Welsh Corgi Pembroke: da realeza britânica para o mundo

Cão predileto da rainha Elizabeth II, ele é bastante popular nos EUA e na Rússia e conquista espaço cada vez maior no Brasil

Foto: Johnny Duarte/ Canil Corgi Co./ Cão: Corgi Co Máximo Valério

Há muitas teorias que tentam explicar a origem do Welsh Corgi Pembroke. O certo é que ele foi desenvolvido no País de Gales e tinha como função conduzir rebanhos de gado – o fato de ser baixinho evitava que fosse chutado na cabeça por um boi. “Há documentos que demonstram que eles chegaram ao País de Gales com a imigração dos tecelões holandeses em 1107”, informa a autora de livros sobre o Pembroke, Deborah Harper, do canil Walborah, dos Estados Unidos.

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Esses cães foram temas de muitos contos galeses, que os descreviam como cachorros encantados. “Há uma lenda que diz que o Pembroke era usado como montaria por elfos e fadas”, comenta Rodrigo Mira, do canil Império Corgi, de São Paulo.

Foto: Gary Depp-In Motion Photography/Cão: DC (campeão de pastoreio e exposição) Sua Mah Hail to the Chief CD TD HSAds
HXAs VCX (Oscar)/Criador e prop.: Judy Hart
Foto: Arquivo do prop. do cão (Lynda McKee)

NA REALEZA

Como se sabe, esse cão é especialmente querido pela monarquia britânica. “Quando a família da finada Elizabeth II obteve, nos anos 1930, os primeiros exemplares de Pembroke, a raça era muito pouco conhecida fora do País de Gales”, afirma Kevin Egan, do Welsh Corgi League, do Reino Unido, onde 1.223 Pembrokes foram registrados pelo The Kennel Club em 2021.

Foto: Vanity Fair (imagem fornecida por Lynda McKee)


A partir daí, a raça ganhou notoriedade, graças à publicidade em jornais, livros e revistas, que a apresentaram ao público de todo o mundo e, assim, logo se tornou bastante popular em várias nações. “Quando adquiri meu primeiro exemplar, em 2004, eu já conhecia o Pembroke por meio da família real, pois desde muito cedo era aficionado pela monarquia inglesa. A rainha sempre foi um ícone para a Inglaterra, um marco na história do mundo moderno. Antes de os Corgis nos cativarem, fomos cativados por ela própria e tudo que nos remete a Elizabeth II”, comenta Fabrício Ferrigato, do canil Corgi Co., de Itu, SP. “Até hoje se pode encontrar em lojas de Londres souvenirs relacionado a esses cães”, informa Kevin. “Eu mesmo ganhei no Natal de 2021 um saleiro da rainha e seu Corgi”, acrescenta Fabrício. Ele lembra também de um livro que contava um pouco do dia a dia da princesa Diana dentro do palácio no qual ela dizia: “os Corgis da rainha me olham com mais amor e docilidade do que ela mesma”. “Aí eu fiquei mais encantado ainda pela raça”, diz o criador.
A maioria dos cães de propriedade da realeza britânica era mantida apenas como pet, com uma única exceção: o macho Windsors Loyal Subject. Ele foi exibido em exposições e ganhou dois certificados de campeão, ainda que não tenha obtido o título nem se destacado como reprodutor. “O amor e respeito vitalício de Elizabeth II pelos Corgis foi bem divulgado, e não há dúvida de que muitas pessoas foram atraídas para a raça por causa dela”, conta Deborah.

TERRA DO TIO SAM

Os primeiros exemplares da raça chegaram aos Estados Unidos também nos anos 1930, provenientes do Reino Unido, em virtude da conexão histórica entre os dois países. “Por aqui, quase todo mundo comenta sobre a Elizabeth II quando encontra um Corgi”, informa Marty Greer, do canil Double G’s, dos Estados Unidos. “Os verdadeiros apreciadores do Pembroke têm uma familiaridade com os cães da rainha”, comenta a norte-americana Lynda McKee, do canil Tifflyn. “Ela os trouxe aos olhos do público que, assim, aprendeu um pouco mais sobre eles”, comenta Danelle Brown, do canil Nomad, dos Estados Unidos. Em 2021, a raça ficou na 11ª colocação no ranking de registros emitidos pelo American Kennel Club (AKC), entre outras 196. “Ganhei meu primeiro Pembrokeem 1968. Naquela época ele ficava entre o 48º e o 52º lugares nas estatísticas de registros, ou seja, era raro o suficiente para ter que se procurar um pouco até encontrar um. Ao longo dos anos, observei os números de registros subirem e se estabilizarem quando atingiram por volta da 10ª colocação”, informa Lynda, que acrescenta: “quando o Pembroke começou a ganhar grupo e Best in Shows nos principais eventos caninos, isso atraiu para a raça mais pessoas que competiam em exposições, mas o número desses cães nesses eventos caiu ao longo dos anos por aqui, pois muitos dos atuais donos de exemplares pets não estão interessados em participar e até desconhecem que existe um padrão racial”. Em 2021, 40.044 filhotes da raça receberam pedigrees do AKC. “A raça tem sido popular em meu país em grande parte por ter tamanho mais reduzido e ser amigável e sociável, com suas lindas e charmosas caudas onduladas”, acredita Danelle. “Obviamente, a aparência encantadora ajudou na popularidade. Ele possui também tamanho prático, mas, mesmo com as pernas curtas, não é miniatura – pode até parecer pequeno, porém tem substância e, embora não pule muito alto, pode correr de maneira surpreendentemente rápida”, comenta Deborah. “Ele tem porte suficientemente pequeno a ponto de se aconchegar com um ente na cama de uma criança”, acrescenta Lynda. Pelo padrão adotado pela Confederação Brasileira de Cinofiia (CBKC), a altura vai de 25 a 30 cm e o peso, de 10 a 12 kg (machos) e de 9 a 11 kg (fêmeas). Atualmente, há milhares de contas em redes sociais para Pembrokes nos Estados Unidos, outra demonstração de que esses cães são muito populares por lá. “Há inclusive um grupo no Facebook com cerca de 3.500 membros. Além do tamanho compacto e da facilidade para cuidar da pelagem – bastam escovações semanais, já que os banhos devem ser evitados o máximo possível –, acho que parte da popularidade vem de ele estrelar muitos anúncios e o anime japonês Cowboy Bebop, por meio do Pembroke Ein, que o levou ao reconhecimento do público mais jovem”, conta Lynda.

Foto: Johnny Duarte/ Canil Corgi Co.
Foto: Johnny Duarte/ Canil Corgi Co.

RÚSSIA

Em 2021, 15.658 exemplares da raça foram registrados pela Russian Kinological Federation. Lá, assim como em outros países, a publicidade que gira em torno da monarquia britânica acabou trazendo uma popularidade maior para o Pembroke. “O fato de uma rainha famosa como a Elizabeth II ter sido proprietária desses cães realmente influenciou algumas pessoas em meu país a criar ou manter Pembrokes”, afirma Olga Mironova, do canil iz Doma Aent Mon, da Rússia, onde, segundo a criadora, a raça faz sucesso por ser de bom porte. “Ela tem tamanho médio, muito conveniente para avida em ambientes urbanos. Além disso, os cuidados com a pelagem não são complicados e sua alta inteligência faz com que seja facilmente treinada, sem se esquecer de que costuma exibir boa saúde”, comenta Olga.

Arquivo do prop. do cão (Danelle Brown) e foto de: Patty Fulton/Criadora do cão: Lynda McKee respectivamente

BRASIL

Em nosso país, o Welsh Corgi Pembroke ainda permanece pouco conhecido. “Para adquirir um exemplar, é exigido um investimento alto e, além disso, o seu público costuma ser muito exigente quanto, por exemplo, ao padrão da raça e comportamento típico”, explica Rodrigo. “O valor de venda costuma ser entre 8 e 15 mil reais”, confirma Andreza Delliveneri, do canil Mamuthe’s Baby, de Ibiúna, SP. Nos últimos anos, houve uma boa expansão em relação à criação desses cães no Brasil, como se pode ver a seguir: em 2012, 90 Pembrokes receberam pedigrees da CBKC; já em 2021, foram 485. “O crescente número de registros após 2012 por aqui se deu após a aparição de Elizabeth II com alguns de seus cães na abertura das Olímpiadas de Londres”, acredita Andreza. “Com a morte da rainha, a procura já teve um aumento, e acho que isso vai se manter por um bom tempo”, aposta Rodrigo. “Realmente, nos últimos anos, tivemos uma maior popularidade da raça, que ganha adeptos a cada dia que passa, e, consequentemente, houve um aumento de registros e de canis: na época que comecei a minha busca por eles, havia apenas dois no Brasil. Nos próximos anos, a raça tende a crescer mais, espero que com sabedoria, por ter temperamento maravilhoso, de fácil adaptabilidade a qualquer espaço e estilo de vida”, crê Fabrício. Andreza concorda: “para os próximos anos, os números de registros serão maiores, diante da abertura de novos canis e do fato de a raça estar se tornando mais conhecida”. Fabrício acrescenta: “tenho, ao mesmo tempo, um pouco de receio, pois surgiram muitos novos criadores de olho no mercado, e a popularização lá na frente não deve acabar em banalização com perda significativa de saúde, genética e características dos cães”.

Arquivo do canil Mamuthe’s Baby

QUASE SÓSIA

O Welsh Corgi Pembroke tem um “primo” menos popular e com poucos criadores (pelo menos no Brasil), o Welsh Corgi Cardigan, que, no entanto, tem padrão próprio e diferenças visíveis na aparência. “A cauda é um grande diferencial entre as raças, pois no Cardigan ela é reta, enquanto o Pembroke pode apresentá-la tanto reta, quanto enrolada”, explica Rodrigo. “Na prática, a dele é mais curta que a do Cardigan”, complementa Andreza. Além disso, o padrão do Pembroke afirma que caudas curtas naturais, não decorrentes de corte por cirurgia, podem ocorrer.

Arquivo do canil Mamuthe’s Baby – A cabeça do Pembroke vai do formato quadrado ao
arredondado, enquanto a do Cardigan é mais triangula
Foto: Dewerstone/Cão: Staffl ands Rhodri at Rhiwelli/Criador: Ali Crook/
Propr.: Yvonne Caul – Welsh Corgi Cardigan da cor merle,
coloração não aceita para o Pembrok


Fabrício, que cria as duas raças (Pembroke e Cardigan), afirma que outras diferenças estruturais entre elas estão basicamente nos seguintes tópicos: “a pelagem do Pembroke é mais cheia, com mais subpelo, e a cabeça dele vai do formato quadrado ao arredondado, enquanto a do Cardigan é mais triangular e com orelhas maiores”, explica o criador. Deborah complementa: “as pernas da frente do Cardigan possuem estruturas diferentes: enquanto os antebraços dele são ligeiramente arqueados, os do Pembroke são os mais retos possíveis”. E Andreza acrescenta: “o Pembroke é mais baixo, leve e curto, com orelhas menores e mais pontiagudas”.

Arquivo do canil Império Corgi


Há também diferenças históricas: “apesar de também ter sido desenvolvido no País de Gales, o Cardigan estava lá bem antes da chegada do Pembroke”, explica Deborah. Quanto ao temperamento, Fabrício afirma: “os exemplares de Cardigan são mais próximos do dono enquanto os de Pembroke são companheiros mais independentes”. “Esses últimos têm carinho por todos da casa e estão sempre dispostos a agradar ao proprietário, mas não são dependentes dele e toleram bem ficar sozinhos por algumas horas sem destruir a casa”, comenta Rodrigo. Andreza destaca outros traços comportamentais do Pembroke: “aonde chegam são dóceis, amáveis, carismáticos e amorosos, interagindo facilmente com outros animais e crianças, com os quais são também cuidadosos”.

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Associações:
PEMBROKE WELSH CORGI CLUB OFAMERICA – www.cca.org
WELSH CORGI LEAGUE – www.welshcorgileague.org

Contatos:
ANDREZA DELLIVENERI, canil Mamuthe’s Baby – (11) 96902-2607, Instagram: @mamuthes, Face: Mamuthe’s Bulldog e Corg
DANELLE BROWN, canil Nomad – [email protected]
FABRÍCIO FERRIGATO, canil Corgi Co. – (11) 94933-7457, www.corgico.com.br, Instagram: @corgi_co
LYNDA MCKEE, canil Tifflyn – [email protected]
MARTY GREER, canil Double G’s – [email protected]
OLGA MIRONOVA, canil iz Doma Aent Mon; [email protected]
RODRIGO MIRA, canil Império Corgi; (11) 96690-1133 – www.imperiocorgi.com, Instagram: @Imperiocorgi

Por Samia Malas



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