Enriquecimento ambiental: agente do bem-estar

Foto de Mat Coulton por Pixabay

Oferecer estímulos ambientais aos animais mantidos em confinamento ou em cativeiro é uma importante maneira de zelar pela saúde física e mental deles

Chimpanzés curiosos que se olham no espelho. Ursos polares que comem frutas em blocos de gelo para aliviar o calor. Felinos que afiam as garras em arranhadores. Situações como essas, no mínimo curiosas, podem ser notadas ao passear em zoológicos ou ao assistir programas de televisão sobre o mundo animal.

O chamado enriquecimento ambiental consiste na criação de um ambiente dinâmico e interativo, capaz de proporcionar desafios físicos e mentais aos animais. A ideia é oferecer estímulos similares aos que são encontrados na natureza e, assim, aumentar o bem-estar dos animais mantidos em confinamento ou em cativeiro. São iniciativas que podem ser aplicadas em cenários como zoológicos, aquários, baias, currais, gaiolas e, até mesmo, em ambientes residenciais.

Há estímulos de enriquecimento ambiental de diversos tipos. O importante é que respeitem ao mesmo tempo as características gerais da espécie e as necessidades individuais de cada animal.

Estímulos físicos: Troncos, folhas secas, cordas e outros materiais podem ser usados para produzir um ambiente mais próximo ao habitat dos animais. Também fazem parte dessa categoria os abrigos e pontos de fuga, úteis para os animais se esconderem sempre que sentirem necessidade.

Estímulos sociais: Consistem na interação entre espécies que convivem de modo harmônico, interessante para os animais com hábitos sociais, como algumas aves.

Estímulos sensoriais: São os enriquecimentos olfativos, auditivos, táteis, visuais e gustativos, de acordo com as necessidades de cada espécie.

Estímulos alimentares: Trata–se de variar a forma de ofertar a alimentação. Por exemplo, dificultar o acesso a determinada porção da refeição diária pode estimular a busca por alimento, comportamento corriqueiro para os animais que vivem em liberdade.

Estímulos cognitivos: Servem para ativar a capacidade mental de algumas espécies e lhes proporcionar distração. É o caso da manipulação, por primatas, de objetos que se assemelhem a quebra-cabeças.

Cada espécie tem suas necessidades: gatos gostam de arranhar e de ficar nas alturas.  Foto de Marjooleiny por Pixabay

A relação dos seres humanos com os animais de companhia se tornou cada vez mais estreita ao longo dos anos. Com o reconhecimento da senciência animal, foi possível entender que os animais também têm sensações e percepções conscientes sobre o que acontece com eles e ao redor deles. Ao mesmo tempo, na sociedade moderna nem sempre é possível o convívio diário e frequente com os bichos de estimação. A presença das famílias em casa foi reduzida e, por vezes, os animais ficam sozinhos por longos períodos, o que acarreta uma série de estresses.

Ambientes amplamente previsíveis podem comprometer o bem-estar e ocasionar comportamentos anormais, como os de cães que lambem continuamente determinada região do corpo. Quadros de dermatite por lambedura são encontrados em cães domésticos mantidos por longos períodos sozinhos e sem estímulos ambientais. O mesmo pode acontecer com aves que, em situações de estresse, apresentam um quadro de automutilação, arrancando penas de diferentes partes do corpo.

As atividades de enriquecimento visam justamente suprir o déficit de estímulos ambientais, permitir a expressão de comportamentos naturais às espécies, promover necessidades mentais e contribuir para um maior grau de bem-estar. Tudo isso reduz o estresse, condição que torna os animais mais suscetíveis a doenças. A condição fisiológica do organismo em situações adversas pode desencadear ou potencializar quadros patológicos.

É papel dos médicos-veterinários informar seus clientes a respeito da importância do bem-estar animal. Promover orientações sobre esses tipos de cuidados é um importante diferencial que não só assegura a sobrevivência dos animais, mas visa também otimizar sua qualidade de vida. O enriquecimento ambiental proporciona um grau adequado de bem-estar aos animais, o que melhora a qualidade de vida deles e age de modo preventivo. Animal com melhor qualidade de vida é, certamente, animal mais sadio.

Reportagem e colaboração Benedito Fortes de Arruda, médico-veterinário presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Revisão de estilo: Marcos Pennacchi

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