Lago ornamental: cantinho de beleza e paz

Ouvir som de cachoeira e contemplar peixes em águas cristalinas são possibilidades para quem tem lago ornamental, mesmo que seja no quintal de casa
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Mercado em franca expansão, os lagos ornamentais já decoravam e valorizavam jardins em palácios do Oriente há mais de mil anos. No Ocidente, de algumas décadas para cá esses recantos aquáticos começaram a aparecer em parques públicos e a se multiplicar em ambientes domésticos. Nos anos 1990, o fenômeno despontou no Brasil e se popularizou na última década, com o surgimento de produtos específicos e de diversas empresas especializadas no ramo. Informações de qualidade sobre como obter sucesso nessa empreitada se disseminaram em nosso país, em sites especializados, livros e matérias em revistas. Lago ornamental

Manta impermeável:

O primeiro passo para criar um lago ornamental é impedir que a água contida nele seja absorvida pelo solo. Entre as maneiras de conseguir isso estão a alvenaria, o concreto e os pré-moldados em fibra de vidro, PVC ou outro material sintético.
Mas a tecnologia mais usada no momento é a da manta sintética, conhecida também como liner ou geomembrana. O modelo de manta mais difundido em lagos ornamentais é o de borracha EPDM (Ethylene-Propylene Diene Monome). Opções de qualidade semelhante são as de polietileno reforçado RPE (Reinforced Poly Ethylene), de polietileno de baixa densidade LDPE (Low Density Poly Ethylene) e de borracha butílica. Todas essas mantas são atóxicas e costumam também resistir por pelo menos 20 anos à radiação solar, detalhe fundamental já que os raios UV (ultravioletas) deixam a manta suscetível a trincas e rasgos espontâneos. Outra qualidade dessas mantas é serem bastante elásticas, o que permite ajustá-las perfeitamente ao relevo do solo.
Outros modelos de manta sintética são feitos com policloreto de vinila PVC (Poly Vinyl Chloride). Normalmente mais baratos, não têm elasticidade. Além disso, as mantas de PVC devem ser pesquisadas cuidadosamente, pois algumas são tóxicas para peixes e nem todas têm proteção contra raios UV.
Antes de fazer a aplicação da manta ou liner, coloca-se uma camada de areia peneirada sobre o solo. Por cima vai o chamado underliner, material de tipo feltro que serve para proteger a manta de perfurações. Por sua vez, em cima dessas camadas, coloca-se a manta.
A tecnologia pode ser utilizada para desde o menor lago, com poucas dezenas de litros, até o maior açude, com centenas de milhares de litros. Isso só acontece graças à possibilidade de as mantas serem coladas umas às outras. Essa modularidade facilita também a armazenagem, o transporte e a colocação.

Paisagismo:

Concluída a impermeabilização do solo, a próxima etapa é a montagem dos equipamentos para o perfeito funcionamento do lago. É feita também a colocação dos elementos decorativos, como rochas, plantas, cachoeira, chafariz, etc., para obtenção de um visual agradável e harmônico do conjunto e de cada parte, bem como das imediações.

Filtragem:

Nos lagos ornamentais não há renovação natural da água. Por isso, a tendência é que ocorra o acúmulo de restos de alimentos dos peixes, de excrementos deles e de outros poluentes. O resultado é que a água fica cada vez mais suja. Para evitar esse quadro, é imprescindível a filtragem initerrupta, caso contrário o desempenho do lago poderá ser insatisfatório.
Jamais se deve trabalhar com fi ltragem insuficiente ou limitada. Os filtros precisam ser adequados e projetados para o volume de água a ser purificada. Cuidado com as “gambiarras” feitas com o reaproveitamento de materiais. Atenção também aos filtros destinados a outros fins. Evidentemente, não conseguirão produzir resultados satisfatórios a médio e longo prazo, período que deve ser considerado nos investimentos em lagos ornamentais. Em outras palavras, cuidado com o velho “barato que sai caro”.
As bombas de água também desempenham papel importante. Dependendo do tamanho e necessidades do lago, determina-se quantas bombas serão usadas. Pode bastar uma ou haver necessidade de várias para o adequado bombeamento da água até o sistema de filtragem e para melhorar a circulação e a distribuição das correntes dentro do lago. Com isso, aprimora-se o desempenho do filtro, evitam-se pontos “mortos” sem circulação e é aumentada a oxigenação da água.
O emprego de chafariz ou a construção de cascata aprimoram ainda mais as trocas gasosas e o incremento de oxigênio na água, melhorando o ambiente e a saúde dos peixes. O chamado “filtro” UV na realidade deveria ser conhecido como esterilizador UV, já que o equipamento não filtra. Sua função é matar as algas em suspensão que passam dentro dele, expondo-as à luz ultravioleta tipo C (UV-C), comprimento de onda mortal para elas. A esterilização evita o esverdeamento da água, conseguindo mantê-la cristalina.

Qualidade da água:

Se a água que chega ao lago não for propícia para a vida dos peixes, será necessário tratá-la. O tratamento inicial é feito antes de os peixes serem introduzidos e depois de o lago estar cheio (etapa seguinte à da instalação dos equipamentos e dos testes para assegurar o funcionamento). Posteriormente, cada vez que for adicionada água ao lago deverá ser tratada, especialmente quando houver peixes.
Em lagos mantidos com água proveniente da rede pública, é preciso retirar o cloro. Esse composto é agressivo às brânquias dos peixes a ponto de destruí-las e, com isso, matá-los. Para a eliminação do cloro, adicionam-se à água produtos específicos, normalmente preparados líquidos de fácil aplicação e resultado imediato.
É preciso também monitorar alguns indicadores físico-químicos da qualidade da água, como o grau de acidez (pH), da “dureza” de carbonatos ou KH (capacidade de estabilizar o pH), a mineralização (GH ou TDS; sólidos totais dissolvidos) e a presença de compostos nitrogenados e fosfato. Manter esses parâmetros sob controle evita prejuízos à saúde dos peixes.

Água estável:

Quando a água estiver adequada para o uso, antes de serem colocados nela os peixes, é preciso que haja um sistema de filtragem biológica efetivo. Seu funcionamento consiste na ação de microrganismos, essencialmente bactérias. Elas detoxificarão compostos nocivos aos peixes presentes na água, gerados principalmente por eles (fezes, urina e amônia) e pela decomposição bacteriana de compostos orgânicos. Essas bactérias benéficas se desenvolvem por todas as superfícies encontradas no lago, como o liner, as plantas e eventuais grãos de cascalho no fundo. O correto é criar condições para que as bactérias do filtro biológico se concentrem e se desenvolvam. Isso deve acontecer especialmente no interior do sistema de filtragem, sobre os chamados materiais ou mídias filtrantes biológicas e dentro deles. Para potencializar e apressar o processo, há produtos que se colocam no lago e nos filtros com concentrados dessas bactérias, fruto de pesquisa em biotecnologia. Podem ser encontradas no comércio especializado, conhecidos popularmente como condicionadores ou “aceleradores biológicos”, prontos para o uso.

Peixes:

Foto divulgação

Após aplicar o condicionador biológico, pode-se começar a introduzir os peixes. Mas o procedimento deve ser feito de acordo com a orientação do fabricante do condicionador. Geralmente há indicação de uso de novas dosagens do produto. Não seguir essa recomendação pode colocar os peixes em perigo, deixando-os sujeitos a intoxicação por substâncias não detoxificadas.
Nunca se põe de uma só vez no lago todos os peixes que ele comporta. Aliás, calcular corretamente a quantidade máxima viável é importante. Não há equipamento ou produto que solucione os intermináveis problemas de lagos superpovoados. O limite dependerá de variáveis como o tamanho dos peixes quando adultos, a qualidade e a quantidade de ração que planejamos oferecer, o sistema de filtragem utilizado. Pela complexidade do cálculo, é recomendável realizá-lo com a ajuda de assessoria especializada.
Geralmente, cada introdução de peixes no lago corresponde a 10 a 15% da capacidade máxima viável. Deve ser acompanhada diariamente por aplicação de condicionador biológico e de testes da água, que permitam estar a par da evolução das concentrações de amônia e de nitrito.
Em geral, a amônia sobe de início. Quando começa a cair, surge o nitrito e, entre 7 e 10 dias, ambos estão com valor zero se as condições de montagem e manutenção do lago forem perfeitas. Sem condicionador, o intervalo entre as introduções de peixes pode aumentar para 30 a 40
dias.

Nishikigoi:

Os peixes mais recomendados para lagos ornamentais são as carpas Nishikigoi ou Koi. Com cores e formas padronizadas, correspondem a carpas com “pedigree”. São muito bonitas, com ampla variedade de cores e padrões, calmas, relativamente rústicas e simples de manter.
Existem excelentes alimentos industrializados específicos para esses peixes, com comprovados resultados de ganhos de crescimento, saúde e cores, o que facilita a alimentação.

Agradecemos a colaboração de Vladimir Simões, que é consultor técnico da Aquarium Group Importadora e Distribuidora de Produtos para Aquários e Lagos desde 2005.
Já ministrou mais de 500 cursos, palestras e treinamentos em lojas e para hobbistas em todo o Brasil.

Coordenação de imagens: Marcos Pennacchi e Samia Malas. Revisão de estilo: Marcos Pennacchi

Lago ornamental


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