
É comum encontrar donos de animais de estimação que nunca pensaram em seus pets como potenciais doadores; não por não reconhecerem a importância do ato, mas, muitas vezes, porque jamais pensaram no assunto, já que seus pets nunca precisaram de doação. Por isso, é importante ressaltar: a transfusão de sangue é, em muitos casos, o limiar entre a vida e a morte de um animal. As hemoparasitoses, como a doença do carrapato, e os procedimentos cirúrgicos com perda sanguínea aguda são as principais ocorrências que demandam reposição.
A doação é um ato relativamente simples. Não requer mais de 15 minutos e não ocasiona sofrimento ao animal, desde que o procedimento seja realizado por médico-veterinário nas condições e nos ambientes tecnicamente ideais. O mesmo deve ser observado para a transfusão. Esta é, aliás, uma das exigências mais importantes: qualquer um dos dois procedimentos ser realizado pelo médico-veterinário, já que ele é o único profissional com capacidade técnica para avaliar a aptidão do doador, para colher o sangue e para aplicar o sedativo – nos casos em que houver necessidade – e para realizar a transfusão sanguínea.
Como a doação entre animais ainda não se tornou uma prática comum, os bancos de sangue nem sempre têm material disponível para o momento em que o animal precisar. No caso dos cães, há 13 tipos diferentes de sangue, o que significa dificuldade maior para encontrar um doador compatível. Assim, para quem nunca havia pensado antes na hipótese de tornar o seu pet um doador, faço a seguinte consideração: quanto mais doadores houver, maior será a variedade de tipos sanguíneos disponíveis e a possibilidade de uma vida animal ser salva.
Nem todo animal pode ser doador. Há diversos pré-requisitos a observar, como o histórico de saúde, a condição física, o peso, o temperamento dócil, a vacinação em dia, a idade, a vermifugação etc. Além disso, a cada doação, o animal deve passar por uma bateria de exames clínicos e laboratoriais, como hemograma, avaliação renal e hepática e testes específicos para detecção de doenças que podem ser transmitidas pela transfusão sanguínea.
Procure o médico-veterinário do seu animal de estimação e converse com ele sobre o assunto para saber como doar, tendo em mente que, além de todas as considerações que acabo de fazer, a doação de sangue trata-se também de um ato de solidariedade.