12 aspectos essenciais da saúde canina

Saiba o que é preciso fazer para garantir que os cães estejam sempre com a saúde em dia

Foto: macniakiStockphoto.com

Quando trazemos um cãozinho para morar em nossa casa, devemos ter em mente que cuidar da saúde dele passa a ser de nossa inteira responsabilidade. Brincadeiras e carinhos esporádicos não são suficientes para garantir o bem-estar dos peludos que amamos – é preciso levar em conta que eles também têm outras demandas e cabe aos tutores garantir que todas elas sejam devidamente atendidas.

1 VERMIFUGAÇÃO, O PRIMEIRO PASSO

“A primeira vermifugação começa antes das vacinas iniciais, por volta da quarta semana de vida”, afirma o médico-veterinário Fábio da Silva Chavier, do Centro Veterinário WeVets, Unidade Sena Madureira, em São Paulo. Ela costuma ser feita em um intervalo que varia de três a seis meses, mas é de suma importância consultar um médico-veterinário para saber qual a periodicidade adequada ao seu cão (já que dependerá do ambiente em que o animal vive, de seus desafios e seu estilo de vida), assim como o intervalo indicado entre cada aplicação de produtos anti-pulgas e carrapaticidas. Clarisse Moreira Teixeira, médica-veterinária do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas, SP, explica que a vermifugação ajuda a evitar doenças ocasionadas por parasitas intestinais, que podem ter inúmeras consequências, tais com fraqueza, apatia, fezes amolecidas, vômito, perda de peso, entre outras, causando queda na imunidade e deixando, assim, o animal de estimação mais suscetível a outras doenças.

2 CARTEIRA DE VACINAÇÃO EM DIA

Exceto em casos de contraindicação pelo veterinário, algumas vacinas são obrigatórias, já que são capazes de prevenir doenças graves. A vacina múltipla (V8 ou V10) protege os cães contra cinomose, parvovirose, leptospirose, adenovírus, hepatite e coronavirose. O ideal, segundo a médica-veterinária Juliana Santana, sócia-proprietária da Vet U, em São Paulo, é que a aplicação seja iniciada entre a sexta e a nona semana de vida e finalizada com 16 semanas, sempre com intervalos de 21 a 30 dias. Após os 120 dias de vida, os cães devem receber a vacina antirrábica. “Depois de completar o primeiro ciclo vacinal, será preciso dar uma dose de cada vacina anualmente”, destaca Fábio. Entre as vacinas não essenciais – necessárias apenas para animais em que a localização geográfica, o ambiente ou o estilo de vida os coloca em risco de contrair infecções específicas –, estão as que combatem a leptospirose, a gripe, a giárdia, a leishmaniose e a dirofilariose. Somente um veterinário está apto para decidir se determinado cão deve ou não tomar essas vacinas.

3 DOENÇAS MAIS COMUNS

Gastroenterites, gripe, broncopatias, otites, cistites, dermatopatias, doenças periodontais e displasia coxofemoral estão entre as doenças que mais acometem os cães, mas isso varia muito de acordo com a raça, a idade e o local onde eles vivem. Também fazem parte dessa lista doenças como cinomose, parvovirose, tosse dos canis e giardíase – que podem (e devem!) ser prevenidas com a vacinação anual – e a erliquiose, que com controle de ectoparasitas, pode ser evitada.

4 VISITAS AO VETERINÁRIO

As consultas de rotina, feitas com uma boa anamnese, são essenciais para prevenir doenças e aumentar a expectativa de vida do seu amiguinho. A periodicidade dependerá da idade do animal, da presença de doenças pre existentes e, em alguns casos, da raça – já que algumas demandam maiores cuidados. “Os filhotes devem frequentar o veterinário até receberem todas as vacinas e, depois disso, devem retornar anualmente, enquanto os cães adultos e idoso podem ir a cada quatro ou seis meses, dependendo do que o profissional achar necessário”, informa Juliana Santana.

5 EXAMES DE ROTINA

Os exames de check-up mais sugeridos para os cães são os de fezes e urina (para descartar verminoses e infecções urinárias) e os de sangue (para detectar anemias, inflamações e infecções). Para Fábio Chavier, antes de completar 5 anos, os cães também precisam ter suas funções renais e hepáticas avaliadas por meio de exames. A partir do sexto ano de vida, ele recomenda a inclusão do ecocardiograma e do eletrocardiograma na lista de exames anuais do cão. Dependendo das condições do animal, também podem ser pedidos exames como ultrassom abdominal, glicemia, tomografia, endoscopia e raio-x do tórax, entre outros, para que seja feito o diagnóstico precoce de determinadas doenças.

6 PERIGOS DA AUTOMEDICAÇÃO

Muitos medicamentos utilizados por humanos são também prescritos para cães, mas não são todos – e a dosagem varia a cada caso. Assim, antes de medicar seus peludos, jamais deixe de consultar um veterinário. “O risco está na superdosagem e no uso de medicações tóxicas para os animais. O ibuprofeno, por exemplo, utilizado no combate à dor em humanos, não é metabolizado pelos cães, podendo causar intoxicações e até levá-los a óbito”, ressalta Fábio.

7 CASTRAÇÃO

“Nas fêmeas, a castração visa evitar a ocorrência de infecção uterina e prevenir câncer de mama e útero. Já nos machos, evita ou diminui comportamentos territorialistas, além de prevenir o câncer de próstata. O último consenso veterinário orienta a castração de fêmeas a partir do primeiro cio e, dos machos, após o desenvolvimento dos testículos e do pênis. É importante salientar que cada animal deve ser examinado individualmente e realizar exames de check-up pré-operatórios”, descreve a médica-veterinária Eliane Benatti, cirurgiã-chefe do setor de cirurgia do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas, SP. A castração também é recomendada para evitar transtornos do sistema imunológico, procriação indiscriminada de cães – e seu consequente abandono –, frustração sexual e fugas, segundo Juliana Santana. “A contraindicação seria somente castrar fêmeas durante o cio”, diz a profissional. Vale destacar ainda que, ao contrário do que muitos tutores imaginam, a castração não leva à obesidade – esse problema é consequência de uma dieta inadequada e da falta de exercícios físicos.

8 AMBIENTE LIMPO

Na hora do passeio com seu pet, é importante passar longe de lugares com aglomerações de cães e evitar tanto a ingestão de água compartilhada quanto o contato com fezes de outros animais, fatores que aumentam o risco de transmissão de doenças entre eles. “É fundamental recolher as fezes do seu cão, não apenas por respeito ao próximo e por uma questão de cidadania, mas também porque, dessa forma, evita-se a transmissão de doenças como cinomose, toxocaríase e bicho geográfico, que também é transmitida para humanos. Isso sem falar que descartar fezes em locais inapropriados polui o meio ambiente e até a água potável. O ideal seria jogá-las em sacolas biodegradáveis ou diretamente nos vasos sanitários”, opina Juliana. Em casa, o controle do ambiente também é essencial para a profilaxia dos vermes intestinais: remova as fezes com frequência e limpe a urina – o mau odor atrai moscas e outros insetos que podem ser vetores de doenças –, higienize adequadamente o espaço onde o cão faz as suas necessidades, dê medicamentos antipulgas regularmente e, claro, dê banho nos cães com regularidade.

9 HORA DO BANHO

A maioria dos peludos não gosta nem um pouco, mas não tem jeito: o banho é essencial para a saúde deles. De acordo com a médica-veterinária Raquel Sillas, proprietária do Hospital Veterinário Batel (HVB), em Curitiba, devemos utilizar somente os produtos indicados para pets, pois o PH da pele dos cães é diferente do PH dos humanos; a secagem é muito importante, já que, quando a pele permanece úmida, lesões podem se formar; e a frequência indicada deve ser em média em intervalos de 15 dias, dependendo da pelagem do cão. Para Juliana Santana, os cães de pelo curto devem tomar banho a cada 10 ou 15 dias e os de pelagem longa, de preferência a cada 7 ou 10 dias. “Mas tudo depende da rotina do seu animal, se ele frequenta creches ou day care com frequência ou se fica mais dentro de casa ou em apartamento”, esclarece a veterinária, que faz um alerta: “como o banho diminui um pouco a imunidade do cão, evite-o quando seu animalzinho de estimação não estiver tão bem de saúde ou em algum tratamento no qual o veterinário prefira suspendê-lo”. Clarisse Moreira destaca ainda a necessidade de banhos terapêuticos, com uso de produtos especiais e uma frequência maior, nos casos de problemas dermatológicos como piodermites, dermatofitoses e dermatite atópica canina, entre outros.

10 SAÚDE BUCAL

A tarefa nem sempre é fácil, mas deve sim entrar na rotina de cuidados com os cãezinhos. Isso mesmo: a escovação dentária tem de ser feita diariamente. É preciso utilizar pastas dentárias específicas para pets, além de escovas com cerdas macias. Na opinião de Clarisse, o procedimento de profilaxia ou limpeza bucal deve ser realizado por um dentista veterinário, sob anestesia, pelo menos uma vez ao ano. Ela explica que as doenças que acometem a cavidade oral com mais frequência são a periodontite e a hiperplasia gengival, além de fraturas dentárias, desgastes dentários e tumores odontogênicos. A presença de cárie é menos frequente, segundo ela. “Outros produtos podem auxiliar na diminuição da placa bacteriana, como sprays antissépticos, soluções bucais e petiscos antitártaro, porém nenhum deles é tão bom quanto a escovação. E, mesmo assim, ideal é avaliar a saúde bucal do seu pet periodicamente junto ao médico-veterinário, pois a doença periodontal atinge em média 85% dos cães em qualquer idade, sendo mais comum naqueles que já completaram 3 anos, e em muitos casos é preciso fazer um procedimento microcirúrgico para solucionar o problema”, complementa Juliana.

11 ALIMENTAÇÃO NA MEDIDA

Uma boa nutrição afeta diretamente a vida dos cachorros, influenciando seu desenvolvimento e seu crescimento, o que se reflete em sua saúde e qualidade de vida. Os veterinários concordam que as rações super premium são as melhores para os pets, desde que sejam fornecidas nas quantidades recomendadas para a idade e o porte de cada indivíduo. Quanto à alimentação natural, a veterinária Juliana afirma que é uma opção mais que bem-vinda se for feita com alimentos frescos e de boa qualidade, sem excessos – para não levar à obesidade –, com suplementação correta e sempre sob a supervisão de um nutrólogo veterinário. Clarisse destaca que as dietas formuladas com níveis de nutrientes mais baixos ou mais altos que o recomendado alteram as funções fisiológicas e a manutenção da homeostase no organismo do cão, podendo gerar problemas sérios, tais como hiper-paratireoidismo secundário nutricional, osteocondrose, raquitismo, cardiomiopatias, hipervitaminose, hipovitaminose e urolitíases.

12 EXERCÍCIO FÍSICO

“Como para nós, humanos, os exercícios dos cães devem ter uma frequência. Assim, eles auxiliam na queima de calorias, no equilíbrio da frequência cardíaca e respiratória, no fortalecimento da musculatura e na proteção das articulações. A periodicidade ideal pode ser calculada pelo médico-veterinário”, afirma Raquel Sillas.
Juliana ressalta ainda vantagens como a diminuição da ansiedade e da ociosidade do cão e, consequentemente, o aumento de sua sensação de bem-estar. A atividade física também combate o sedentarismo e fortalece o sistema imune e os ossos. “O tempo de exercício deve ser em média de 30 minutos. Escolha horários e dias mais frescos, quando a temperatura é mais amena, e aproveite esse momento para se divertir com seu companheiro de quatro patas”, finaliza Juliana.

Nossos agradecimentos para Clarisse Moreira Teixeira Veterinária no Hospital Veterinário Taquaral, atua nos setores clínico, oncológico, odontológico e saúde oral no geral; eliane Benatti Veterinária especializada em gastroenterologia e cirurgiã-chefe de cirurgia do Hospital Veterinário Taquaral; Fábio da Silva Chavier Veterinário com especialização em clínica de animais silvestres e exóticos, atende no Sena Madureira; Juliana Santana Veterinária e sócia-proprietária da Vet U, com pós-graduação pela UNISA e Raquel Sillas Veterinária especializada em nutrição e odontologia de cães e gatos, propr. do Hospital Veterinário Batel.

Por Lila de Oliveira



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