Exotic Bully: o extremo dos cães

Conheça peculiaridades dessa raça recente na cinofilia, mas já cheia de fãs

Fotos: Guilherme Villaboim/ Cão: Liu Hope/ Canil GV Bullie

Ele tem aparência exótica. “Um fenótipo que não se encontra em outra raça”, diz Guilherme Villaboim, do canil GVBullie, de Campinas-SP. “O Exotic Bully é baixo e compacto, com focinho curto, bastante ossatura e pernas bem reduzidas, que o deixam muito próximo ao chão”, conta Lauro Mello, do canil Bully Campline Brazil, de São Paulo. “São cães pesados, impactantes, de corpo bem desenhado por músculos e cara de malvados”, diz Cadin Menezes, do XB Kennel, de Belo Horizonte. “Essa expressão de mau gera um incrível contraste por ele ter baixa estatura e temperamento muito carinhoso”, comenta Beatriz Taques, do canil Sunshine Bulls, de Teresópolis-RJ

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ORIGEM
Em 2008, alguns criadores norte-americanos de American Bully começaram a desenvolver o Exotic Bully. “Há canis que usaram apenas o American Bully, que é muito heterogêneo, enquanto outros utilizaram em suas cruzas o Shorty Bull (mistura de raças), o Bulldog Inglês e o Buldogue Francês, procurando gerar um cão exótico, de tamanho menor, mais musculoso, com peito mais largo e cabeça maior que o American Bully”, explica Guilherme. “A busca pelo cachorro impactante, de muito volume corporal e imponente precisou passar por algumas inserções de outras raças do tipo bull, como o Olde English Buldogge e o Bulldog Americano”, afirma Cadin. “O criador normalmente considerado o pai da raça é o Jorge Soto, dos Estados Unidos. Sou representante do canil dele aqui no Brasil”, informa Lauro. “O movimento Exotic Bully foi abraçado pelo Jorge, um dos maiores responsáveis pela difusão da raça no mundo por meio do seu famoso cão Mr. Miagi. Mas o primeiro a usar o termo Exotic Bully foi Juan Gomez, do canil Garden State Bullyz”, acrescenta Cadin. “Eu até já comprei um exemplar do Juan Gomez, há muito tempo, e acho que fui o único brasileiro a adquirir um cão diretamente dele”, diz Guilherme, que complementa: “No início da década passada, eu também trouxe outros cães Exotic Bully, como o Knox e o Hash. O Knox é inclusive filho do Bape, considerado o melhor Exotic Bully do mundo depois do Mr. Miagi. Bape nasceu no canil Interstate Bullys”.
Tempos depois, Jorge fundou a International Bully Registry (IBR), que lida com todos os cães bully, incluindo o Exotic.

Foto: Arquivo do criador (canil GV Bullie)/Cão: GV Bullie Pepper – Exotic Bully fêmea da cor marrom (chocolate)
Foto: Arquivo do canil Bully Campline Brazil/Cão: Cujo – Focinho curto e largo, traço típico da raça

SUCESSO MUNDIAL
“Os eventos da IBR são muito bons e eu inclusive participei da organização do primeiro deles no Brasil, em 2017”, conta Lauro. Beatriz, atual presidente da International Bully Coalition (IBC), entidade também organizadora desse evento em 2017, relata: “Fui a um deles na Califórnia, promovido pela IBR, e pude testemunhar que mobiliza uma imensidade de gente. Eles são comumente chamados de eventos de mesa, pois os cães são colocados de frente em cima de uma mesa, e aí o juiz avalia a tipicidade, sem observar movimentação e outras características.” Aí escolhe o seu preferido. “O que não significa que é o melhor cão entre eles. Trata-se de um evento para diversão, não à toa também é chamado de Fun Show”, pondera Guilherme. Beatriz, que junto do marido Bruno Monteiro trouxe a IBC para o Brasil (a entidade havia sido fundada em 2007), relata: “Na IBC, há pista para julgamento de exemplares da raça na qual a estrutura e a movimentação são analisadas em detalhes. O Exotic Bully deve, ainda que dentro da limitação do seu tipo físico, movimentar-se bem e ter respiração de qualidade. Outras entidades também organizam tais exposições, como a própria IBR e a American Bully Registry (ABR)”. Guilherme explica: “Nos Estados Unidos, existem várias associações e, assim como no Brasil, há tanto os eventos de pista quanto os de mesa, que são diferentes. Mas nem o ganhador de pista nem o de mesa tem influência na raça. Simplesmente naquele dia o juiz avalia o cão como o mais belo ou o mais correto no momento. A criação de Exotic Bully não é movida só por exposições. Os mais conhecidos exemplares da raça não participam delas. Por exemplo, nem o Mr. Miagi nem o Bape foram ganhadores de eventos de mesa ou algo do tipo. Eles tampouco competiram nesse tipo de disputa. São famosos pela aparência. Desde o início do Exotic Bully nenhum dos seus maiores ícones foram campeões de pistas. O que realmente movimenta a raça são características como musculatura, beleza e outros fatores”.
Guilherme afirma que, além dos Estados Unidos, a China conta hoje com uma criação muito forte de Exotic Bully. “Eu, inclusive, trouxe de lá para o Brasil dois cães da raça, Liu Hope e Bentley. Por enquanto, sou o único brasileiro a importar exemplares da raça daquele país”, relata Guilherme. “A China é realmente outra potência quanto ao Exotic Bully”, confirma Beatriz.
Em vários países da Europa (como Espanha e Itália) e em nações perto da China (caso de Coreia do Sul, Japão e Tailândia), há também muitos cães da raça. Quanto ao Brasil, Beatriz afirma que a aquisição desses cães está aumentando. “Hoje em dia, o Exotic Bully se tornou moda em nosso país”, diz Cadin. Guilherme estima que existam mais de 100 criadores da raça hoje. “Mas muitos ainda o criam como sendo American Bully”, informa.

Foto: Arquivo do canil GV Bully/Cão: Liu Hope
Foto: Arquivo do canil GV Bullie/Cão: GV Bullie Mini Propane – Pernas curtas que o deixam muito próximo ao chão: característica típica da raça

AMERICAN BULLY X EXOTIC BULLY
Beatriz explica que algumas associações, como o American Bully Kennel Club, ainda não reconhecem o Exotic Bully como raça separada do American Bully. “Com isso, muitos cães com físico de Exotic Bully acabam tendo pedigree de American Bully, enquanto várias outras instituições (caso da IBC, da IBR, da ABR e do International Bully Kennel Club) já reconhecem o Exotic Bully separadamente”. Ela acrescenta: “A IBC foi pioneira em identificar uma grande quantidade de cães já apelidados de Exotic Bully e que claramente não pertenciam mais à raça American Bully. Assim, em 2016, os separamos e passamos a orientar os criadores/tutores desses exemplares para a migração da documentação para Exotic Bully, e está havendo uma conscientização nesse sentido”.
Guilherme afirma: “O Exotic Bully possui características exóticas que não são encontradas no American Bully tradicional, como focinho mais grosso, frente mais ampla e mais musculatura, entre outras”. Beatriz acrescenta: “O Exotic Bully tem membros mais reduzidos, cabeça mais volumosa e maior incidência de prognatismo se comparado ao American Bully”. Se já existia o American Bully, por que então o Exotic Bully foi criado? Guilherme explica: “O Exotic Bully foi desenvolvido por criadores de American Bully como uma vertente da raça com o objetivo de gerar um cão de tamanho menor com características exóticas, tais como focinho mais curto e cabeça com mais stop”. Este último termo se refere ao ângulo formado entre o focinho e a testa.

CLEAN EXOTIC
“Pela IBC, existe o Exotic Bully pocket, com até 42 cm, e o Exotic Bully micro, com até 35 cm. Mas criadores vêm buscando diminuir o tamanho apelidando os cães abaixo de 28 cm de ‘nano’”, diz Beatriz. Outra nomenclatura atual é a Clean Exotic, criada em 2012 por criadores do mundo inteiro (mas, em sua grande maioria, dos Estados Unidos) preocupados em ter um cão com características exóticas, mas saudável e correto dentro desses aspectos. “Alguns canis da raça não se conformavam com certas linhas de sangue que geravam cães doentes. Passaram a selecionar exemplares mais aprimorados, buscando obter cachorros que, além de impactantes, possuíssem boa movimentação e melhor qualidade de vida, por meio de uma boa condição de saúde”, explica Cadin, que mantém o canil junto das sócias Milla Couri e Juliana Barbosa. “O nosso foco de trabalho são os exemplares de Exotic Bully micro com essa aparência mais ‘limpa’”, completa. “Eu e outros criadores preocupados com questões como movimentação e estrutura utilizamos a nomenclatura Clean Exotic para designar exemplares com as características típicas do Exotic Bully e correções significativas, como menos problemas de saúde”, relata Guilherme, cujos cães são Clean Exotic. Ele também explica: “O American Bully micro e o Exotic Bully de menos de 33 cm são muito similares, mas o primeiro é basicamente um American Bully com tamanho menor, enquanto o Exotic Bully possui as características mais extremas relacionadas ao focinho e ao peito, entre outras”.

Foto: Arquivo do XB Kennel – “Com outros cães o Exotic Bully exibe docilidade insuperável e nível de agressividade que beira a zero”, garante Beatriz
Foto: Arquivo do canil GV Bullie/Cão: GV Bullie Mini Propane – O Exotic Bully é um cão de companhia carinhoso, que adora as crianças

BEM APEGADO AO TUTOR
Guilherme comenta: “O Exotic Bully é extremamente apegado ao dono, gosta de ficar perto dele”. Cadin confirma: “São membros da família, que gostam de agradar seus tutores”.
Guilherme diz: “O Exotic Bully adora crianças”. Cadin confirma: “Esses cães são excelentes com elas”. Beatriz concorda: “Ele é muito recomendado para conviver com crianças”. Lauro corrobora e complementa: “São dóceis e bonzinhos não só com elas, mas com as pessoas em geral”. Cadin reforça: “Se mostram muito afetuosos com seres humanos”. Beatriz relata: “São carentes por receber atenção, até mesmo de um estranho, de qualquer idade, seja criança ou idoso ou adolescente – viram de barriga pra cima e pedem carinho”.
Beatriz afirma: “O Exotic Bully demonstra extrema docilidade no convívio em matilha a ponto de, nos canis, frequentemente machos e fêmeas serem mantidos juntos”. Lauro exemplifica: “Os machos não brigam nem mesmo por uma cadela no cio”. Beatriz ilustra: “Ocorre até de compartilharem maternidade”. Guilherme corrobora e acrescenta: “Diferentemente das demais raças bullies, ele se dá bem com outros cães e também com gatos e qualquer outro bicho. O Exotic Bully adora a convivência com outros animais”. Cadin concorda: “São realmente sociáveis com outros bichos”.
Para Guilherme, os ambientes ideais para exercitar um Exotic Bully são justamente os parquinhos e pracinhas com outros cachorros. “Ele vai se dar muito bem com os outros cães de lá, além de brincar e dar pequenas corridas para pegar bolinha, por exemplo. Aí, depois de cerca de 10 minutos, para, descansa e brinca de novo por outros 15 a 20 minutos e já fica quieto novamente. Por ser musculoso e pesado, o Exotic Bully se cansa com facilidade. Muito tranquilo, pode morar facilmente em apartamento e não é para longas caminhadas”. “Lógico que é bom que o tutor faça uma brincadeira com ele, mas, pacato, não exige atividade física”, acrescenta Beatriz.

Foto: Arquivo do canil Bully Campline Brazil/Cão: Don – Excelente opção de cão para ser mantido dentro de casa, o Exotic Bully não é para longas caminhadas
Foto: Arquivo do XB Kennel – O Exotic Bully é extremamente afetuoso com o dono e não serve para a guarda: recebe muito bem pessoas em geral
Foto: Arquivo do canil Bully Campline Brazil – Ração super premium é imprescindível durante a fase de desenvolvimento, que vai até 1 ano e meio de idade

MANUTENÇÃO
Basicamente, além de alimentar o Exotic Bully com ração super premium, os dois maiores cuidados com a raça referem-se à boa escolha do piso e a resguardá-la do calor extremo. “Por ser muito pesado, se a temperatura estiver muito alta, ele vai passar mal no caso de o tutor levá-lo no carro ou a uma praça e quiser que fique andando”, relata Guilherme. Beatriz comenta: “Eu nunca perdi Exotic Bully por causa do calor. Mas, considerando os tipos menores e mais compactos, é preciso realmente tomar cuidado, pois é um cão muito volumoso, com focinho curto (e, consequentemente, com baixa eficiência na troca de calor). Assim, o tutor de um Exotic Bully deve fugir dos horários mais quentes do dia quando for passear com ele”. Já o piso deve ser antiderrapante ou de outro tipo que não o faça escorregar, “o que, em um cão robusto como ele, pode acarretar a chamada ‘frente francesa’, na qual as patas ficam viradas para os lados”, conta Guilherme.

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Colaboraram com a matéria:
International Bully Coalition – (21) 99792-4307, www.ibcdogs.com.br, Instagram: @ibc.dogs

Nossos agradecimentos:
Beatriz Taques, canil Sunshine Bulls – (21) 96720-0515, [email protected], www.instagram.com/sunshinebulls_

Guilherme Villaboim, canil GVBullie – (19) 99691-9140, www.microbullie.com, Instagram/Facebook: @gvbullie

Lauro Mello, canil Bully Campeline Brazil – (11) 91290-1975, Instagram: @thebullycampeline_brazil, Facebook: Lauro Mello

Cadin Menezes, Milla Couri e Juliana Barbosa, XB Kennel – (31) 99741-2992, www.xbkennel.com.br, [email protected], Instagram: @americanbullymicro e @xb.kennel, Facebook e YouTube: xbkennel


Por Fabio Bense



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