Exames de ponta e veterinários especializados ajudam nessa missão!

Ser um criador de raças exige muita responsabilidade em diversos aspectos, sobretudo na reprodução de seus animais. Felizmente, a Medicina Veterinária avançou muito nesta área nos últimos anos. Segundo Dra. Andressa Dalmazzo, fundadora e proprietária do ReproPET, de São Paulo, o primeiro Centro de Reprodução Canina do Brasil, onde trabalha exclusivamente na área de reprodução desde 2008, essa evolução na área de reprodução canina ocorreu em diversos sentidos: “houve avanços consideráveis nas biotécnicas de reprodução assistida, como acriopreservação de sêmen e a inseminação artificial intrauterina através da endoscopia, que permite controlar com precisão o processo reprodutivo e melhorar a taxa de sucesso na reprodução de cães; a realização do pré-natal nas cadelas, com o auxílio da ultrassonografia de alta resolução, que permitiu um acompanhamento mais detalhado da gestação canina, facilitando a detecção de problemas precocemente; o conhecimento sobre os cuidados neonatais melhorou significativamente, resultando em maiores taxas de sobrevivência de filhotes recém-nascidos; o desenvolvimento de testes genéticos tornou possível identificar portadores de doenças genéticas e eliminar a propagação dessas doenças na reprodução de cães, possibilitando a criação de cães mais saudáveis e o aprimoramento de características desejadas; a criação responsável de cães tem ganhado cada vez mais destaque, com regulamentações e diretrizes éticas que visam proteger o bem-estar dos animais e evitar a propagação indiscriminada de doenças genéticas; o número de criadores responsáveis também aumentou bastante nos últimos anos. Em resumo, a evolução na área da reprodução canina tem levado a práticas mais éticas, saúde melhorada e maior controle sobre a criação de cães. Isso beneficia tanto os cães como os proprietários”.
Para a Dra. Rafaella Pavan, médica-veterinária responsável pela Repro Cani’s, de São Paulo, e criadora pelo canil Ma Petit Poms, a área tem evoluído de forma significativa, e, além dos criadores, muitos tutores também procuram essa especialidade, pois querem ter filhotes dos seus pets. “Atualmente, temos diversos recursos de ponta, como a ultrassonografia gestacional, exames citológicos e dosagens hormonais, avaliação reprodutiva do macho através do espermograma e da ultrassonografia testicular, testes genéticos e exames laboratoriais que diagnosticam as principais doenças reprodutivas caninas, como a brucelose. Esses exames tendem a ser acessíveis a todos, exceto em regiões do país que estão muito distantes dos grandes centros urbanos”, aponta Rafaella.
A Profa. Dra. Fernanda Machado Regazzi atua em reprodução animal desde 2010, nas áreas de Biotecnologia da Reprodução em Cães, Obstetrícia, Pediatria e Neonatologia em Hospitais Veterinários de Campinas, SP, e Americana, SP, bem como pelo Centro de Reprodução Canina (CRC). “A cinofilia tem se tornado uma atividade crescente, com um perfil de criadores que hoje buscam o bem-estar animal aliado ao estabelecimento de um perfil genético e fenotípico que garantam, além de características desejadas para a raça, qualidade de vida. E bons resultados na criação são obtidos ao se aliar os avanços em Biotecnologia da Reprodução a um excelente acompanhamento obstétrico e neonatal”, aponta a veterinária.
EXAMES DE PONTA
Dra. Andressa aponta que, na área de reprodução canina, alguns dos exames considerados de ponta incluem a utilização de testes genéticos para identificar não apenas portadores de doenças genéticas, mas também para avaliar características específicas, como cor da pelagem, morfologia e predisposições genéticas a certas condições de saúde. “E, quando se trata de matrizes, a dosagem de progesterona é um exame de importância fundamental para o acompanhamento do ciclo estral. Este exame desempenha múltiplos papéis essenciais, pois permite determinar o momento preciso da ovulação da cadela, predizer quantas coberturas ou inseminações serão necessárias, auxilia no diagnóstico de possíveis patologias reprodutivas e ainda oferece a capacidade de identificar, no final da gestação, o momento iminente do parto. Embora a dosagem de progesterona seja um exame estabelecido há algum tempo, anteriormente sua principal desvantagem era o tempo que levava para fornecer os resultados. No entanto, hoje, os avanços tecnológicos trouxeram melhorias significativas nesse aspecto, com resultados prontos para análise em questão de minutos. Isso tornou os procedimentos reprodutivos mais eficientes e precisos do que nunca”, acrescenta a veterinária, que acredita que a acessibilidade a estes exames ainda seja mais restrita a áreas urbanas e regiões com uma concentração maior de criadores de cães. “Em áreas rurais ou menos desenvolvidas, a disponibilidade pode ser limitada e os custos podem ser mais altos devido a despesas de transporte e menor demanda”, diz.
Dra. Fernanda comenta que tanto o parto normal como a cesariana devem ser monitorados por um médico-veterinário especialista (obstetra e/ou neonatologista), afim de identificar alterações que possam indicar a necessidade de intervenção, e direcionar, de acordo com a alteração observada, a melhor manobra de correção.“Identificação precoce e precisa de alterações permite uma intervenção rápida e melhores chances de sobrevida neonatal”, ressalta.
EXAMES BÁSICOS
“Um criador ou tutor que pensa em reproduzir sua cadela deve garantir que a saúde dela esteja em perfeitas condições para que todo o processo seja tranquilo e saudável para a fêmea”, revela Rafaella. “Um hemograma completo, análises bioquímicas para verificar as funções de alguns órgãos como rins e fígado, ultrassonografia abdominal e PCR de doenças com importância no desempenho reprodutivo dos cães (como leptospirose, leishmaniose, parvovirose, cinomose, brucelose, toxoplasmose, entre outras) são indispensáveis e devem ser realizados por criadores responsáveis”, aponta Rafaella.
Andressa destaca ainda outros exames que são, geralmente, considerados indispensáveis para as fêmeas reprodutoras: “vacinação e prevenção de parasitas; exames ginecológicos, incluindo citologia vaginal e dosagem de progesterona, para monitorar o ciclo reprodutivo e determinar o momento adequado para acasalamento; testes genéticos para identificar portadores de doenças específicas; radiografias de quadril e cotovelo; e avaliação cardíaca e oftalmológica, principalmente para raças com maior predisposição a alterações.”
CUSTO
Os exames geralmente são acessíveis aos tutores e criadores, aponta Rafaella, e não possuem custos muito elevados. “A média de valores é de 200 a 800 reais, sendo os testes genéticos os de maior custo, porém muito importantes quando se preza pelo melhoramento genético das raças”, revela.
Andressa aponta que os custos dos exames podem variar consideravelmente, dependendo do laboratório, dos testes realizados e da cidade. “Por exemplo, um teste de identificação de doenças genéticas geralmente tem um valor médio de cerca de 600 a 1000 reais. Por outro lado, um exame de dosagem de progesterona costuma ter um custo mais acessível, em torno de 200 reais”, ilustra.

RAÇAS EM FOCO
Segundo Dra. Andressa, a necessidade de serviços de reprodução canina pode variar significativamente entre raças, devido às diferenças em sua genética, tamanho, anatomia e susceptibilidade a doenças hereditárias. Assim, algumas raças podem necessitar de mais assistência e cuidados reprodutivos do que outras. “Muitas raças pequenas e miniaturas, como o Spitz Alemão e o Chihuahua, podem ter dificuldades durante a monta natural e problemas no parto devido ao tamanho dos filhotes em relação ao tamanho da mãe. Isso exige um acompanhamento mais próximo e, em alguns casos, cesariana. Raças braquicefálicas (com focinho curto), como Bulldogs, American Bully e Pugs, frequentemente têm dificuldades respiratórias, além da sua conformação anatômica, que na grande maioria das vezes afeta a capacidade de reprodução, sendo recomendada a inseminação artificial e a cesariana”, explica Andressa, que ainda continua: “cada raça pode ter suas próprias particularidades e seus desafios, e os criadores devem estar preparados para lidar com essas questões para garantira saúde e o bem-estar dos cães envolvidos na reprodução.”
EXAMES ESPECÍFICOS
Algumas raças, aponta Rafaella, precisam realizar exames específicos para garantir que não transmitirão doenças genéticas aos seus descendentes. “Esses exames geralmente envolvem os testes genéticos e os de controle como identificação da displasia e alterações de coluna através da radiografia, avaliação cardiológica, exames oftalmológicos, entre outros, dependendo das doenças predisponentes em cada raça”, explica.
Andressa afirma ser crucial que criadores estejam cientes das predisposições genéticas de suas raças e trabalhem em estreita colaboração com veterinários especializados para implementar exames específicos de monitoramento e prevenção. A seguir, Andressa dá alguns exemplos de exames específicos e importantes:
•Displasia do quadril: muitas raças grandes, como o Pastor Alemão, o Labrador e o Rottweiler, são predispostas à displasia do quadril. Radiografias de quadril são essenciais para avaliar a saúde articular e prevenir essa condição;
•Displasia de cotovelo: raças como o Golden Retriever e o Bernese são suscetíveis à displasia de cotovelo, e radiografias dos cotovelos são feitas para avaliar essa condição;
•Cardiomiopatia dilatada: algumas raças, como Dobermann, Boxer e Cavalier, têm predisposição genética à cardiomiopatia dilatada. Exames cardíacos regulares, como a ecocardiografia, são importantes para o monitoramento.
•Síndrome braquicefálica: raças braquicefálicas, como Bulldog Inglês e Pug, podem ter problemas respiratórios devido à sua anatomia facial. Avaliações das vias respiratórias superiores podem ser necessárias para determinar a gravidade das obstruções.
•Mielopatia degenerativa: o Pastor Alemão é propenso a esta condição neurológica. Testes genéticos podem identificar cães portadores e evitar a reprodução de descendentes afetados.
•Atrofia Progressiva da Retina (APR): raças como o Cocker Spaniel e o Poodle podem ser afetadas pela APR, uma doença ocular hereditária. Exames oftalmológicos são necessários para detectar e monitorar a condição.
Agradecemos a colaboração:
Dra. Andressa Dalmazzo Médica-veterinária formada em 2008 pela Universidade Paulista, é mestra e doutora em Reprodução Animal com ênfase em Biotecnologia da Reprodução pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Trabalha exclusivamente na área há mais de 10 anos e é a proprietária da ReproPET. www.repropet.com.br
Dra. Fernanda Machado Regazzi Médica-veterinaria com Doutorado em Reprodução Animal pela FMVZ/USP. Pos-doutoranda pelo CAISM/ UNICAMP. Fundadora do Centro de Reprodução Canina (@crc_reproducaocanina), e da NeoCOVET. Atua no Hospital Veterinário Taquaral e no Hospital Veterinário da Faculdade de Americana onde também é docente e supervisora de estágio.
Dra. Rafaella Pavan Médica-veterinária graduada pela UNIFEOB. É responsável pelos atendimentos especializados em reprodução canina Repro Cani’s. É pesquisadora e palestrante sobre cuidados neonatais com pequenos marsupiais do Brasil. Ultrassonografista com ênfase em exames gestacionais de cadelas. www.reprocanis.com.br
Por Samia Malas
Links importantes:
Quer anunciar na revista: conheça os formatos aqui
Leia alguns destaques da edição atual aqui
Conheça todas as publicações da Editora Top Co aqui
Para comprar a edição atual ou anteriores, acesse
Assine por 2 anos e leve 10 exemplares de revista + 2 Anuários de raças, acesse