprodução sem ter registro no órgão competente como criador amador ou profissional.
Outras aves são solitárias. Nesse caso, para facilitar o tratamento, a aceitação do contato humano pode ser ensinada e o enriquecimento ambiental poderá ser feito estimulando comportamentos solitários. Entre eles estão os exercícios de caça, interessantes para Corujas; de busca de objetos, apreciados por Gaviões, e de canto, motivadores para os Canários e Sabiás.
É possível estimular a defesa de território, como acontece na Natureza, com pequenas intervenções diárias. Proporcionar esses estímulos regularmente pode ser positivo para manter a mente da ave alerta, mas é preciso ter cuidado quando ela estiver voando livremente dentro de casa para que visitas não sejam atacadas, o que poderia causar certo constrangimento. Os Gansos são famosos por defenderem seus territórios, mas aves menores, como as Jandaias, também podem causar ferimentos em visitantes se não tiverem o território delas muito bem definido pela família humana. 

Agradecemos a colaboração de Yuri Domeniconi, biólogo consultor de comportamento animal há 10 anos, resolvendo problemas comportamentais de animais. Já trabalhou em instituições zoológicas em Portugal e no Brasil e hoje presta consultoria on-line pelo site www.BEAnimal.com.br

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Reportagem e coordenação de imagens: Samia Malas • Revisão de estilo: Marcos Pennacchi • Texto: Marcos Pennacchi e Samia Malas

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