Pit Monster: milhares de admiradores

Ele tem no nome o que deve apresentar fisicamente: corpo robusto e avantajado, de musculatura evidente e ossos largos

Foto: Arquivo do canil Sangreal Brasil/Cão: Garotinha de Ipanema Sangreal Brasil

Esse cão causa impacto por diversos aspectos: “Os principais, para mim, são sua expressão imponente, densidade óssea e musculatura”, afirma Pedro Sangreal, do canil Sangreal Brasil, de Guaratinguetá, SP. “O Pit Monster é muito forte, mas o que normalmente mais chama atenção das pessoas é o tamanho da cabeça e o fato de o crânio ser bem desenhado e poderoso, com focinho maçudo e músculos da mandíbula bastante pronunciados”, opina Lucas de Oliveira, do canil Lucaspitkennel (LPK), de Sorocaba, SP. “A primeira frase de quem não conhece a raça é ‘que Pit Bull forte’. Já a segunda é ‘nossa, como são bonzinhos’ e mostra a perfeita união entre robustez e docilidade, que cativa todos os públicos, inclusive aqueles que têm receio de cães bulls”, comenta Bruno Brabo, do canil Brabobulls, de Marília, SP. “O objetivo da criação de Pit Monster é ter o contraste entre aspecto intimidador e temperamento dócil”, explica Beatriz Taques, presidente da International Bully Coalition (IBC), entidade existente desde 2007, fundadora e pioneira na raça. “O temperamento dele deve ser equilibrado, um companheiro para todas as horas”, afirma Lincoln Fernandez, do canil Monkey Bulls, de São Paulo, também juiz cinófilo pela IBC.

Foto: Arquivo do canil Lucaspitkennel (LPK)/Bombastic, um dos padreadores atuais do canil Lucaspitkennel (LPK)
Foto: Arquivo do canil Brabobulls/Bruno Brabo com exemplar da cor blue merle: os cães de marcação merle – de efeito marmorizado – são raros

FORMAÇÃO
A semente inicial do Pit Monster se deu nos anos 1990, quando cães American Pit Bull Terrier se distanciaram dos padrões originais dessa raça por serem mais fortes e robustos. “Esses primeiros exemplares foram gerados nos Estados Unidos e apelidados de Pitbulls XL, mas, ainda a partir daquela década, vários criadores pelo mundo geraram cachorros que, embora semelhantes ao Pit Bull, eram mais volumosos e dóceis”, explica Lincoln. “Esse conceito de um super Pit Bull – de grande impacto visual, mas com temperamento mais equilibrado e tolerante com relação a pessoas e outros animais – conquistou muitos admiradores no Brasil, e criadores nacionais se dedicaram a aprimorá-lo. Eu mesmo crio cães do tipo Bull desde 1996 e sempre procurei gerar exemplares mais robustos e dóceis”, acrescenta ele.
Linhagens como Camelot, Chevy, Viet Sharks etc., foram importadas, em sua maioria, dos Estados Unidos para o Brasil no início dos anos 2000. “Tornaram-se a base do plantel nacional e se fundiram às que já estavam sendo desenvolvidas em nosso país, como as de canis renomados como o Thompson e o Canchin. Eis a combinação genética que faltava para o definitivo distanciamento dos padrões originais do American Pit Bull e o nascimento do Pit Monster”, informa Lincoln. “Trabalhei forte com a linhagem Thompson e, posteriormente, com cães importados para o Brasil da linha Camelot”, diz Lucas.
Cruzamentos inter-raciais, especialmente entre o Olde English Bulldogge e o Bulldog Americano, foram e ainda são realizados para atingir o propósito de gerar cães de estrutura corporal muito mais pesada e de temperamento mais tranquilo que o Pit Bull. “Além desses Bulldogs, a raça teve ainda influência de linhagens pertencentes ao American Bully, raça que também representou um caminho natural para criadores que, assim como eu, buscavam esse objetivo”, conta Lincoln. Esses cruzamentos, na maioria das vezes, não eram declarados nos pedigrees. “Obviamente, tudo isso gerou um conflito inevitável: de um lado os criadores tradicionais de Pit Bull, que claramente não viam esses cães como pertencentes à raça; do outro, os canis dos exemplares XL que não tinham onde registrá-los – essa discussão entre os criadores perdurou por anos”, acrescenta Beatriz. “Estou envolvido no projeto desde 2008 e, na época, o pedigree do cão vinha como sendo de Pit Bull, apesar de ele ser totalmente fora do padrão desta raça”, atesta Bruno.
Finalmente, quando os membros da diretoria da IBC perceberam que se tratava de duas raças distintas, a entidade lançou o conceito de Pit Monster. “Uma maneira pelo qual esses cães grandes já eram conhecidos, mas que não era ainda oficial pela IBC”, conta Beatriz, que, junto do marido, Bruno Monteiro, trouxe a entidade para o Brasil. Assim, em 2016, a IBC passou a reconhecer o Pit Monster como raça separada do Pit Bull, redigiu um padrão próprio para ele e, no ano seguinte, passou a aceitá-lo em exposições, concluindo a transição de Pit Bull oversize para Pit Monster. “A separação das raças pela IBC contribui para preservar o Pit Bull, mantendo-o com seu padrão original e, ao mesmo tempo, faz com que o Pit Monster siga seu próprio caminho”, explica Beatriz.

Foto: Arquivo do canil Brabobulls /Cães a esquerda: Oreo (tricolor chocolate merle) e Dogmau/Direita:Foto: Arquivo do canil Sangreal Brasil/Cão: Rodada Doha Sangreal Brasil

CRIAÇÃO NACIONAL
“Hoje, no Brasil, outras entidades reconhecem o Pit Monster, como a Sobraci, a Cinobras e a ALKC”, informa Lincoln. “Não existe projeto para que a raça se enquadre em uma cinofilia mais tradicional”, afirma Beatriz. Mas Lincoln pondera: “Talvez, com um pouco de dedicação e empenho dos principais criadores, em alguns anos poderemos pleitear o reconhecimento pela Confederação Brasileira de Cinofilia por meio do grupo 11, o dos cães não admitidos pela Federação Cinológica Internacional (FCI). Já a aceitação desta última é algo muito distante”. Beatriz acrescenta: “Até por se tratar de uma raça derivada de outras que também não são reconhecidas pela FCI”. Hoje, exitem canis de cães registrados como Pit Monster em todos os Estados do Brasil.

EXTERIOR
Por todo o mundo, exemplares Pit Monster possuem registros de American Bully ou Pit Bull. “Quanto a esse último, é o caso do Hulk, aquele cão famoso que ganhou o título de maior Pit Bull do mundo”, relata Beatriz, que acrescenta: “Mas acredito que esse cenário vá mudar, visto que esses cães claramente não se enquadram no padrão original dessas raças”. Ela relata ainda que a IBC envia pedigrees de Pit Monster para todo o mundo. “Muitos criadores do exterior compram um Pit Monster daqui e, como não há outras instituições fora do Brasil para registrá-lo com esse nome, eles continuam a seleção registrando conosco em vez de na entidade local: é frequente a IBC mandar pedigree de Pit Monster para o Canadá, Estados Unidos, alguns países da Europa, Angola – que tem muitos criadores da raça – e, na América Latina, ao Uruguai, que possui criação forte de Pit Monster, e Argentina”, conta Beatriz.

Foto: Arquivo do canil Lucaspitkennel (LPK)/O Pit Monster gosta de atividades ao ar livre, como tração

FÍSICO
Todas as colorações existentes na cinofilia são aceitas para o Pit Monster. “Conseguimos uma ampla variedade de cores e cães com marcações que são uma verdadeira pintura, o que também cai no gosto do público pet: todos que veem gostam”, comenta Bruno.
Pelo padrão IBC, um macho adulto deve superar os 45 kg de peso e os 50 cm de altura, enquanto uma fêmea madura deve superar os 40 kg e os 45 cm. “Como se vê, apesar de as pessoas acharem que o Pit Monster é, necessariamente, um cachorro grande, na verdade, se compararmos com outras raças, ele não é grande como um Dogo Argentino ou um Mastino Napoletano”, pondera Lucas. “O Pit Monster deve exibir movimentação imponente, mostrando que o exemplar carrega com facilidade toda a sua estrutura, por meio de um corpo forte mas equilibrado”, afirma Lincoln, que complementa: “por ter um porte avantajado, o Pit Monster não tem como premissa ser um supercão atleta, a exemplo do Pit Bull”.
Beatriz aponta as principais diferenças atuais do Pit Monster em relação ao Pit Bull: “Cabeça e porte maior, ossos mais largos, constituição muscular mais forte e temperamento mais dócil e pacato – como se pode perceber, o Pit Monster tem mais traços de Bulldog, enquanto o American Pit Bull tem mais características de Terrier”. Ainda hoje, o Pit Monster possui similaridades físicas relevantes com o American Bully das variedades Standard e XL. “Mas, pela própria evolução seletiva, a tendência natural é que passem a apresentar diferenças cada vez mais nítidas, o que já ocorre em exemplares que atendem perfeitamente aos padrões oficiais de cada uma das duas raças, sendo o Pit Monster mais longo e atlético, de cabeça mais quadrada e com focinho mais longo em proporção ao crânio”, explica Lincoln.

Foto: Arquivo do canil Brabobulls/Há exemplares que conseguem viver em harmonia com outros animais

FUNÇÃO
Primordialmente, o Pit Monster é um leal cão de companhia. “Muito companheiro, tranquilo e agradável”, afirma Bruno. “É uma raça indicada inclusive para famílias com crianças, não sendo tolerado em nenhuma hipótese agressividade com humanos”, explica Beatriz. “Não exibe temperamento forte com outros cães”, conta Lucas. “Tenho como objetivo gerar espécimes que consigam viver em perfeita harmonia com outros animais e até mesmo com outros cachorros”, comenta Pedro, que afirma também: “Alguns exemplares meus desempenham a função de guarda”. Bruno afirma: “Até é possível adestrar um Pit Monster para que faça guarda e intimide invasores, mas não é exatamente uma função exigida dele no padrão racial: trata-se de um cão dócil”. Lucas diz: “Os meus exemplares, apesar de não serem voltados para esse serviço, possuem muito foco e são fortes – então tudo depende do que a pessoa busca. Mas, para mim, a função dele é mais a de companhia, finalidade principal, e esporte. Guarda não é o seu forte”.

EVENTOS
Bruno ressalta que esses cachorros gostam de atividade ao ar livre e de natação, tração e esteira. “Mas, por ora, é baixa a incidência do Pit Monster em esportes típicos do Pit Bull, como salto livre e em distância, escalada e tração”, informa Lincoln. Beatriz comenta que mais de 100 exemplares da raça costumam participar das exposições da IBC e que os encontros de confraternização entre criadores promovidos pela entidade são lotados de Pit Monster: “Ainda este ano iremos fazer uma exposição da raça e, em 19 de agosto, haverá um encontro de criadores em Itu, SP, que já contava desde junho com todos os estandes relacionados à raça reservados”, conta ela. “O Pit Monster possui muitos criadores youtubers e influenciadores digitais, o que potencializou rapidamente sua divulgação em nosso País. A raça hoje no Brasil está em constante expansão, tornando-se cada dia mais popular”, afirma Lincoln. “O número de apaixonados vem aumentando exponencialmente. Já vi referências a ele na TV, inclusive de famosos e até mesmo em raps”, finaliza Beatriz.

Nossos agradecimentos:
International Bully Coalition – (21) 99792-4307, www.ibcdogs.com.br, Instagram: @ibc.dogs
Bruno Brabo – canil Brabobulls – (14) 98149-1999, Instagram: @brabobulls
Pedro Sangreal – canil Sangreal Brasil – (12) 98141-0932, www.canilsangreal.com.br, Instagram: @canilsangreal
Lincoln Fernandes – canil Monkey Bulls – (11) 97508-5073, Instagram: @monkey_bulls
Lucas de Oliveira – canil Lucaspitkennel (LPK) – (11) 95463-4335, [email protected], Facebook, Instagram, TikTok e Youtube: @lucaspitkennel

Por Fabio Bense



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