Lhasa Apso: será que ele é para você?

Descubra como fazer o exemplar desta raça conviver feliz e sadio com seu tutor

Foto: Thábia Padoin/ Cães: Axeram Manahem (filhote) e Ragnar Rufkins Monarch Lions Amodeo’s/ Ambos do canil Lions Amodeo’s
Lhasa Apso: ideal para quem gosta de raças mais independentes e de pelagem exuberante

Antes de ter qualquer cão, é primordial que o tutor considere que o companheiro canino precisará de cuidados específicos. O novo membro da família necessitará, por exemplo, de alimentação adequada para cada fase da vida. E se a raça, em se tratando de cães típicos, exibe pelagem tão longa a ponto de atingir o chão, irá requerer cuidados de manutenção regulares, como banho e escovação. Esse é o caso do Lhasa Apso, que apresenta também outras peculiaridades, inclusive comportamentais. “O perfil ideal de tutor de um exemplar da raça é o da pessoa que queira um cão que goste de afago, mas não em excesso”, comenta Marli Amodeo, do canil Lions Amodeo’s, de Porto Alegre. ”É aconselhável que o proprietário de um Lhasa Apso seja alguém que não busque uma companhia extremamente carente. Embora aprecie afeto, o Lhasa jamais será muito festivo e, devido a sua autoconfiança, pode passar longos períodos sozinho”, completa Guilherme Berredo, do canil Axeram, de São Luís. “O exemplar desta raça é independente, não exige a presença dos donos o tempo todo”, ratifica Thatiana Augusto, do Cuccioli Kennel, de São Paulo. “Ele dorme durante o dia enquanto a família está em trabalho externo”, afirma Saulo Ceolin, do canil Lhasa’s do Sul, de Caxias do Sul, RS.
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Foto: BICHOPRΛSEMPRE/Criador: canil Lhasa’s do Sul
O Lhasa, por não ser dado a muitos chamegos, jamais será impertinente

ESCOLHA DO EXEMPLAR
É fundamental pesquisar a procedência de um Lhasa – ela interferirá, por exemplo, no comportamento dele dentro de casa. “Quando oriundos de uma criação séria, esses cães são fortes e saudáveis, frequentando o veterinário normalmente apenas para vacinas anuais. Mas não só a boa saúde e o comprimento da pelagem são reflexos da genética – o temperamento equilibrado também”, afirma Saulo. “Já há algum tempo, tem sido feitas, na criação da raça no Brasil, cruzas sem critérios, causando divergências nas características, incluindo as comportamentais. Por isso é muito importante adquirir exemplares de criadores sérios, sempre em busca do aprimoramento genético do plantel”, conta Marli. Guilherme reforça: “Deve-se garantir que os cães adquiridos sejam de linhagem confiável, de canil que segue o padrão racial estabelecido, evitando-se, assim, conflitos relacionados à identificação – muitos ainda confundem o Lhasa com o Shih Tzu”. Saulo acrescenta: “O Lhasa também levará consigo a educação que aprendeu com o criador – o proprietário terá apenas de manter essa rotina com base nas diretrizes passadas pelo canil”.

Arquivo do canil Axeram/Cadela: Gr.Ch.Pan. Axeram Caneleone Andrômeda
O Lhasa típico possui comprimento dos ombros até a traseira maior que a altura na cernelha (ponto mais alto do dorso)

Foto: Arquivo da criadora (Marli Amodeo, canil Lions Amodeo’s)
O Lhasa vindo de canis sérios é dócil e adora crianças e, assim, adequado para o convívio com os filhos da família

ADAPTAÇÃO INICIAL
Na chegada de um cão ao lar do tutor, tudo é novo para ele. “O filhote não terá noção do espaço e precisará de um pouco de paciência até se familiarizar com o convívio com seu dono”, comenta Marli. “E o Lhasa Apso costuma ser tímido com pessoas novas. Então sempre falo que a primeira semana é de socialização à nova vida, por meio de muito carinho, colo, brincadeiras e deixando o filhote entender o funcionamento da casa em relação a horários. Lembrando que, por ter natureza tranquila, o Lhasa Apso preferirá um ambiente mais calmo ao agitado”, acrescenta Thatiana.

ESPAÇO
O Lhasa Apso tem porte pequeno. Com isso, a residência que irá alojar um exemplar da raça só precisa, quanto ao tamanho, ter uma área suficiente que possibilite ao tutor do Lhasa reservar um espaço específico para o cachorro (com sanitário canino e áreas de descanso e de alimentação, que conte com água fresca sempre à disposição). Ele deve ser delimitado por meio de um portão pet. Diferentemente do Saulo. “Se o filhote de Lhasa Apso ficar solto por toda a casa, ele certamente não vai acertar o lugar destinado para fazer suas necessidades fisiológicas”, diz Marli. Vale ressaltar que o Lhasa adulto geralmente não causa muitos problemas nesse sentido, especialmente se o sanitário canino for colocado perto da cama do exemplar e se o dono mantiver o local limpo. “O ponto forte desses cães no convívio é justamente a obediência com relação ao treinamento e educação para o convívio – eles respeitam os limites sobre o que podem e o que não podem fazer”, atesta a empresária Malu Melchiore, de Penha, SC, tutora dos Lhasas Boby, Hanna e Perseu, o mais novo.
O Lhasa Apso deve ter disponível um bebedouro de bilha, que conta com vedação no bico, de maneira que a água só sai quando ele o lambe. Evitam-se assim respingos que molham seus pelos do rosto – muita umidade nesta região pode causar problemas de pele. Já o recipiente de comida não deve ser de plástico. Guilherme recomenda os que são feitos de alumínio. “Em meu canil, o comedouro é de inox, por facilitar a limpeza. Os de plástico são grandes acumuladores de bactérias e liberam substâncias tóxicas para os alimentos”, afirma Marli.

Foto: Arquivo da criadora (Marli Amodeo, canil Lions Amodeo’s)
O Lhasa Apso típico tem temperamento equilibrado e costuma conviver bem com os outros cães da casa

Foto: Arquivo da criadora (Marli Amodeo, canil Lions Amodeo’s)
É importante fazer com que o exemplar da raça se socialize, tendo contato com outros bichos

POUCO ATIVO
O potencial tutor de um Lhasa Apso não deve considerá-lo como um companheiro para longas caminhadas. “O ideal são passeios curtos semanais, que já serão suficientes para esses cães”, diz Marli. Guilherme reforça: “A raça não é especialmente inclinada a caminhadas vigorosas e não se mostra muito propensa a atividades físicas. Apesar de brincalhão quando filhote, o Lhasa tende a se tornar bastante tranquilo com o passar do tempo, gostando de conviver principalmente ao lado de seu dono no sofá”. Thatiana relata: “De fato o seu nível de energia não é alto e basta gastá-lo com brincadeiras dentro de casa. A raça até as aprecia, mas na hora em que não quiser mais por estar cansada, vai se afastar e ficar no cantinho dela, e é importante respeitar esses momentos. Caminhadas externas nem são necessárias, e muitos exemplares inclusive não gostam delas”. A criadora acrescenta: ”Se o Lhasa Apso passa longos períodos sozinho, é conveniente que seu tutor deixe brinquedos à disposição, mas não que seja fundamental e sim apenas como meio de distração e entretenimento”. Um companheiro canino pode ser também bem-vindo para tal. “A convivência entre os meus três exemplares é ótima, eles se dão super bem. Hanna e Perseu, talvez por serem irmãos de sangue, não ficam longe um do outro”, relata Malu.
Por ser calmo e não exigir atividades físicas, o Lhasa Apso é especialmente adequado para pessoas que moram em apartamentos. “Ele realmente vive bem em um”, comenta Thatiana, que, independentemente do tipo de moradia, aconselha a se tomar cuidado com pisos muito lisos. “Eles podem causar problemas de locomoção”, justifica a criadora.


Foto: Arquivo da criadora (Marli Amodeo, canil Lions Amodeo’s)
O exemplar da raça é brincalhão quando filhote, mas com o passar do tempo se torna muito tranquilo

PELO LONGO
Em geral, a pelagem do filhote de Lhasa Apso começa a se assemelhar à de um ursinho entre os 45 e 90 dias, quando já está bem peludo. O pelo continuará a crescer gradualmente ao longo dos anos. “Com os cuidados corretos, boa alimentação e genética, ele cresce de 1 a 2 cm por mês durante toda a vida do cão”, ilustra Thatiana. “Alguns exemplares podem desenvolver pelagem longa o suficiente para alcançar o chão ainda na sua juventude”, informa Guilherme. “Em meu plantel há exemplares assim, como o Ragnar. Seu pelo atingiu o chão aos 9,5 meses”, relata Marli. “Tenho cães cuja pelagem alcançou o chão com 12 meses”, conta Thatiana. “Há Lhasas meus cujo pelo já chegava ao chão com 9 ou 10 meses”, assegura Saulo.
Como se vê, o tutor de um Lhasa Apso com aparência típica poderá ter que fazer a manutenção de uma pelagem abundante como cão ainda muito jovem. A frequência de escovação recomendada para deixá-la livre de nós é de no mínimo três vezes por semana, e a de banho, de dez em dez dias (já para um Lhasa que compete em exposições os banhos são semanais). Malu relata: “Os meus três Lhasas exibem pelagem longa, tomam banho toda semana e são escovados diariamente. Do contrário, ela pode embolar e ficar com aspecto ressecado e quebradiço”. Malu está tendo sucesso com tal cronograma de cuidados: “Há 10 anos, o Boby é garoto-propaganda de uma marca de produtos de higiene e beleza sustentáveis. Ele tem aparecido também na própria revista Cães & Cia, inclusive na capa. O Perseu, que veio do plantel do canil Lions Amodeo’s já com o título de reserva de Best in Show na classe inicial em exposição, foi capa de outra revista e, assim como Boby, é modelo”, ilustra ela. “Se o dono não tiver tempo para adotar tal frequência de escovação, terá que recorrer aos serviços de um pet shop para manter a pelagem do seu cão, seja com os pelos longos típicos ou com tosa que imite o estilo de um filhote”, conta Guilherme. “A tosa pode ser feita a cada dois ou três meses: os banhos passam a ser então quinzenais, e a frequência de escovação diminui para uma a duas vezes entre os banhos, dependendo se o Lhasa tosado fica apenas dentro de casa ou não”, informa Thatiana.
Pelo padrão da Federação Cinológica Internacional, diversas cores são aceitas, como dourada, areia, cinza-escura, preta, branca, amarronzada e particolor (branco como utra cor). A manutenção da pelagem é praticamente a mesma independentemente da coloração. A única exceção ocorre nos exemplares que exibem muito branco. Para não encardir, o tutor precisa tomar alguns cuidados: “Há produtos específicos para eles, como xampu clareador”, exemplifica Marli.

Foto: Johnny/Cadela: Gr.Ch.Pan. Axeram Caneleone Andrômeda/Criadores: Guilherme Berredo e Gisele Lopes/Propr.: Guilherme Berredo e Roberta Moretto
Entre 2,5 e 3 anos de idade, a pelagem de um Lhasa típico deve atingir o chão

Foto: Arquivo da propr. (Malu Melchiore)
Perseu (à esq.) e Boby, que ilustrou uma capa da Cães & Cia em 2020

NUTRIÇÃO IDEAL
É crucial que o tutor de um Lhasa Apso tenha condições de fornecer dieta à base de uma boa ração super premium, a fim de proporcionar o valor nutricional adequado para cada estágio da vida do cão. “Os meus Lhasa Apso se alimentam de ração de alta qualidade duas vezes ao dia, de manhã e à noite”, conta Saulo.
“Um Lhasa Apso típico, adulto, come entre 100 e 170 gramas de ração por dia, dependendo do peso e nível de atividade diária”, informa Thatiana.
Para evitar a obesidade em exemplares da raça, o tutor de um Lhasa Apso precisa ser firme o bastante para não ceder à tentação de tentar agradá-lo oferecendo petiscos. “Esses últimos devem ser controlados, oferecidos apenas como forma de recompensa a algo que o cão fez corretamente”, recomenda Marli.

Foto: Arquivo da criadora (Thatiana Augusto, Cuccioli Kennel)
O padrão aceita as cores dourada, areia, mel, cinza-escura, ardósia, fumaça, particolor, preta, branca ou amarronzada

EXEMPLAR IDOSO
Em geral, o Lhasa Apso é considerado idoso a partir dos 10 anos de idade e pode viver até os 18 anos. “A partir dos 12 anos, os exemplares da raça começam a caminhar mais lentamente e deve-se ter cuidado com escadas”, relata Saulo, que tem um Lhasa Apso de 13 anos que vive normalmente.
A alimentação adequada à idade deve ocorrer também quando o Lhasa Apso envelhecer, por meio de rações específicas para essa fase, na qual as visitas ao médico-veterinário passam a ser mais regulares, para monitorar a sua saúde. “Os exames de rotina aumentam de frequência, pois é importante acompanhar o cão mais de perto, a fim de descobrir qualquer alteração”, afirma Thatiana. “Mas o Lhasa Apso é forte e tipicamente não apresenta complicações em sua velhice”, conta Marli.

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Nossos agradecimentos e contatos dos criadores:
Guilherme Berredo, canil Axeram – (98) 98193-3019, [email protected], Instagram: @axeramlhasaapso, Facebook: axeramlhasaapso

Marli Amodeo, canil Lions Amodeo’s – (51) 981540063, www.lionsamodeos.com.br, [email protected], Instagram: @lionsamodeoslhasaapso, Facebook: Lionsamodeoslhasaapso

Saulo Ceolin, canil Lhasa’s no Sul – (54) 99964-3666, Instagram: @lhasanosul

Thatiana Augusto, Cuccioli Kennel – (11) 95173-6500, www.cuccioli.com.br, [email protected],Instagram:cucciolikennel_lhasa

Por Fabio Bense



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