Equipamentos para adestramento: conheça seus usos e funções

Projetados para facilitar a execução de tarefas e a comunicação com o cão, eles permitem realizar atividades de forma eficiente, prática e segura, desde que utilizados de forma correta

Foto: Arquivo Vale da Neblina

Para decidir quais os métodos e as ferramentas de ensino adequados a cada cão, os profissionais de adestramento devem levar em consideração o porte, a raça, a idade, a força, o temperamento e o comportamento de cada indivíduo. “Cães menores, como Chihuahuas e Poodles, podem se beneficiar de coleiras leves e peitorais delicados, enquanto raças maiores, como Labradores e Pastores Alemães, podem precisar de equipamentos mais robustos e duráveis, coleiras no pescoço, guia unificada, colar de elos ou guia de lona”, cita o adestrador Ivan Chitolina.
“A idade do cão também é um fator importante, pois os materiais podem ser substituídos conforme o indivíduo vai crescendo, e os critérios relacionados aos comportamentos vão mudando”, destaca Cesar Beux, proprietário do Centro de Adestramento Vale da Neblina. “Podemos utilizar um peitoral e uma guia retrátil em um parque e um peitoral e uma guia curta em um ambiente urbano em um filhote de 3 a 4 meses, que está ganhando confiança e explorando o mundo. Mas, conforme ele for crescendo, vamos exigir dele um maior comprometimento com seu condutor: que caminhe ao lado sem pular em terceiros, sem puxar, e que não seja reativo. Para tanto, pode ser necessário substituir esses equipamentos por coleira, guia unificada ou colar de elos”, exemplifica Cesar. Confira, a seguir, detalhes sobre os equipamentos mais usados.

Foto: Arquivo Vale da Neblina
Peitoral no treinamento de um cão de guarda
Foto: Arquivo Vale da Neblina
Uso de peitoral na fase inicial de sociabilização de um filhote

GUIA LONGA E RETRÁTIL

Trata-se de uma opção que proporciona maior liberdade ao cão, desde que ele seja mantido em um raio seguro e próximo ao condutor. “É o equipamento ideal para ensinar o cachorro a permanecer próximo em áreas públicas e retorna quando for chamado, e pode ser utilizado com todos os cães. As guias longas geralmente medem 3,5 ou 10 metros. O mosquetão deve ser proporcional ao porte do cão, sendo que os de latão são os mais resistentes”, afirma Cesar.

GUIA CURTA

Pode ser do tipo “tape” ou corda e deve ter entre 1 e 1,5 metro de comprimento. É um equipamento que tem como objetivo manter tanto o cão quanto terceiros em segurança, fazendo com que ele esteja sempre próximo ao condutor.

PEITORAIS

Devem ser dimensionados de acordo com o porte do cão. “Os peitorais são utilizados no processo de sociabilização de filhotes, para aumentar a confiança de cães inseguros ou atrelados ao cinto de segurança nos passeios de carro. Também podem ser um material de trabalho para cães de faro, cães de segurança e cães assistentes”, informa Cesar. Ele alerta que peitorais não devem ser uma opção para cães reativos ou agressivos. “Este é um material que pode fornecer autonomia ao cão. Então, quando usados em indivíduos reativos ou agressivos, o comportamento deles é potencializado e o condutor perde o controle das ações do cão”. Os peitorais também não são indicados para pets que puxem no passeio, pois isso gerará desconforto a ambos (tutor e cão), além de possíveis lesões. Assim, sua vida social será desencorajada, o que acaba reduzindo sua qualidade de vida.

GUIA UNIFICADA

A guia unificada é uma ferramenta 2 em 1, na qual a extremidade do material que vai junto ao cão não possui um mosquetão e sim veste o pescoço, simulando um colar que varia de dimensão conforme o cão tenta sair do controle de seu condutor. “É um material que fornece um nível de segurança acima da coleira”, destaca Cesar Beux.

COLEIRA

Equipamento ideal para passeios diários, especialmente para cães mais tranquilos e dóceis, as coleiras são reguladas em um tamanho fixo junto ao pescoço do cão. “Por ser um material de contenção – que, quando acionado através da guia, gera desconforto ao animal –, não deve ficar tensionada de forma contínua, e sim ser acionada em casos de necessidade”, esclarece Cesar.

Foto: Foto: Wirestock/iStock
Uso de focinheira e guia unificada na aproximação e criação de vínculo de
forma segura com um cão agressivo

COLAR DE ELOS

Segundo Ivan Chitolina, a utilização do colar de elos em inox só deve ser feita quando outros equipamentos (como os peitorais) não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos que o animal oferece. Ele explica que, por se ajustar ao pescoço, funciona como meio de comunicação com o cão e que não se deve aplicar uma pressão contínua e prolongada no pescoço do animal, já que isso causaria a perda da sua capacidade respiratória, entre outros danos. O adestrador recomenda que se evite o uso em cães de porte pequeno, a não ser que se trate de um profissional experiente e que este já tenha tentado todas as outras alternativas. Cesar Beux chama atenção para o fato de que é comum as pessoas tentarem utilizar colares de elos por conta própria e, então, perceberem que o cão está se “sufocando”. Isso acontece, segundo ele, quando o cão não passou por um treinamento e o material não está sendo usado de maneira correta. “O certo seria procurar um profissional para ensinar o cão a caminhar corretamente ao lado do humano”, afirma.

COLAR ELETRÔNICO

Deve ser utilizado por profissionais qualificados ou sob a orientação deles e em casos específicos, como na reabilitação de cães agressivos que não tenham tido sucesso com outras ferramentas e técnicas. “Ao contrário do que muitos pensam, o colar eletrônico não dá choques. Ele gera estímulos progressivos que fazem o cão mudar o foco de suas ações. Ele também tem a função de vibração e se mostra uma ferramenta eficaz no treinamento de cães surdos. De forma simples, podemos associar a vibração do colar ao chamado do dono e, ao regressar, recebemos o cão com muita recompensa”, conta Cesar.

GENTLE LEADER

O cabresto ou gentle leader é um equipamento que fica atrelado ao focinho do cão. “Notem como as ferramentas são progressivas: peitoral, ao tórax; coleira e colar de elos, ao pescoço; e cabresto, à extremidade do cão, onde ele consegue fazer menos força. Ou seja, sem que o condutor domine técnicas ou tenha força para conter seu cão, ele pode ter seu companheiro ao seu lado sem puxá-lo”, ressalta Cesar. Uma aplicação interessante deste material, é em cães assistentes, uma vez que o usuário não pode ser puxado de forma alguma.

FOCINHEIRA

Além de ser fundamental para cães agressivos ou reativos, todos os cães deveriam ser ensinados a aceitar o equipamento de forma tranquila. As focinheiras corretas para passeios e treinamento devem permitir que o cão abra sua boca, receba petiscos e beba água.

Nossos agradecimentos:

Cesar Augusto Beux Proprietário do Centro de Adestramento Vale da Neblina; treinador de cães e competidor na Modalidade Mondioring; fornece mentorias a adestradores; vice-presidente do Kennel Clube de Caxias do Sul; e árbitro de adestramento – CBKC. Instagram: @cesarbeux

Ivan Chitolina Adestrador há 19 anos, realiza atendimento presencial e online; ministra cursos e seminários sobre comportamento canino e análise do comportamento aplicada a soluções de problemas comportamentais; realiza consultorias para manejo comportamental em day care; e produz conteúdo sobre comportamento canino. Psicólogo clínico e pós-graduando em terapia cognitivo comportamental. Instagram: @ivanchitolina

Por Samia Malas



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