SunshineBulls: Bulldog Americano e Olde English Bulldogge

Cinófila, veterinária e empresária, Beatriz Taques conta um pouco sobre a criação, as diferenças e semelhanças entre essas duas raças

Foto: Renan Ribeiro
Cão: SunshineBulls Tiger

Natural do Rio de Janeiro-RJ, Beatriz Martins Taques está na cinofilia há mais de 25 anos, pois seu interesse por cães começou cedo, aos 10 anos de idade. Hoje, Beatriz é formada em Medicina Veterinária, além de ser presidente do International Breed Certificate (IBC), e dedicar-se à criação das raças Bulldog Americano e Olde English Bulldogge (OEB), bastante comuns nos Estados Unidos, onde surgiram e onde Beatriz mora atualmente.

ORIGEM DO OEB

O Olde English “re-surgiu” a partir de retrocruzamentos que envolvem o Bulldog Americano. Isso porque, em 1835, quando leis que proibiam lutas entre cães e touros na Inglaterra foram aprovadas, os criadores de cães tipo Bull (incluindo o OEB) desistiram de suas criações, chegando quase à extinção. Na época, alguns criadores, para preservar a raça, decidiram selecionar cães para exposições de beleza, e não mais para combates. “Para isso, eles cruzaram os remanescentes dos cães existentes com outras raças (incluindo Pugs) e, ao longo dos anos que se seguiram, eles desenvolveram o Bulldog Inglês moderno. Já o moderno OEB é uma reconstrução do Old Bulldog original dos séculos XVII e XVIII. Para obter um Bulldog semelhante ao antigo Bulldog (com capacidade atlética, muito mais saudável fisicamente e sem a maioria dos problemas que afligem muitos dos Bulldogues), cruzamentos genéticos têm sido cuidadosamente planejados. A fundação da maioria dos OEB de hoje pode ser atribuída ao Bulldog Inglês, Bulldog Americano, American Pit Bull Terrier e ao BullMastiff”, ensina Beatriz.

Foto: Luciana Schmidt
Cão: SunshineBulls New Iron

ORIGEM DO BULLDOG AMERICANO

Já o Bulldog Americano surgiu nos séculos XVII e XVIII, a partir de colonizadores ingleses que levaram para a América seus Bulldogs para controlar a pecuária, caçar animais selvagens e para proteção pessoal. “Nos anos 1920 e 1930, esses cães estavam sendo conhecidos como American Pit Bulldogs no norte da Geórgia, porque, algumas vezes, eles eram usados para lutar contra cães e grandes animais selvagens nos ringues. Em 1985, o criador John D. Johnson, que trabalhou para reerguer a raça, percebeu que as pessoas estavam confundindo esse cão com o Pit Bull Terrier, então ele mudou o nome para American Bulldog. No início dos anos 1970, vários criadores resolveram criar a raça e foram os responsáveis por, de certa forma, ‘preservar’ o Antigo Bulldog original levado para a América pelos colonizadores e fazer com que a raça permaneça até hoje”, diz.

CRIAÇÃO

Hoje, Beatriz diz que há muitos criadores de ambas as raças nos Estados Unidos, especialmente considerando que a fundação do Bulldog Americano e o projeto de recriação do OEB ocorreram por lá. “Existem muitos criadores de ambas as raças ao redor do mundo, mas com certeza os EUA e a Europa têm uma maior representatividade no sentido de quantidade. Porém, a criação brasileira tem uma grande representatividade em questão de qualidade, visto que é mais frequente brasileiros exportarem cães dessas raças para os EUA e para a Europa que de fato importarem”, completa.

PARTICULARIDADES

No primeiro ano de vida, esses cães tendem a ter uma saúde intestinal sensível, mas que com o amadurecimento do sistema imune se limita nessa idade juvenil, revela Beatriz. Além disso, como a maioria dos cães de raça, eles possuem algumas tendências a problemas de saúde. “Por se tratar de Bulldogs, tendem a ter baixa tolerância ao calor. Esse é um problema que infelizmente resulta em óbito para alguns cães dessas raças, especialmente no verão do Brasil, em algumas regiões em que o calor seja extremo. Outro problema frequente, especialmente no OEB, é o entrópio, que é uma inversão da margem palpebral, fazendo com que os cílios e pelos entrem em contato com a conjuntiva e a córnea. Felizmente essa condição é facilmente resolvida com uma cirurgia simples e não dará mais problemas na vida do cão. Já nos Bulldogs Americanos os problemas articulares sempre foram os mais frequentes, mas com a intensa seleção de cães sem displasia, hoje está cada vez mais raro (pelo menos da minha linhagem) aparecerem cães displásicos. Já faz muitos anos que não vejo um Bulldog Americano com displasia”, lista a criadora.

SEMELHANÇAS ENTRE ELES

O OEB e o Bulldog Americano apresentam muitas semelhanças. “Às vezes, até criadores especializados podem confundir”, enfatiza Beatriz. Isso é explicado pelo fato do Bulldog Americano ser descendente do Antigo Bulldog Inglês, e do moderno OEB ter sido “feito” através de retrocruzamentos, que incluem o Bulldog Americano. “Porém, de uma forma geral, os Bulldogs Americanos, por terem algumas linhagens selecionadas para o trabalho, possuem uma maior tendência para fazer guarda, e os OEBs por terem inserções recentes do Bulldog Inglês, tendem a ser cães de companhia”, revela.
Na aparência, também há similaridades. “Como o Bulldog Americano já há muitos anos não permite a inserção do Bulldog Inglês, estes seguiram a seleção para serem cães maiores. Além disso, o padrão da raça não permite uma ampla possibilidade de cores. Já o OEB, por permitir inserções de algumas raças, possui uma maior variedade de cores (inclusive o merle), e pela influência do Bulldog Inglês, algumas linhagens tendem a ser mais baixas também”, diferencia.
No quesito temperamento, Beatriz aponta que ambos são versáteis e podem ser excelentes companheiros de dentro de casa e também explorarem muito o quintal. “Em geral, fazem guarda e ao mesmo tempo se dão muito bem com crianças e membros da família e até mesmo convidados que entrem com o dono”, acrescenta.

CUIDADOS GERAIS

As recomendações para quem pretende ter uma dessas duas raças são: ter casa com quintal grande e com piso adequado para que o crescimento dos cães seja saudável (nada de piso liso, em que o animal escorregue); a ração deve ser de excelente qualidade, pois precisam fazer a manutenção de um grande volume muscular; escovações semanais são interessantes para cães que têm acesso a dentro de casa, mas, no geral, não são cães que tendem a perder muito pelo durante todo o ano, apenas na época da muda, então, para cães de quintal uma escovação mensal é suficiente; têm tolerância moderada ao exercício, devendo ser condicionados aos poucos e sempre com muita atenção com o clima, pois, por terem o focinho curto, não são eficientes na troca de calor e podem hiperaquecer – no universo dos bulldogs, são os mais saudáveis, mas, ainda assim, não deixaram de ser bulldogs! E jamais terão a resistência ao exercício de um Pit Bull ou um cão pastor. “Meus cães são soltos para brincar diariamente, não forço exercício e nem é preciso forçar para que eles alcancem a musculatura hipertrofiada, essa característica é genética. Com uma boa ração, sombra, água fresca e brincadeiras diárias, você vai ter um Bulldog Americano ou um OEB feliz!”, encerra Beatriz.
Saiba mais: Instagram: @sunshinebulls

Por Samia Malas



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