12 manias dos cães que atrapalham a rotina dos tutores

E soluções para que você não sofra mais com elas

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Por mais que a gente ame nossos cãezinhos, alguns hábitos deles podem nos dar bastante dor de cabeça, não é verdade? Saiba como agir diante de alguns dos comportamentos mais comuns.

1. DESTRUIR OBJETOS QUANDO SOZINHO

Uma rotina com pouco estímulo pode levar o cão a destruir objetos para aliviar a frustração de não ter o que fazer. “Isso acontece principalmente com raças com mais energia, como Border Collie, Golden, Labrador, entre outras”, exemplifica Carolina Jardim, especialista em comportamento animal e cofundadora da Turma do Focinho. Outros cães agem assim porque não conseguem ficar sozinhos. “Raças mais apegadas aos tutores farão isso por estarem em sofrimento, como Beagle, Maltês, Dachshund e Whippet”, cita. Quando a raiz do problema é o tédio, deve-se criar uma rotina com gasto de energia física (passeios diários e brincadeiras) e mental (treinamento, comer em brinquedos, explorar ambientes pelo olfato etc.), segundo Carolina. O educador de cães Dante Camacho, fundador da DanteDogWorks, sugere que o local onde o pet fica sozinho tenha opções apropriadas para ele roer e se entreter na ausência do tutor. “Agora, se o seu cão destrói coisas por se sentir isolado, procure um profissional de adestramento e comportamento que trabalhe com técnicas positivas e que seja especialista em ansiedade por separação. Ele te orientará sobre qual a maneira mais segura de ajudar seu cão”, indica Dante.

2. CAVAR BURACOS

Esse é um comportamento natural dos cães, mas raças que originalmente caçavam animais em tocas, como Yorkshire e Dachshund, podem ter maior tendência. “Alguns cavam para deitar-se em uma terra mais fresca, outros para enterrar ossos e coisas valiosas, e outros só para explorar o ambiente. Eles se divertem, gastam energia e interagem com o ambiente de forma saudável”, descreve Carolina. A dica para interromper esse hábito passa pelo enriquecimento da rotina, com passeios, coisas para roer e comida em brinquedos que ele precise explorar para alcançar.

3. FAZER XIXI FORA DO LUGAR

Os cães urinam não só para se aliviar, mas também para se comunicar. Eles fazem em locais que consideramos errados, para marcar território; por estarem com medo ou apreensivos; quando há conflitos com pessoas ou outros cães; ou por não saberem que há um local certo. Para evitar, é importante ensinar o cão o quanto antes onde ele deve urinar. Comece restringindo o espaço, deixe o local do xixi limpo e longe da comida e da água, recompense-o efusivamente quando ele fizer a coisa certa e não dê bronca se ele não seguir as regras. Caso o cão não seja castrado e o comportamento tenha começado a partir de 6 meses, verifique com o veterinário a possibilidade de castrar, pois questões hormonais podem piorar o problema.

4. COMER RÁPIDO DE MAIS

Os cães se desenvolveram para caçar o alimento, explorando o ambiente em busca de comida. Então, para muitos deles, a comida disponível em um pote faz com que comam de forma desesperada, já que não há desafio nessa atividade, segundo Carolina Jardim. Ela conta que os cães com esse hábito geralmente são os que têm maior apetite, como Labrador, Golden, Dálmata e Beagle. Ela explica que retirar a comida do pote ajuda e sugere que a comida seja apresentada em bolas que soltam ração, quebra-cabeças e comedouros lentos. Outro ponto é ensinar o cão a ter autocontrole, esperar por aquilo que quer, para que não fique agitado na hora de comer. Dar a comida aos poucos, em forma de treino, pedindo os comportamentos que o cachorro sabe fazer também é uma opção.

5. SER O “DOIDO DA BOLINHA”

“Um cão que pede o tempo todo que joguemos o brinquedo está buscando interagir com a pessoa ou satisfazer a necessidade de estimulação mental e física. Quando não consegue parar de insistir para que joguem o brinquedo, essa demanda pode se tornar doentia”, afirma Dante. O melhor é ensiná-lo que você só joga o brinquedo se ele “pede” sem latidos ou pulos e pedir que ele responda de um a três comandos diferentes antes de você jogar a bola novamente. Ele também deve entender que, quando você diz “Acabou!”, o brinquedo será guardado. “Aí, vale conduzi-lo a um local calmo e dar algo para ele roer e se acalmar”, recomenda o especialista. Embora qualquer cão possa desenvolver a paixão pela brincadeira, alguns têm maior tendência, como explica Carolina: “cães de pastoreio (Border Collie, Pastor de Shetland) são muito sensíveis a movimentos, e a bolinha supre a necessidade de controle do movimento. No caso dos retrievers (Golden, Labrador), a necessidade é trazer a caça, e a bolinha cumpre esse papel”. Ela indica que a bolinha não fique disponível no ambiente o tempo todo e que seja estipulada a hora de jogar bolinha, além de disponibilizar outras atividades estimulantes (passeio, brincadeiras com água e hora de roer) e um momento do relaxamento.

6. PULAR NAS PESSOAS

Muitos cães se acostumam a pular, especialmente nos momentos de reencontro, quando estão ansiosos para se comunicar com as pessoas. Para Dante Camacho, para reduzir os pulos, o tutor deve se abaixar ao cumprimentar o cão e pode ensiná-lo a ir para a caminha sempre que alguém chegar, para então receber atenção e petiscos. Outra alternativa é acostumá-lo a trazer um brinquedo quando a pessoa chega. De acordo com Carolina, o ideal é ensinar o cão a ganhar atenção com algum comportamento de calma. Dessa forma, ele descobre que, ao ir para a caminha e esperar, ele ganha atenção, carinho e até mesmo acesso a locais onde queira ir, comida, brinquedo etc. Ir para a caminha, ou simplesmente aprender a sentar e esperar, pode ser muito funcional não só para a situação dos pulos.

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Cães se acostumam a pular nas pessoas quando estão ansiosos para se comunicar com elas

7. LAMBER AS VISITAS

Para Dante Camacho, há algumas hipóteses para a atitude. Alguns cães gostam do sabor da pele das pessoas; outros podem lamber para chamar atenção ou se mostrar submissos – como fazem os filhotes, que lambem a boca dos cães adultos na procura de alimento; e outros lambem como forma de cuidado (hipótese menos provável, segundo Dante). Para eliminar o hábito, recomenda-se guiar o cão para um comportamento incompatível com a ação de lamber. Um exemplo seria estimulá-lo a segurar uma pelúcia ao interagir com visitas ou, ainda, sentar ou deitarem um local onde não consiga alcançar a pessoa. “No primeiro sinal de lamber, interrompa o comportamento e guie o cão para a alternativa que tiver sido treinada”, diz.

8. CHEIRAR AS PARTES ÍNTIMAS

Carolina explica que os cães se relacionam com o mundo pelo olfato. E é nas partes íntimas que está a maior concentração do odor, tanto das pessoas como dos animais, então eles farejam para nos identificar e nos conhecer melhor. Dante menciona que o hábito é mais comum em cães de porte médio e grande, já que estão naturalmente mais próximos das partes íntimas dos humanos, e reforça que o ato não é anormal no mundo da comunicação canina, mas, quando gera incômodo, deve-se guiar os pets a outra atividade quando iniciam esse comportamento. “Se for recorrente, o ideal é manter o cão na guia, para impedi-lo, e guiá-lo para um comportamento diferente, como sentar-se para receber o contato ou direcionar-se a outro local onde não tenha acesso à pessoa. Quando ele parecer se acalmar, libere-o para o contato, mas esteja pronto para retirá-lo se voltar a agir indevidamente.”

9. CHORAR PARA TER ATENÇÃO

Cães filhotes choramingam por se sentirem sozinhos, com fome ou frio, e a mãe reage rapidamente. Mas, após o amadurecimento, as vocalizações estão mais relacionadas às reações humanas. “Se o cão nota que uma vocalização chama atenção das pessoas, há uma grande chance de voltar a apresentar essa vocalização para ter mais atenção”, afirma Dante. Para ele, é importante saber se, além da demanda por atenção, há desconforto físico ou medo. “E, quando o cão chorar, peça que ele responda a um ou mais comandos, parabenize-o e volte a fazer o que estava fazendo. Sempre troque a ordem dos comandos e o número de coisas que pede para ele fazer, para que continue atento a seus sinais. Com esse processo, ele tenderá a pedir menos atenção e a ficar mais calmo a seu lado.”

10. LATIR AO OUVIR A CAMPAINHA

Campainha e interfone costumam ser ouvidos junto com latidos ou porque os cães têm medo do barulho, ou porque o associam às pessoas que irão chegar e ficam agitados, ou porque emitem o chamado latido de alerta (mais comum em raças como Spitz, Yorkshire e Pinscher). Se a causa for medo, vale fazer um treino de dessensibilização. Tente mostrar que o som significa algo legal, ou seja, a cada vez que acontece, ele ganha um petisco delicioso. Mas, se for por amor às pessoas, o treino deve ser de autocontrole, para que ele aprenda a ficar calmo para receber atenção. Aqui vale aquele mesmo treino de ensiná-lo a ir para a caminha e, aos poucos, aumentar a duração, para que ele consiga perceber que, indo pra caminha, ganha atenção.

11. LATIR PARA OUTROS CÃES

Grande parte dos casos tem a ver com falta de socialização quando o cão é filhote. A maioria dos cães que late no passeio faz isso por medo. E, como estão presos na guia, em vez de fugir do outro pet só conseguem atacar, como forma de afastar o outro. Como dá certo, isso vira um hábito. Outros reagem por frustração, porque querem interagir com os cães que passam e se revoltam por estarem na guia. A solução é dessensibilizar o cão de forma gradual. Ensine-o a sentar e olhar para você, pratique em casa e depois na rua, longe de outros cães. Treine distâncias grandes de outros cães e sempre que seu cão os notar, peça para que sente e olhe para você. Recompense e repita várias vezes. Vá diminuindo as distâncias até que ele entenda que, quando estiver na guia, não terá acesso, mas também não precisa se preocupar, pois você será o ponto de referência mais importante na situação.

12. PUXAR A GUIA

Cães puxam porque nós andamos mais lentamente que eles e sempre em linha reta, o que para eles não é natural, pois querem explorar os ambientes de forma livre. Também o fazem porque, em geral, o espaço que têm para agir no passeio é curto – já sentem a pressão da guia ao andarem 30 cm para um lado – e porque aprendem que puxando conseguem mostrar seus objetivos, como a direção onde pretendem ir, por exemplo. Uma dica é aumentar o tamanho da guia usada no passeio. Como treino, ensine-o a vir até você e tocar sua mão e recompense-o em casa e na rua. No passeio, pare de caminhar quando ele puxar a guia a ponto de seu braço ser esticado chame-o de volta, peça que toque sua mão e recompense-o. Repita até ele começar a puxar menos. Vale também ensinar que, quando quer alguma coisa, ele deve ter um comportamento de espera, como olhar para o tutor, sentar-se ou fazer qualquer coisa que demonstre boa comunicação.

Agradecemos a colaboração de

Carolina Jardim, Treinadora de cães certificada internacionalmente pela CPDT-KA; psicóloga, mestranda em psicologia experimental pela USP, pós-graduada em comportamento animal pela UNIFEOB. Cofundadora da Turma do Focinho. Oferece assessoria especializada para tutores e treinadores de cães surdos. Ministra aulas e palestras na área de comportamento e já participou de dezenas de eventos e congressos nacionais e internacionais. Professora de pós-graduação na Faculdade Qualittas e na Universidade Tuiuti.
www.turmadofocinho.com

Dante Camacho, Educador de cães certificado internacionalmente, com 25 anos de experiência; competidor em esportes caninos; palestrante internacional em mais de 10 países; fundador da DanteDogWorks e do Adestramento Funcional, uma metodologia de treinamento de cães inovadora e positiva; produtor de cursos online de educação e comportamento caninos com mais de 1000 alunos em todo o Brasil.
www.dantecamacho.com

Por Lila de Oliveira



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