Cuidados vão muito além de alimentar e levar ao veterinário

Os cães e gatos são seres sencientes, ou seja, são capazes de sentir, de vivenciar sentimentos como dor, angústia, solidão, amor, alegria, raiva etc., e a eles devemos nossa proteção, que é estabelecida em leis e regras como no Brasil, que os abraça desde a Constituição Federal até as políticas públicas que façam valer o direito de serem cuidados e protegidos.
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Atualmente, e com a pandemia, a proximidade entre os pets e os seres humanos, seus tutores, tornou-se ainda mais evidente com a convivência e, considerando inclusive aspectos psicológicos, eles foram mais intensamente integrados à nossa família.
Donald Broom, que criou a disciplina de bem-estar no curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cambridge, em 1986, adotou o seguinte conceito: “o bem-estar de um indivíduo é o seu estado em relação às suas tentativas de se adaptar ao seu ambiente.
”O Conselho Federal de Medicina Veterinária, através da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar animal, considera que o alto grau de bem-estar pode ser avaliado quando o animal tem boa saúde e pode expressar seu comportamento natural, como o cão cavar, um porco fuçar, o pássaro voar etc.
Assim sendo, mundialmente se reconheceram as cinco liberdades intrínsecas ao bem-estar animal, que são: a liberdade de sede, fome e má nutrição; a liberdade de dor e doença; a liberdade de desconforto; a liberdade para expressar o comportamento natural da espécie; a liberdade do medo e do estresse, compreendidas dentro das esferas física, mental e natural. E o médico-veterinário tem a capacidade de identificar afrontas às cinco liberdades, bem como está obrigado a denunciá-las às autoridades competentes para punir eventuais infratores.
Assim, saiba como avaliar se você está proporcionando as cinco liberdades aos seus pets:
1. LIVRE DE FOME E DE SEDE
Oferecer água limpa e fresca em vasilhames higienizados diariamente sem dúvida contribui para a boa saúde do animal de estimação, lembrando da peculiaridade de felinos que apreciam a água da torneira e de fontes que têm fluxo contínuo, nos convidando a prestar mais atenção na quantidade ingerida ao longo do dia.
Por outro lado, o fornecimento de alimentos secos e úmidos de boa qualidade e que atendam, por exemplo, à necessidade da faixa etária, sempre que possível deve ser orientada pelo médico-veterinário. Fácil é entender que devem existir diferenças entre tipo de alimentos, primeiro de acordo com a espécie, depois com relação a atividade e porte de cães que podem estar em treinamento em comparação com um cão idoso e que tem exigência nutricional totalmente adequada à sua condição física.
2. LIVRE DE DESCONFORTO
O ambiente onde o pet passa a maior parte do tempo deve oferecer um abrigo com temperatura, superfícies adequadas e áreas confortáveis, protegidos assim da chuva, frio ou do calor excessivo.
3. LIVRE DE DOR, FERIMENTOS E DOENÇAS
Um pet saudável se alimenta, bebe água, tem seus hábitos diários constantes, e qualquer fato que lhe cause dor ou uma doença resultará em alteração de comportamento que pode indicar necessidade de avaliação clínica. Sabemos que existem patologias que podem ser transmissíveis entre animais e seres humanos e que vacinas e antiparasitários podem preveni-las, garantindo a integridade física e o bem-estar do pet.
4. LIBERDADE PARA EXPRESSAR O COMPORTAMENTO
A qualidade de vida dos pets pode ser medida pela expressão da espécie num ambiente que não restrinja seu comportamento natural. Atualmente tem-se falado muito em enriquecimento ambiental para os estimular com atividades, objetos ou brinquedos para terem suas necessidades atendidas. Muito comuns são as prateleiras instaladas em diversos níveis para os gatos, bem como pneus e garrafas pendurados em cordas para os cães. A restrição de seus hábitos naturais pode resultar em manifestação de comportamentos anormais. Assim, o cão identifica seu ambiente, outros animais que compartilham seu espaço, a busca por alimento e água e é preciso deixá-lo explorar e cheirar o ambiente em que vive, como faria na natureza. Ele também precisa de atividade. Por exemplo, uma caminhada auxiliará no alívio de estresse. O contato com pessoas e outros animais de estimação faz com que os cães se sintam socializados e, ao acariciá-los, podemos reduzir seus níveis de ansiedade ou depressão.
Os gatos são mais independentes, entretanto, requerem atenção e interagem com os moradores da casa. Sabem demonstrar carinho, são limpos, prezam por sua higiene e não é necessário o treino para usar a caixa de areia como banheiro. Adoram escalar, controlar e observar tudo do alto e as prateleiras instaladas nas paredes da casa são ótimas opções de enriquecimento ambiental para os felinos. Outra habilidade felina é a caça, um comportamento natural que deve ser estimulado para garantir seu bem-estar e pode ser feito através de bolinhas e brinquedos que podem ser perseguidos.
5. LIVRE DE MEDO E ESTRESSE
Estados afetivos dos animais (sentimentos ou emoções) são os elementos chave na definição da qualidade de vida, e estar livre de sentimentos como o medo fará com que o pet seja mais feliz e se reconhecerá nele a manifestação de seu bem-estar.
Portanto, “não há diferença fundamental entre humanos e animais na capacidade de sentir prazer e dor, felicidade e miséria.”(Charles Darwin).
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Agradecemos a Dra. Laura Celi de Souza Silva Médica-veterinária da Clínica Veterinária da Universidade Paulista (UNIP) – Campinas SWIFT. Especialista em Radiologia Veterinária, Advogada, Conselheira Consultiva da Associação de Médicos Veterinários de Jundiaí e Região-AMVEJUR e da Federação das Entidades Veterinárias Regionais do Estado de São Paulo-FEVERESP.
E-mail: [email protected] Instagram da Medicina Veterinária UNIP-Campinas: veterinaria.unip.swift
Por Dra. Laura Celi de Souza Silva
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