Torção gástrica: como evitar?

Esse mal atinge principalmente cães de grande porte, como Rottweiler, Mastiff, São Bernardo, Pastor Alemão, Golden Retriever e Labrador – Foto: Vasyl Dolmatov/iStockphoto.com
Enfermidade pode acometer principalmente cães de grande porte e, muitas vezes, requer cirurgia de emergência 

A torção gástrica canina é uma doença que requer muito cuidado e atenção, pois em pouco tempo pode gerar uma situação emergencial e até potencialmente fatal para o pet. Ela consiste no aumento de tamanho do estômago seguido pela torção do órgão sobre seu próprio eixo, bloqueando a passagem e aprisionando o que houver no seu interior, como alimentos e gases. “A dilatação gástrica ocorre devido ao acúmulo de gases e fluidos no estômago, podendo levar ao estrangulamento da vascularização do mesentério e, principalmente, do baço. A torção gástrica sempre será uma emergência com grande risco de morte para o cachorro”, alerta a médica-veterinária cirurgiã do Hospital Veterinário Sena Madureira, Juliana Petruscke, de São Paulo.

 

De acordo com a gastroenterologista veterinária Mariana Andrés, de Campinas, SP, que é especializada em doenças do trato digestório de cães e gatos, o mal atinge principalmente cães de grande porte, como Rottweiler, Mastiff, São Bernardo, Pastor Alemão, Golden Retriever, Labrador, entre outros. “Por apresentarem tórax mais profundo e alguns ligamentos mais frouxos, o estômago deles gira com mais facilidade”, ressalta Mariana. Apesar da maior parte dos diagnósticos de torção gástrica vir de cães grandes, eles não são os únicos a apresentarem a doença. “Pequenas raças também podem sofrer tanto da dilatação quanto da torção gástrica, ainda que seja mais raro”, complementa. 

Causas

A torção gástrica está intimamente ligada à alimentação e seu manejo inadequado. Uma das causas é o exagero na quantidade de alimento para o pet, especialmente quando este ocorre de uma só vez, em uma única refeição. É importante também evitar a ingestão de muita água após a alimentação. Outra situação que pode levar à doença é a prática de atividade física do cachorro logo após a alimentação, com o estômago ainda cheio, antes de fazer a digestão. 

Sintomas

O principal sintoma da torção gástrica é a distensão do abdome, ou seja, o seu aumento. “Mas outros sinais também podem surgir, como a salivação excessiva, a náusea, o animal pode ter dificuldade para respirar devido à compressão do tórax, sua gengiva pode ficar pálida e ele pode apresentar apatia. Dor também é um sintoma”, lista Mariana, que adverte que quando o pet apresenta esses sinais, a situação de saúde dele já está grave e é necessária a intervenção médica-veterinária urgente. 

Tratamento

As duas veterinárias entrevistadas reforçam a importância do rápido atendimento veterinário diante dos sintomas, para que o profissional retire o pet da situação crítica. “A primeira tentativa de intervenção seria o tratamento clínico emergencial, ou seja, a descompressão gástrica e estabilização do paciente”, cita Juliana. Uma das formas de realizar a descompressão é o uso de sonda para fazer uma lavagem e retirada de todo o conteúdo do estômago. “Mas quando, de fato, ocorre a torção, e não só a dilatação, geralmente a cirurgia é necessária”, revela Mariana, que acrescenta a importância de um bom atendimento durante e após a cirurgia, pois a recuperação necessita de atenção – às vezes, requer cuidados intensivos. “A monitoração do pós-cirúrgico é muito importante para que o animal não apresente um quadro de choque ou de sepse. Sem os cuidados necessários ele pode vir a óbito, mesmo depois de uma cirurgia bem-sucedida”, completa a gastroenterologista.

Prevenção

Algumas medidas preventivas são essenciais para evitar a doença e seus graves efeitos no pet. Mariana explica que é importante nunca oferecer somente uma refeição diária para o animal. “O tutor sempre deve fazer o manejo alimentar oferecendo a ração de forma fracionada, de três a quatro vezes por dia, e em pequenas porções. É importante também evitar que o pet brinque ou fique solto, correndo e pulando, logo após a refeição”, aponta. Tudo isso pode provocar a dilatação do estômago e em seguida a própria torção gástrica. 

A veterinária avisa também que a ingestão de ração de boa qualidade ajuda a evitar o quadro, além de prevenir diversas outras doenças por conter em sua formulação uma seleção de ingredientes de melhor qualidade. “Como ela tem ingredientes selecionados, evita a fermentação no estômago, o que ocorre nos animais que ingerem ração de baixa qualidade, por causa dos subprodutos utilizados na composição”, enfatiza.

Redução de casos

Apesar desse tipo de emergência ainda estar presente entre as ocorrências veterinárias, Mariana percebeu que os atendimentos à torção gástrica canina têm diminuído. Ela atribui essa queda a alguns fatores, como o aumento de cães de pequeno porte nos lares em detrimento daqueles de raça de grande porte – estes são os mais acometidos pela doença. Ainda segundo ela, a maior parte dos casos de torção gástrica que atende atualmente são de animais que vivem soltos em sítios e que ficam mais distantes dos tutores no dia a dia. “Mesmo os cães de raça de tamanhos maiores são tratados de forma mais próxima ao seu dono nas cidades. Assim, o tutor percebe mais rapidamente o que acontece com o pet e se informa melhor também, muitas vezes com o próprio veterinário, através de consultas preventivas, entendendo a importância de alimentar bem o animal”, conclui. 


Por: Aline Guevara

 


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