A descoberta do Cão de Crista Chinês

Ter a pele exposta como a nossa faz deste cão um animal de estimação exótico. Mesmo assim, aos poucos ele vem deixando de ser raridade em nosso país

Exemplar de Márcia Freire/ Iris Azul Kennel. Cão: Iris Azul Hugo Boss at Legen

Surpreendente, divertido, incomum. Pode-se dizer que todos esses atributos combinam com o Cão de Crista Chinês na versão de pele exposta. Coberto apenas por crina, “meias” e pluma na cauda, há quem o ache feio, mas existem também os que simpatizam com o topetudo. Essa polêmica foi bem mostrada no final da novela I Love Paraisópolis, da TV Globo, quando Bisteca, um peladinho desses, apareceu nos últimos capítulos. Mas, mesmo quem estranha o cãozinho num primeiro momento, logo se rende a seus encantos.
A versão “pelada”, assim chamada pelo padrão oficial da Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), é também conhecida como hairless (sem pelos). Já a outra modalidade, toda coberta por um véu de pelos semilongos, é a powder puff. Fora esse detalhe, pelados e peludos se assemelham e são fundamentais para a raça. Tanto que nos pedigrees da CBKC nem mesmo é informado qual tipo de pelagem o exemplar tem.

Johnny. Arquivo Canil Lapinus

Todo Cão de Crista Chinês carrega um gene recessivo para o véu de pelo semilongo. Na maioria dos partos, a quantidade de filhotes hairless e powder puff é parecida, o que não impede que às vezes nasça uma ninhada só de pelados ou de peludos. Acasalar dois hairless, mesmo com pais powder puff, pode causar a morte de parte dos embriões e a reabsorção deles pelo organismo. A recomendação é que, pelo menos a cada duas gerações, um dos pais seja powder puff.
A raça tem dois tipos físicos. “O predominante é o cobby, de ossatura média em vez da fina, típica do deer”, afirma Paloma Pegorer. Ela é dona do melhor canil de Cão de Crista Chinês em 2015 pelo ranking Dog Show, o canil Lapinus, de São Roque, SP. É também juíza especializada na raça.

Exemplares de Paloma Pegorer/ Arquivo do canil Lapinus (filhote true hairless) respectivamente.

Os exemplares se diferenciam bastante com seu colorido sem restrições. Nos hairless há, ainda, as diferenças de crista, ‘meias’ e plumas, que são ralas no true hairless, aumentam de volume no hairy hair less e se tornam muito abundantes no very hairy hairless. Nesses exemplares mais peludos, é normal alguns pelos aparecerem fora dos locais ideais. “Com crista, ‘meias’ e plumas mais peludas, o visual fica mais atraente”, opina o proprietário do segundo melhor Cão de Crista Chinês de 2015 pelo ranking CBKC, Sergio Pinho Alves, do Argos’ Legacy Kennel, de Recife.

 

 

 

Dono Ideal

O Cão de Crista Chinês é pequeno no porte e grande no afeto (o macho mede de 28 a 33 centímetros de altura na cernelha). “Precisa de alguém que lhe dê colo, carinho, atenção e curta dividir com ele momentos de mútua companhia”, menciona Sérgio, que tem cinco exemplares no apartamento. “Seu dono precisa apreciar o convívio com cão de colo, gostar de receber mil beijos por dia e não se incomodar em terde falar com estranhos em cada passeio”, ressalta Paloma. 
A raça se adapta bem à vida dentro de casa. “Não há cão melhor para apartamento”, assegura Maria Alice Bicudo, médica-veterinária e criadora da raça pelo Iris Azul Kennel, de São José dos Campos, SP. “Mas é importante gostar de interagir com esse cãozinho, brincar, sair para passear e levá-lo junto nas viagens”, acrescenta ela, que já conviveu com dez exemplares adultos da raça. No parque é possível ver o Crista Chinês disparar correndo e até dar saltos repentinos. “O dono só não pode se incomodar se alguém disser que o cão é feio”, brinca Maria Alice.

Paloma Pegorer/Arquivo do canil Lapinus. Cão: BISS Ch. Lapinus Southern Soul

O Crista Chinês se deixa pegar e abraçar, inclusive por crianças (quando criado junto desde filhote não costuma ser mal-humorado com elas, diferentemente de outros cães de pequeno porte).
Não é latidor, mas caso se sinta sozinho ou não tenha sido devidamente educado, pode uivar. Por sinal, essa é a principal causa de abandono da raça, segundo constatou organização britânica de resgate de Crista Chinês The Chinese Crested Club of Great Britain Rescue.
Maria Alice recomenda a quem não pode passar boa parte do dia em casa, que dê ao cãozinho a companhia de outro cão. Além disso, a raça precisa de liderança consistente para que não acabe determinando as regras. Costuma eleger um dono preferido sem deixar de ser leal a todos da casa. 

 

 

Expansão

Em 2004, foram registrados na CBKC apenas 13 Cães de Crista Chinês, 106ª posição do ranking de registros. Em 2014, os registros aumentaram para 259, 53ª posição. A criação é ainda pequena, mas houve evidente aumento do interesse pela raça.

Luka Santos/ Arquivo Argos’ Legacy Kennel. Cães: Lapinus Go Go Girl (à esq.) e Oriental Champs Leroy Thierry (à dir, 2º melhor da raça: ranking CBKC 2015)

Cuidados

Aquecimento: No frio é preciso cobrir o Cão de Crista Chinês com roupinhas (nunca de lã, pois a raça é alérgica a ela) e lhe proporcionar locais aquecidos.
Alimentação: “Deve ser de boa qualidade e em quantidade que, aliada a exercício físico regular, não engorde”, orienta Maria Alice. “Para a saúde da pele, a dieta ideal é isenta de grãos”, orienta Paloma. “Como esse tipo de ração ainda é pouco disponível no Brasil, uma opção é o preparo caseiro da comida.”
Proteção solar: Os exemplares de pele clara são sensíveis a queimaduras. Protetor solar ajuda, assim como evitar sol forte.
Pele do hairless: Pode se ferir com arranhões. Lesões tipo “espinhas” aparecem com frequência. “Se não piorarem, não exigem tratamento, já que não causam incômodo”, explica Maria Alice. “O segredo da pele saudável é mantê-la limpa e dar alimentação correta”, afirma Paloma.

Paloma Pegorer/Arquivo do canil Lapinus, Marcia Freire/Arquivo Iris Azul Kennel. Cão: Dumdum Diddle At Legend e Paloma Pegorer/Arquivo do canil Lapinus

Tosa: No hairless é feita com lâmina bem baixa nos pelos fora da crina, das luvinhas e da cauda. Não faça acabamento com gilete nem com cremes depilatórios: é desnecessário e pode causar ferimentos. Nos powder puffs tosa-se com lâmina bem baixa apenas o focinho e o peitoral em forma de “V” ou “U”. A tosa das orelhas é opcional nos dois casos.
Talas de orelhas: São postas por volta dos 40 dias de vida e tiradas quando as orelhas ficarem em pé sozinhas por três a quatro dias. Se as orelhas caírem durante  a troca de dentes, por volta dos 4 meses, será preciso persistência e saber como fazer (é indicado obter orientação com o criador).
Dentes: Dentição incompleta é comum nos hairless. Já os powder puff devem ter dentição completa.
Exames de DNA: A raça tem propensão a PRA (atrofia progressiva de retina) e a PLL (luxação de lente primária). “A boa notícia é que se os pais forem clear (isentos da doença), os filhotes serão isentos também”, informa Paloma. “O exame é essencial, apesar do custo considerável, pois as duas doenças provocam dor, desconforto e podem levar à cegueira”, ressalta. Se todos os avós da futura ninhada forem clear, não haverá necessidade de testar os pais. Veja lista de laboratórios que fazem esses exames por correio em www.offa.org/dna_labs.html.
Onde comprar: pelas peculiaridades da raça, para assegurar seu bem-estar é importante contar com as orientações de criador experiente.

Aos criadores entrevistados os nossos agradecimentos:
Maria Alice Bicudo, do Iris Azul Kennel, de São José dos Campos, SP. E-mail: [email protected]
Paloma Pegorer, do canil Lapinus, de São Roque, SP. Site: www.chinesecresteddogs.com.br
Sergio Pinho Alves, do Argos’ Legacy Kennel, de Recife. Site: www.argoslegacy.com.br

Reportagem, coordenação de fotos e texto: Marcos Pennacchi

 

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