Já ouviu falar em feromônios?

Saiba como essas substâncias podem ser úteis na relação com seu cão ou gato
feromônios
Foto de Regina Motta

Feromônios: o comportamentalista Alexandre Rossi defende o uso dessas substâncias para ajudar, em alguns casos, a tratar ou prevenir problemas comportamentais em cães e gatos.

Para os cientistas, já é fato que muitos animais também se comunicam por odores. Parte dos cheiros tem a capacidade de alterar o comportamento de outros animais da mesma espécie, atuando como se fossem um hormônio externo, sendo chamados de feromônios. Isso não quer dizer que os animais tenham controle sobre essa comunicação ou que a percebam.

Cães e gatos são sensíveis a feromônios
O que talvez você não saiba é que nossos cães e gatos também podem ter o comportamento alterado por feromônios. Foi o que diversos estudos e especialistas em comportamento animal demonstraram.

Feromônios sintéticos para promoção do bem-estar
Por meio da manipulação dos feromônios, podemos fazer com que um cão ou gato se sinta mais confortável em uma situação estressante, por exemplo. Mas a extração das substâncias químicas secretadas naturalmente pelos animais e responsáveis por esses odores pode ser complicada e nada prática. A boa notícia é que foi possível identificar e copiar algumas moléculas que produzem a efetividade dos feromônios. Existem hoje, portanto, feromônios sintéticos capazes de nos ajudar a promover bem-estar para os nossos animais e, em alguns casos, úteis para prevenir problemas comportamentais ou ajudar a tratá-los.

Contra-indicação e restrições
Os feromônios sintéticos, tanto para cães quanto para gatos, não apresentaram efeitos colaterais e podem ser utilizados concomitantemente com outros medicamentos e terapias comportamentais.

Indicações específicas
De maneira geral, podemos utilizar esse tipo de terapia para reduzir o estresse e aumentar as sensações de bem-estar, tanto do gato quanto do cão. Os feromônios para gatos não funcionam em cães e vice-versa. A forma de administração também pode variar de acordo com o ambiente e com o problema apresentado.


As duas maneiras mais comuns são por difusor e por spray. Os difusores espalham melhor o odor no ambiente, enquanto os sprays marcam um local específico da casa, como a caixinha de transporte. Resultados relevantes foram demonstrados em situações específicas, tais como demarcação de xixi pelos gatos e adaptação de cães a ambientes novos. É importante notar que esses e outros problemas de comportamento podem ter diversas causas e elas precisam ser investigadas. Muitas vezes, a alteração do ambiente e do comportamento das pessoas é fundamental e isso nunca deve ser negligenciado.


A seguir vou citar alguns usos mais comuns de feromônios, já testados cientificamente. É importante sempre verificar com um médico-veterinário se o gato está saudável e se pode existir algum problema fisiológico que esteja colaborando para o problema apresentado.

Demarcação com urina por gatos É um dos problemas mais relatados por donos de gatos. Esse xixi normalmente não é feito na posição normal, ou seja, agachado. O gato fica de costas para o local que irá demarcar e borrifa a urina para trás. Para evitar esse comportamento, além de aumentar a quantidade de caixas de areia à disposição do gato e de evitar situações estressantes para ele, pode-se borrifar o feromônio específico nos locais onde esteja ocorrendo a demarcação.

Móveis arranhados por gatos
Os gatos também arranham menos os móveis que foram borrifados com feromônios. Mas, até o felino aprender onde pode e onde não pode arranhar, a substância deverá ser borrifada diariamente sobre as superfícies proibidas. Os hormônios ajudam a criar um hábito no animal, mas o condicionamento para arranhar os locais corretos, como arranhadores, e não a mobília, por exemplo, deve ser feito em conjunto com terapia por meio de feromônios.

Contato com visitas e outras pessoas estranhas
Algumas horas antes de receber amigos, pode-se utilizar a substância para reduzir o medo demonstrado por gatos na presença de visitas ou de pessoas estranhas a eles e evitar que fiquem estressados demais.

Brigas entre gatos
A agressividade entre gatos que vivem juntos também diminui com o uso de feromônios, mas não em todos os casos, já que alguns gatos ficam ainda mais agressivos com os demais.

Não se sabe direito o porquê de isso ocorrer, mas talvez esteja relacionado com o aumento da coragem ou, ainda, com o conflito entre informações visuais e olfativas, quando o gato percebe um cheiro amigável, mas enxerga um inimigo, conflito que poderia aumentar a agressividade e a ansiedade. Se for esse o caso, pode-se fazer um treino de tolerância aos poucos, mantendo os gatos que brigam separados e aproximando-os gradativamente.

Ansiedade de separação em cães
Cães são animais extremamente sociais e desenvolvem com frequência comportamentos ansiosos quando são deixados sozinhos. Existem diversas técnicas comportamentais para diminuir a ansiedade, mas o efeito é ainda melhor com o uso concomitante de feromônio específico.

Cães com medo de fogos de artifício
Fogos de artifício e trovões podem deixar alguns cães extremamente assustados e estressados. A utilização de feromônios também é bem-vinda nesses casos. A presença da substância no ambiente reduz o estresse e os comportamentos ligados a ele. No entanto, como nos demais casos, é importante também a modificação do ambiente para proporcionar maior segurança, conforto físico e psicológico para o animal.

Estresse dos cães durante viagens de carro
Um outro estudo também mostrou diminuição significativa dos sinais de estresse e de enjoo apresentados por cães quando viajam de carro. Tais sinais incluem salivar, vomitar, urinar, defecar e babar.

Cães medrosos com dificuldades de sociabilização
A sociabilização ocorre com mais tranquilidade e de forma mais eficaz quando há presença da substância de feromônio específico no local de treinamento, que pode ser uma sala onde cães e pessoas se reúnem ou mesmo dentro da própria residência onde mora o animal.


Alexandre Rossi é sócio-fundador da Cão Cidadão, zootecnista (CRMV – SP 02267/Z), mestre em psicologia, graduando de medicina veterinária e membro do Conselho de Bem-Estar Animal do
CRMV-SP (BEA) e da Association of Pet Dog Trainers (APDT)

 


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