12 dicas para ter um cão comportado e saudável

O melhor momento para começar os cuidados básicos do seu pet é enquanto ele ainda é um filhote

Foto: cpjanes/iStockphoto.com

Quem não ama filhotes? Apesar de fofos, ter um filhote exige responsabilidade. É neste começo de vida que o cão adquiri conhecimentos importantes de socialização que ele vai levar para o resto da vida, fora os cuidados básicos com a saúde que ele exige.
Confira algumas dicas que vão ajudar você a manter o seu filhote seguro e também a evitar problemas de comportamento no futuro.

1 – NOVO LAR SÓ APÓS 60 DIAS

Dois meses é o tempo mínimo que o filhote deve conviver com a mãe. Assim, somente depois desse período é que ele pode sair de perto dela e seguir para o seu novo lar, conforme explica a veterinária e criadora da raça Cavalier King Charles Spaniel Renata Squarzoni. “Existem muitas controvérsias, mas recomendo que o mínimo seja 60 dias, pois antes desse período os filhotes ainda estão mamando”, aponta. Ainda que o filhote já esteja comendo um pouco de ração, este período mínimo de amamentação vai fortalecer seu sistema imunológico. E o tempo com a mãe, além da interação com outros filhotes, é bastante importante para que ele aprenda aspectos sociais e psicológicos da espécie canina.

2 – PRIMEIROS CUIDADOS COM A SAÚDE

É importante lembrar que o protocolo de vacinação dos filhotes pode começar entre os 45 a 60 dias de vida, com a primeira dose da vacina múltipla canina (geralmente a V8 ou a V10 – cuja diferença em relação à V8 é que ela possui duas cepas a mais contra a leptospirose). Em seguida, ele receberá mais 2 ou 3 doses, com intervalos de 21 a 30 dias entre elas. As vacinas protegem contra doenças comuns e graves na espécie. São elas: cinomose, hepatite infecciosa canina, para influenza, parvovirose, coronavirose e leptospirose.
Já a vacina antirrábica é feita em dose única no 4º mês de vida do animal. “É importante que o filhote receba a última dose da V8 ou V10 somente após completar quatro meses de idade, pois é quando não existem mais anticorpos maternos circulantes, então a resposta vacinal é melhor”, aponta Renata.
Já a vermifugação é feita nos primeiros 15 ou 30 dias de vida. Depois disso, são necessárias outras 2 doses, com intervalos de 15 dias cada, sempre com a atenção de oferecer vermífugo que seja voltado para filhotes, pois nem todos são seguros para eles. Uma verminose nessa fase da vida pode atrapalhar, por exemplo, a absorção de nutrientes do filhote, por isso esse cuidado é tão importante. Porém, a veterinária alerta que esse protocolo de vacinação e vermifugação pode mudar de acordo com a região em que o filhote vive, por isso deve-se sempre seguir as instruções do seu médico-veterinário de confiança.

3 – PERÍODO DE SOCIALIZAÇÃO

A partir dos dois meses, o filhote entra na fase de socialização. Neste período, é importante que o animal tenha o maior número de experiências positivas com pessoas, lugares e animais possível – levando em consideração, é claro, que neste momento o filhote não está completamente imunizado com todas as doses de vacinas e, portanto, não vai poder ir em praças ou na rua. “Levar o pet às casas de amigos e deixar que ele tenha contato com animais conhecidamente imunizados é bem indicado”, completa Renata. A sociabilização neste período vai tornar o animal mais apto para conviver harmonicamente com pessoas, lugares, barulhos, animais… Enfim, tudo que lhe for apresentado.

4 – REFORÇO SEMPRE POSITIVO

A melhor forma de educar o seu pet é através do reforço positivo. “A gente estimula e elogia o que o cão faz de correto e ignora o que ele faz de errado. É o que mais dá resultado no longo prazo”, aponta Renata. Para a veterinária, o adestramento para o filhote pode sim ser uma boa saída, mas o tutor não deve esperar que o adestrador condicione o seu pet sozinho. “O adestrador vai orientar o tutor, adestrar, mas não educar o cachorro. Ensinar onde fazer as necessidades e a não roer os móveis é o tutor quem deve fazer”, enfatiza.

5 – SONO X BRINCADEIRAS

Assim como crianças recém-nascidas, os filhotes de cães também dormem muitas horas, e isso é um comportamento bastante comum também em filhotes recém-nascidos. Mas para os tutores preocupados que tanto cochilo signifique algum problema, Camilli Chamone, idealizadora do curso Neurociência Aplicada ao Comportamento Canino, explica que um filhote que dorme muito na casa do tutor está entediado. “E como ele dorme muito durante o dia, passará a noite acordado, uma queixa muito comum de tutores”, diz. Assim, o tão falado enriquecimento ambiental deve acontecer desde que o filhote chega em casa, ofertando variedade de brinquedos e diferentes formas desse filhote se alimentar, por exemplo.

Foto: Liliya Kulianionak/iStockphoto.com

6 – MORDIDAS DE FILHOTES

Filhotes mordem tudo, da mão aos móveis da casa. Mas, ainda que normal, o comportamento não deve ser incentivado pelo dono na forma de brincadeiras. Uma boa opção é apostar no uso de mordedores apropriados para este período, aponta Renata, evitando que o filhote use as mãos dos tutores para morder.
“Interagir através de mordidinhas é um comportamento natural dos cães, que deve ser modulado para não perpetuar na idade adulta. Por isso, procurar orientação de um profissional logo na infância deve ser considerado como um investimento pelo tutor, para que seu filhote se torne um adulto equilibrado”, aponta Camilli.

7 – CÃES SE COMPORTAM COMO CÃES

Parece óbvio, mas nem sempre os tutores veem dessa forma. Camilli explica que o animal vai ter comportamentos naturais da espécie, e isso inclui roer, cavar, explorar, farejar, urinar e evacuar quando sentem vontade. “Então, cabe ao tutor ensinar o que roer, onde cavar, lugares adequados para explorar e farejar e onde fazer suas necessidades fisiológicas. Infelizmente, vemos um cenário diferente desse, com tutores que brigam com seus cães porque eles roem, cavam, exploram, farejam, se aliviam. Brigar não vai funcionar”, alerta. Compreender, aceitar e redirecionar o comportamento natural a partir de técnicas com reforço positivo é o melhor caminho.

8 – MUITA DEDICAÇÃO

Não há como resolver os “problemas” de comportamento dos cães de uma hora para outra. “Educar um filhote, para que ele não consolide comportamentos disfuncionais, para que se torne um cão adulto educado, bem-comportado e equilibrado, demanda conhecimento e dedicação. A boa notícia é que, durante a infância, o cérebro dos cães aprende tudo com muita facilidade”, detalha Camilli. A consultora comportamental acrescenta que é importante, no entanto utilizar a metodologia adequada, com reforços positivos e respeitando o bem-estar e as necessidades do animal. “A má notícia é que, durante a infância, o cérebro dos cães aprende tudo com muita facilidade e isso também se aplica aos comportamentos disfuncionais. Portanto, se o tutor desperdiçar esse período tão importante da vida do seu cão, o trabalho será maior mais tarde. Gosto de dizer que educar um filhote dá muito trabalho durante pouco tempo, para que depois tenhamos o resto da vida de paz”, explica.

9 – INFÂNCIA DURA QUANTO TEMPO?

De modo geral, um cão é considerado um filhote até, pelo menos, os seis meses, quando costuma atingir a puberdade. “Nas fêmeas, a puberdade chega quando elas entram no cio. No caso dos machos, ocorre quando eles desenvolvemos hormônios sexuais”, explica Renata. Nas raças grandes, a puberdade demora bem mais, quando o cão pode manter-se filhote até um ano e meio de idade. Nas raças de cães gigantes, o tempo pode ser de dois anos.

10 – PRIMEIROS CUIDADOS COM A SAÚDE

É importante lembrar que o protocolo de vacinação dos filhotes começa aos 45 dias de vida, com a vacina múltipla canina (geralmente V8 ou V10 – cuja diferença em relação à V8 é que ela possui duas cepas a mais contra a leptospirose). Em seguida, ele receberá de 3 a 4 doses dessa vacina, com intervalos de 4 semanas. As vacinas protegem contra doenças comuns e graves na espécie, são elas: cinomose, hepatite infecciosa canina, parainfluenza, parvovirose, coronavirose e leptospirose. Já a vacina antirrábica é feita em dose única no 4º mês de vida.
A vermifugação é feita nos primeiros 15 ou 30 dias de vida. Depois disso, são necessárias outras 2 doses, com intervalos de 15 dias cada, sempre com a atenção de oferecer vermífugo que seja para filhotes. Uma verminose nessa fase da vida pode atrapalhar, por exemplo, a absorção de nutrientes do filhote, por isso esse cuidado é tão importante. Porém, Renata alerta que esse protocolo de vacinação e vermifugação pode mudar de acordo com a região em que o filhote vive, por isso deve-se sempre seguir as instruções do seu médico-veterinário de confiança.

11 – NUTRIÇÃO EQUILIBRADA E DE QUALIDADE

Uma vez que o filhote tenha desmamado completamente ele pode e deve ter acesso a alimentos completos em nutrientes que precisa, especialmente neste momento de desenvolvimento. Rações de boa qualidade – preferencialmente premium ou super premium – indicadas para a idade do seu pet, já devem oferecer o que ele precisa de acordo com as recomendações do fabricante descritas no rótulo. Caso o tutor escolha fazer uso da alimentação natural, ele precisa consultar um profissional especialista em nutrição antes para que ele elabore a dieta apropriada.

12 – ONDE COMPRAR SEU CÃOZINHO?

“Se você procurar pelo preço que quer pagar, você vai encontrar, mas eu não recomendo que esse seja o parâmetro. Um criador que preze pela saúde, qualidade e temperamento dos seus filhotes vai ter um gasto grande. Consequentemente, o preço dele será maior”, alerta a veterinária, que sugere que o interessado desconfie se o valor do filhote estiver abaixo da média de mercado. “Também fuja de anúncios da OLX, Mercado Livre e da internet de modo geral. Às vezes, nem a foto que utilizam nesses anúncios é do filhote que realmente está à venda. Procure referências do canil com outras pessoas que compraram, pesquise as redes sociais, se têm uma boa apresentação”. Ela ainda sugere uma conversa franca com o criador para saber se ele entende mesmo da raça, perguntando sobre como é o tratamento dos seus cães, quais doenças podem ter etc. “Tente visitar o canil, presencialmente ou virtualmente. Alguns canis não permitem visitas físicas, alguns por questões sanitárias e até de segurança, mas não há porque negar uma visita virtual. E, a meu ver, um canil confiável vende o filhote com microchip e pedigree. O criador pode até não entregar o pedigree por causa de contrato de castração, mas ele tem que ter. Fuja de cães com ‘pedigree inicial’, quando não há a árvore genealógica. Isso é um problema, pois a origem é sempre muito duvidosa”, completa.

Agradecemos a colaboração de Camilli Chamoneé, palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino, pós-graduada em Genética, Biologia Molecular e pós-graduanda em Neurociência Comportamental. É escritora do livro Genética da Pelagem em Cães e idealizadora do primeiro e único curso do mundo sobre Neurociência Aplicada ao Comportamento Canino (NaCCa) e Renata Squarzoni médica-veterinária e coordenadora do curso de especialização em oftalmologiada Anclivepa-SP. Criadora das raças Cavalier King Charles Spaniel e Cavachon pelo canil Lilies Cavaliers.

Por Samia Malas



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