10 pontos da saúde preventiva para filhotes de cão

Algumas recomendações fazem a diferença no desenvolvimento, saúde e bem-estar de filhotes

Foto: Toloubaev/iStock
“Antes de permitir que o filhote tenha contato com outros cães, é fundamental realizar exames de fezes para detectar
parasitas intestinais, além de uma avaliação clínica completa”

Ter um filhote em casa é uma alegria sem fim! Porém, estes peludos precisam de cuidados e de regras em casa, para crescerem saudáveis e equilibrados. Para isso, duas profissionais experientes compartilharam dicas de cuidados com filhotes com a revista Cães & Cia. São elas: Dra. Andressa Dalmazzo, médica-veterinária de São Paulo, mestre e doutora em Reprodução Animal pela FMVZ-USP, àrea na qual atua há 17 anos, fundadora e proprietária do Centro de Reprodução Canina (ReproPET); e Fabiana Fonseca, criadora de cães há 33 anos pelo canil Solar Wonderful, de Balneário Camboriú, SC, cujo canil conta com milhares de títulos e, segundo Fabiana, é considerado o maior plantel de campeões da América Latina. Embora tenha criado também Schnauzer Miniatura, Bulldog Inglês, Buldogue Francês e Pug, hoje Fabiana se dedica exclusivamente às três variedades de Dogue Alemão (desde 1990) e ao Mastiff Tibetano.

1. ESCOLHA DO FILHOTE
Ter um filhote saudável exige toda uma preparação que se inicia na criação, no próprio canil, aponta Fabiana. “Depende muito do perfil do criador e nos passos que ele vai seguir para gerar estes filhotes. Desde o planejamento genético, começando pela responsabilidade do criador em produzir animais saudáveis, equilibrados, cujo manejo seja o mais simples possível. Depois da escolha de um casal, cujos exames sejam devidamente feitos e a compatibilidade genética estudada. Em seguida temos o processo de gestação, em que fatores como nutrição e um ambiente adequado, sereno e confortável, interferem no desenvolvimento dos embriões. Os exames preventivos e o acompanhamento profissional ajudam na prevenção de problemas no parto, que é o momento mais importante do processo”, lista Fabiana.

2. ROTINA ESTRUTURADA
É essencial estabelecer uma rotina estruturada para o filhote, incluindo horários fixos para alimentação, brincadeiras e descanso, aponta Dra. Andressa. “A introdução ao treinamento básico, como comandos simples e reforço positivo, ajudará a evitar problemas comportamentais futuros. Buscar a orientação de um consultor comportamental ou de um veterinário comportamentalista enquanto ainda é filhote facilita ainda mais a educação do pet”, detalha Dra. Andressa.
Para Fabiana a rotina é uma palavra-chave para ter um filhote equilibrado em casa. “Estabelecer bons horários para alimentação, para as brincadeiras, e depois, já como jovem, ensinar os primeiros comandos que podem ser dados pelo proprietário, sempre com base na rotina e na frequência de treinos, sem necessidade de premiação ou de correção. A insistência, enquanto filhote e jovem, é sempre a melhor forma de memorização. Reitero que a rotina bem estabelecida é a melhor forma de obter um comportamento adequado, já que temperamento é algo diferente e vem desde o processo de criação e seleção genética”, aponta Fabiana.

3. AMBIENTE POSITIVO E SOCIABILIZAÇÃO
A sociabilização é fundamental, destaca Dra. Andressa. “É importante que se exponha o filhote a diferentes ambientes, sons, pessoas e outros animais de forma positiva para que ele se torne um adulto equilibrado”, diz. Fabiana compartilha que, em seu canil, os filhotes recém-nascidos têm um mínimo de contato com eles e o máximo de contato com a mãe. “Eles permanecem em um ambiente de luminosidade e temperaturas agradáveis, sem barulho, sem agitações, estresse e traumas, promovendo uma print inicial natural, que um filhote realmente precisa. O filhote deve crescer com a mãe e, se possível (como algumas raças permitem), com o pai, em matilha familiar, e é este convívio que vai formar, de fato, o caráter do filhote. A nossa participação deve ser tranquila e recreativa, com carinho e atenção, sem gritos. Não conheço outra forma de criar, que não seja natural e o mais livre possível, embora com a segurança de uma equipada maternidade, mas sempre com liberdade, já que crio raças gigantes”, ensina a criadora. Ainda segundo Fabiana, um filhote deve conviver com a mãe por no mínimo 60 dias. “O ideal seria até os 90 dias, justamente porque os comandos da mãe são os que geram as prints iniciais de obediência, de hierarquia e de segurança. Nossa prática com base neste ponto de vista é o que resulta em cães que realizam uma série de atividades, inclusive a cinoterapia, sem necessidade de adestramento prévio”, ensina a criadora.

Foto: Johnny Duarte
“A rotina bem estabelecida é a melhor forma de obter um comportamento adequado, já que temperamento é
algo diferente e vem desde o processo de criação e seleção genética”, diz Fabiana Fonseca, do canil Solar Wonderful

4. VERMIFUGAÇÃO
Este é outro cuidado essencial para cães, que se inicia em filhotes e se estende para a vida adulta.
Filhotes podem nascer com vermes ou ainda adquiri-los através do leite materno, alerta a médica-veterinária. Assim, a profissional recomenda que a primeira vermifugação ocorra por volta dos 15 dias de vida do animal de estimação e seja repetida conforme orientação do médico-veterinário de confiança que acompanha o seu pet – o que geralmente acontece a cada 15 dias até que o filhote complete dois meses de vida, e então, mensalmente até os seis meses de vida. “Após esse período, a frequência dependerá do estilo de vida do cão e deve ser ajustada coma realização de exames de fezes, sempre sob orientação veterinária. Caso o filhote conviva com outros animais de estimação, é essencial que todos sejam vermifugados simultaneamente. Verminoses podem afetar o crescimento, causar diarreia, anemia e até comprometer órgãos vitais. Além disso, algumas são transmissíveis para humanos (as chamadas zoonoses)”, acrescenta Dra. Andressa.

5. EXAMES DE ROTINA
Antes de permitir que o filhote tenha contato com outros cães, Dra. Andressa aponta que é fundamental realizar exames de fezes para detectar parasitas intestinais, além de uma avaliação clínica completa. “Testes para viroses, como parvovirose e cinomose, podem ser recomendados, especialmente se o filhote veio de um ambiente com histórico dessas doenças. Além disso, um check-up básico, incluindo hemograma e exames bioquímicos, pode ajudar a identificar possíveis alterações na saúde. O ideal é que o filhote já tenha recebido as vacinas antes de ser exposto a outros cães”, diz Dra. Andressa.

Foto: Arquivo pessoal
“É importante que se exponha o filhote a diferentes ambientes, sons, pessoas e outros animais de forma positiva para que ele
se torne um adulto equilibrado”, diz Dra. Andressa Dalmazzo, médica-veterinária da ReproPET

6. ESCOLHA DO MELHOR ALIMENTO
A escolha do alimento deve levar em consideração a idade, porte e necessidades específicas do filhote, recomenda Andressa. “O ideal é optar por rações Super Premium formuladas para filhotes, que oferecem um equilíbrio adequado de nutrientes. Se a opção for dieta natural, ela deve ser prescrita por um médico-veterinário nutrólogo para garantir que o filhote receba todos os nutrientes essenciais para o crescimento saudável”, destaca.

7. PELAGEM E PELE SAUDÁVEIS: O QUE OBSERVAR?
Dra. Andressa também aponta que a pele e a pelagem são bons indicadores da saúde do filhote, e, portanto, devem ser constantemente monitoradas. “Coceira excessiva, vermelhidão, descamação, áreas sem pelo ou mau cheiro podem indicar problemas como alergias, infecções ou parasitas. A presença de pulgas e carrapatos também deve ser monitorada. Além do desconforto, podem transmitir doenças. Observando qualquer desses sintomas, o ideal é levá-lo a um médico-veterinário dermatologista para receber o melhor tratamento”, acrescenta.

8. OBSERVE URINA E FEZES
As fezes de um filhote saudável devem ser firmes, bem formadas e de coloração uniforme, diz Dra. Andressa. “Diarreia persistente, fezes muito escuras, com sangue ou muco são sinais de alerta e devem ser avaliados por um médico-veterinário. A urina deve ser clara e sem odor forte. Qualquer alteração, como urinar com muita frequência ou em pouca quantidade, pode indicar problemas de saúde”, alerta.

9. HÁBITOS DE HIGIENE
Um cão filhote precisa ser acostumado com uma rotina de higiene. “Ainda no canil, o primeiro banho deve ser dado pelo criador, que vai saber fazer o procedimento de forma correta, com muito carinho e brincadeiras para que o filhote entenda que o banho não é nenhuma agressão. Depois disso, já na casa do seu proprietário, é este que deve dar o primeiro banho seguindo as orientações que o criador deve ter passado. Depois, quando estiver acostumado a tomar banho em casa, é que ele pode ser levado para um pet shop”, recomenda Fabiana.

10. CONSULTAS PARA FILHOTES
Nos primeiros meses de vida, as consultas devem ser frequentes, geralmente a cada 3 a 4 semanas, para acompanhamento do protocolo vacinal, vermifugação e desenvolvimento geral, aconselha Andressa. “O médico-veterinário avalia o crescimento, estado nutricional, comportamento, saúde bucal, cardíaca e digestiva, além de orientar sobre cuidados preventivos. Após completar o esquema inicial, consultas anuais são recomendadas para manter a saúde o bem-estar do cão”, finaliza a médica-veterinária.


Por Samia Malas.



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