Saiba identificar as razões para a tremedeira e ajude seu animal de estimação a ter mais conforto e bem-estar
Apesar de serem reações comuns e esperadas nos cães que estejam passando frio ou sentindo medo, os tremores merecem uma atenção especial. Isso porque, além de poderem identificar eventuais problemas mais complexos, eles serão figuras fundamentais para que os pets possam voltar rapidamente ao equilíbrio e se sentirem mais confortáveis.
CAUSAS MAIS COMUNS
Para confirmar se o que está levando seu melhor amigo a ter tremores é o frio, é importante verificar não só a temperatura do ambiente como também a das orelhas do animal. “Cheque a postura do cão, veja se ele está enroladinho, por exemplo, se está procurando superfícies quentinhas para deitar como camas, tapetes etc. E, é claro, veja se ele fica mais confortável em um ambiente aquecido e/ou usando roupas ou cobertores para se proteger do frio”, recomenda Rita Ericson, do Rio de Janeiro, médica-veterinária e mestre em comportamento animal.
Entre as causas mais recorrentes, mais perceptíveis pelos humanos e mais simples de se avaliar, também estão o medo e outras questões de origem emocional. O ideal é tentar entender o contexto no qual o cão está inserido, para saber se há algum fator que esteja gerando estresse. Se ele tem medo de barulhos específicos, como fogos, trovão, campainha ou sirenes, por exemplo, se ele não gosta de determinados movimentos, se é ansioso, se fica estressado ao sair de casa ou andar de carro, se não gosta do contato com outros cães, etc. “Se o animal é sabidamente sensível e está em um ambiente com estes estímulos, é bastante provável que seja medo a causa dos tremores”, destaca Rita. Ela afirma que é necessário tentar “ler” a linguagem corporal do cão, pois, ao observarmos o corpo, os olhos e alguns comportamentos no animal, podemos perceber sinais que são indicativos de desconforto. “Lamber os lábios, desviar a cabeça, se afastar e se esconder são alguns desse sinais”, destaca.
O tremor pode até mesmo estar relacionado a emoções positivas, segundo Rita. “Mas, nestes casos, a linguagem corporal é bastante diferente. Cães animados e excitados costumam ‘dançar’ com o corpo. Abanam a cauda vigorosamente e se mostram dispostos a interagir”, pondera. A médica-veterinária Stella Helena Sakata, de São Paulo, acrescenta que, quando se trata de medo, o tremor é mais generalizado e pode estar associado a pupilas dilatadas.
QUADROS DE DOR
Os cães não demonstram suas dores da mesma maneira que nós, humanos. “As formas de demonstração podem ser muito variadas, e uma delas pode ser o tremor. Mudanças de comportamento, assim como falta de apetite e de interesse para interagir, também são indicativos de que o animal pode estar sentindo dor”, atesta Rita Ericson. Segundo a especialista em comportamento animal, um dos maiores desafios é identificar a dor nos cães – “e na grande maioria dos animais também”, ela ressalta. Isso sem contar que eles são muito mais resistentes à dor do que a gente. De acordo com Stella Sakata, a dor pode gerar uma hipotermia e, então, levar o cão a tremer.
CÃES MAIS VELHOS
Além de se movimentarem menos, cães idosos tendem a sentir mais frio pelo fato de que, quando ficam mais velhos, seu metabolismo desacelera, fazendo o corpo trabalhar mais lentamente, diz Stella. Rita menciona também a possibilidade de haver um quadro de fraqueza muscular associado à tremedeira. “A maioria dos animais acima de 8 anos de idade costuma sentir dores nas articulações, mas, como eles são muito hábeis para se adaptar, nós infelizmente não identificamos esse sintoma. Um animal que costumava subir uma escada com facilidade, por exemplo, pode passar a ter dificuldades e, muitas vezes, nós atribuímos essa mudança somente à idade, deixando de considerar que ele pode estar apresentando uma dor crônica”, revela Rita.
OUTRAS CAUSAS
Stella Sakata afirma que existem outras situações que podem estar relacionadas aos tremores, como o hipotireoidismo e outras patologias endócrinas. “Cai o metabolismo do animal, ele fica com mais frio e ele pode tremer”, esclarece. Outra coisa que pode acontecer como causa endócrina, ortopédica ou neurológica, segundo a médica-veterinária, é o animal ter alguma patologia que faça ele fadigar mais rapidamente a musculatura. “É o que acontece quando um músculo vai perdendo a força e não aguenta ficar muito tempo numa posição. E, com a perda da resistência muscular, a tendência também é tremer”, explica.
Rita Ericson afirma ainda que, nos casos graves de desnutrição, podemos ter tremores ocasionados por fraqueza e hipoglicemia. Além disso, ela lembra que, geralmente, as intoxicações alimentares provocam distúrbios digestivos, como vômitos e diarreia, e algumas substâncias tóxicas podem ocasionar tremores e salivação.
Entre as causas, a profissional ainda cita doenças neurológicas – como encefalites, alterações vestibulares, cerebelares e na medula espinhal –, raumas, dores musculoesqueléticas, doenças infecciosas (como a cinomose), doenças metabólicas (como a insuficiência renal) e intoxicações por chocolate (especialmente o amargo) e inseticidas, entre outras drogas e toxinas.
SINAL DE ALERTA
Quando a tremedeira é frequente, persistente e não cessa de jeito nenhum, é preciso ficar alerta. A primeira medida a ser tomada deve ser buscar descobrir a causa para poder de fato ajudar o animal assim que possível. “Se ele não parar de tremer, seja por ansiedade, seja por dor, se for um sintoma constante, tem que levá-lo ao atendimento veterinário para que ele realize um exame clínico, mesmo se a origem do problema for comportamental”, indica Stella. Ela acrescenta que, hoje em dia, existem várias medicações fitoterápicas e alopáticas que podem ajudar a trazer alívio ao cãozinho. Isso sem falar nos inúmeros tratamentos alternativos que atualmente estão disponíveis para os casos de dores crônicas. Um especialista em dor ou fisiatra, por exemplo, poderá identificar a origem do quadro fazendo a anamnese e toda a parte clínica, porque conseguirá examinar toda a estrutura musculoesquelética além de possíveis envolvimentos de raízes nervosas.
Agradecemos a colaboração de Rita Ericson Médica-veterinária, mestre pela UFRRJ em comportamento animal. Autora dos livros “Latidos de Sabedoria” e “Miados de Sabedoria”. Possui pós-graduação em Etologia Clínica pelo Instituto Qualittas e é consultora do podcast “Bichos na Escuta” do G1/Fantástico e Stella Helena Sakata Proprietária da Escola de banho e tosa Médica-veterinária pela Universidade do Grande ABC e mestre pela Universidade Estadual Paulista – Unesp Botucatu, trabalha desde 2001 com Fisiatria e Reabilitação Animal. Proprietária da Clinica
Stella Fisiovet. Site: stellafisiovet.com.br
Por Lila de Oliveira
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