Quer ter um cão comportado em casa e nos passeios? Então confira as dicas desta edição Especial Adestramento!

Treinar um cão para se comportar bem em casa e nos passeios exige paciência, persistência e conexão com o pet
“O adestramento de cães é muito mais do que ensinar comandos básicos, é uma ferramenta essencial para garantir uma convivência harmoniosa entre os proprietários e seus cães”, aponta o especialista em comportamento e adestramento de cães, Jean Carlo, de São José dos Campos, SP. Ainda segundo ele, o proprietário é a peça-chave no aprendizado do cão, por isso é importante a presença dos donos nas aulas, para que eles possam ver e aprender. “Paciência e repetição é o caminho do sucesso”, garante Jean Carlo.
“Um cão treinado e educado tem mais liberdade e controle, evitando acidentes com ele mesmo, com pessoas e com outros cães”, aponta Marcos Rangel, adestrador de Teresópolis, RJ. Ainda segundo Rangel, um cão com adestramento básico precisa saber comandos básicos, como o “Andar ao lado sem puxar o condutor, Senta e Deita (comandos de controle para o cão ficar parado), Atender ao chamado (vir sob comando), o comando NÃO (quando o cão escuta esse comando ele deve cessar qualquer ação que esteja em curso no momento) e o Solta ou Larga, muito importante para a vida do cão, pois quando ele pegar alguma coisa e receber esse comando, ele deve soltar imediatamente”. “Antes de tudo o cão precisa gostar do treinamento, e o treinador que consegue fazer isso terá um resultado mais rápido e melhor no comportamento do cão”, acrescenta Rangel.
Para Richardson Zago, adestrador e especialista em comportamento canino de São Paulo, SP, a ideia do adestramento é conseguir construir uma conexão mais íntima com o cachorro, que nos permita conhecer melhor as suas necessidades, seus anseios, aquilo que ele necessita, e ele também conhecerá as nossas regras, o que pode ser feito, o que a gente espera, qual a dinâmica da interação entre o dono e o seu cão, e a família em si. “Então, a ideia do adestramento é que a gente entenda o cão, o cão nos entenda e a gente consiga estreitar o nosso relacionamento ao ponto de nos conhecermos profundamente, gerando confiança e aumentando a qualidade de vida do pet”, explica o adestrador.
Segundo a adestradora Camilla Nogueira, de Campinas, SP, existem três maneiras de se treinar comandos com cães: indução, forçamento e modelagem. “Embora o nome forçamento possa parecer algo que maltrate o cão, não é nada disso. Usamos o forçamento quando o cão não responde bem ao treino de indução. Basicamente, este treino consiste em orientar/guiar o cão para o movimento que desejamos que ele execute dando uma leve pressão com a mão em seu corpo, em áreas que o ajudem a entender qual a direção que ele deve seguir. Por exemplo, para ele entender que deve sentar-se, colocamos a mão no pescoço e no fim do dorso dele. Quando ele se sentar, reforçamos com o alimento”, explica. Na modelagem, continua Camilla, deixamos o cão livre, e quando o cão faz o comando que queremos, reforçamos com recompensa. Por fim, temos a indução, que é a forma de adestramento mais usada, segundo Camilla. “Nela, utilizamos o reforço positivo (com comida ou algo que ele goste muito, como um brinquedo) para direcionar o comando e conseguir que o cão o execute. Mostramos a comida para o cão e o direcionamos para o que queremos”, diz.

Ensinando o “senta” (lado esquerdo) e o “deita” por forçamento (lado direito)
Para que o treinamento dê certo, a especialista reforça que é importante utilizar algo que o cão goste muito mesmo, se interesse, e faça tudo por aquilo. Além disso, nas três formas de treinamento, o reforço (que pode ser alimento, brinquedo ou carinho) é realizado quando o cão entende o que você quer, e executa o comando. Este ato de recompensar o cão na hora do acerto é o chamado “reforço positivo”. “O cão reforça o aprendizado pela repetição do treino e com o tempo passa a antecipar os comandos, então, para todos os comandos que formos ensinar ao cão, a tendência é que, após algumas repetições, ele comece a executar os comandos apenas ao ouvir a palavra que associamos a ele. O sucesso de um treino de obediência está na linguagem clara do dono com o cão, que deve entender que quando ele não cumpre com o combinado, não há recompensa. A obediência acontece quando isso está bem estabelecido entre o dono e o cão”, ressalta Camilla.
Jean Carlo concorda e reforça que o mecanismo de adestramento mais utilizado atualmente, não somente aqui no Brasil, mas no mundo, é o adestramento baseado no reforço positivo, no qual o animal é recompensado com algo que seja muito valioso para ele. “Quando o cachorro é recompensado ele compreende que aquilo é o correto a se fazer, aumentando os resultados desejados e tornando o processo mais leve e divertido para ele”, explica.
MANEJO ALIMENTAR
Dica importante! Para evitar que o seu cão ganhe peso durante o adestramento, o alimento usado no treinamento deve ser a porção diária da refeição dele, ensina Camilla. Por exemplo, se o cão almoça 240g de ração, é esta ração que deve ser usada no treino. “Quando mostramos para o cão que ele precisa realizar tarefas (trabalhar) para ganhar alimentos, ele ativa um comportamento natural dele, o da sobrevivência.
Para que o cão goste da comida dele, um manejo alimentar correto é fundamental. Nada de deixar a ração à vontade o dia todo, tenha horários para alimentá-lo. O cão não comeu a ração na hora certa? Retire e ofereça apenas na hora da próxima refeição”, explica. Zago concorda, e enfatiza que todo cão deve ter horários definidos para comer, se alimentar menos vezes por dia, além de ter porções corretas para cada refeição (sob orientação veterinária). “O cão não pode fazer exercícios físicos com o estômago cheio. Então, o ideal é programar os treinos em um horário intermediário entre as refeições, para que os exercícios possam ser realizados da maneira correta e sem riscos para a saúde dos cães, evitando problemas graves como a torção gástrica”, ensina Zago.
ENTENDA O SEU CÃO
Cada cão tem suas necessidades específicas em relação ao gasto de energia e tipo de atividade que gosta de realizar com o dono. E, de acordo com Camilla, estas preferências devem ser detectadas pelos donos e inseridas de maneira saudável na rotina do cão. “Cães que gostam de destruir objetos e morder têm a necessidade de ter brinquedos (seguros, que não soltam pedaços) e mordedores (existem até petiscos desidratados para isso, os mastigáveis), a fim de satisfazer tal necessidade, que é instintiva. Cães como o Border Collie, que são muito intensos, precisam de ocupação e entretenimento para gastar sua alta atividade diária, para não canalizarem a energia em comportamentos indesejados por nós, humanos”, exemplifica.
PASSEIO TRANQUILO
A dica de ouro de Camilla é a de que: todo dono deve saber que regras ele quer estabelecer no passeio para poder condicionar o cão a elas. “Por exemplo, não quero que meu cão puxe, interaja com as pessoas ou cães, quero que ande ao meu lado e não coma nada do chão. Tendo as regras claras, o segundo passo do adestramento é ser consistente para manter estas regras sempre. Para condicionar o cão nos passeios, os comandos básicos que ele precisa saber são: “não!”, “fica”, “senta” e até o “deita” pode ajudar”, afirma.
ERROS DO CÃO
Mas e quando o cão errar? Sempre que o cão errar, Camilla ensina que existe uma forma de realizar uma punição positiva, que é a inclusão de um desconforto para o cão ou a retirada de algo bom (a chamada punição negativa). “Mas essa correção deve ser realizada no ato do erro. Isso porque o cachorro não entende o que é uma bronca, muito menos o que é um castigo. Isso não existe no mundo canino. Assim, devemos sempre associar o erro dele com uma ação! Isso não significa que vamos agredir e machucar o cachorro, mas precisa haver um desconforto ou a retirada de algo bom. Por exemplo, o seu cachorro rosna para você quando tenta tirar o brinquedo dele: você pode optar pela punição negativa e retirar o brinquedo dele, que é a fonte de prazer, ou optar pela punição positiva, como inserir um desconforto (como puxar a coleira) até que ele entenda que rosnar é um comportamento inaceitável. Assim, o que devemos fazer é realizar um manejo correto para evitar correções desnecessárias!”, detalha a especialista.


Focinheira: acessório importante para alguns cães, porém, opte por modelos que permitam que o
cão respire, beba água e se alimente
EQUIPAMENTOS PARA ADESTRAR
Clicker: “é um dispositivo que emite um som para marcar o momento exato que o cão realiza o comportamento correto”, explica Jean Carlo. “Muitos adestradores gostam de usar o clicker para reforçar o acerto. Você pode usá-lo, caso prefira. É possível usar também um comando vocal nos acertos como ‘ok’ ou ‘muito bem’. Até reproduzir o som do clicker com a boca, fazendo um som de estalo”, acrescenta Camilla.
Guia unificada: “usada para orientar o cão durante treino de caminha e comandos básicos”, diz Jean Carlo. “É um coringa para o treino de cães, pois se ajusta exatamente ao pescoço do cão graças a uma trava de segurança. Permite que o dono direcione o cão durante o treino em casa e na rua, em passeios. Deve ser colocada atrás das orelhas e embaixo do queixo e, quando puxar, fazer o movimento para cima, nunca para trás (assim, evita-se que ela escorregue para o pescoço do cão, podendo apertar a traqueia). Deve-se atentar sempre com o lado que o cão permanecerá no passeio, pois por mais que ela possa ser usada dos dois lados, na hora que soltamos ela não pode ficar frouxa. Ela deve ficar justa, nem folgada demais, nem apertada demais. Gosto de comparar com um cinto, para não deixar a calça cair. Ideal para passeios com cães reativos e muito fortes”, ensina Camilla.
Prong collar, coleira de garras ou de pinos: este acessório permite que tenhamos mais segurança e controle no cão e é usado em cães fortes, que exigem mais força para serem contidos, explica a adestradora Camilla. “Se ajustado e usado corretamente, o prong collar é superconfortável e seguro aos cães. Permite uma comunicação mais clara com o cão e é ideal para cães que ficam se engasgando com a coleira no passeio, pois os pinos são a única fonte de contato com o cachorro, evitando também de enforcar”, aponta a adestradora.
Coleira peitoral: este acessório é usado para levar o cão no carro ou em um cinto de segurança, nos passeios, diz Zago. A coleira de peitoral em H é a mais recomendada por Camilla, pois não limita os movimentos articulares do cão e não o machuca, mantendo a sua mobilidade. “Ela também é mais segura. Em casos de cães inseguros que tendem a fugir, ela não escapa do corpo do cão. Mas lembrando que toda ferramenta deve ser usada justa ao corpo, nunca folgada demais, nem apertada”, acrescenta.
Guia e coleira de pescoço: bastante indicada para cães de pequeno e médio porte, pois não tem tanta força como os grandes. As guias de 1 ou 1,5 metros são as ideais, e as coleiras que sejam ajustáveis no pescoço, para garantir segurança e conforto.
Caixa de transporte: todo cão deveria ser acostumado a ficar na caixa de transporte em casa, assim, se o dono precisar usá-la para ir ao veterinárion por exemplo, o pet já está habituado a ela, aconselha Camilla. “O ‘fica’ ou o ‘place’ ajudam neste treino. Coloque algo que o cão goste na caixa, pode ser alimento ou brinquedo, e dê o comando que ele souber para que permaneça lá por algum tempo”, continua.
Focinheira: um item importante para todos os cães, principalmente os reativos, diz Camilla. “Opte por modelos que permitem que o cão respire bem, e consiga se alimentar. Para acostumar o cão a usar o acessório, coloque comida na focinheira e deixe que ele a vista para comer. Ao colocar o acessório, recompense-o com o alimento. E nunca deixe que seu cão aprenda a tirá-la. Sempre que for encerrar o treino de focinheira, verifique ele está tranquilo e não está mais tentando removê-la”, ensina.
Brinquedos interativos: bolinhas e brinquedos são usados para estimular o cão e recompensá-lo, diz Zago. Estes itens são importantes para manter o cão ocupado mentalmente quando seus proprietários não estão, aponta Jean Carlo. “Lembrando que cada ferramenta tem sua função e deve ser aplicada conforme a necessidade do cão”, destaca Jean Carlo.

Coleira e guia especialmente indicada para cães de pequeno e médio porte
E OS CÃES DE GUARDA E PROTEÇÃO?
Segundo Rangel, os comandos básicos que um cão de guarda e proteção deve aprender são voltados para o cão: morder a pessoa, morder o material e para o cão obedecer (todos os comandos da obediência básica). “O tempo de aprendizado destes comandos depende do nível que o proprietário quer chegar com seu cão. Para se alcançar um nível básico é preciso, no mínimo, 6 meses. Esse treinamento deve ser iniciado por um profissional que saiba o que está fazendo”, explica Rangel. “As seções de treinos são sempre com objetivos claros e nunca longas demais, podendo variar de 3 a 15 minutos”, acrescenta.
XIXI E COCÔ NO LUGAR ERRADO
Este é um problema muito comum entre donos de cães e requer muita paciência e treino para que o pet aprenda o local certo do xixi e do cocô, seja ele adulto ou filhote. Jean Carlo aponta que é preciso começar escolhendo um local determinado para ser o “banheiro” e cobrindo ele com fraldas higiênicas ou jornal. “O cão deve ir para esse local em momentos que já sabemos que ele precisa do banheiro, ou seja, logo após as suas refeições e quando ele acorda. Assim que ele fizer as necessidades no local correto recompense-o com algo que ele goste muito”, ensina.
Ainda segundo Jean Carlo, nunca devemos punir o cão pelo erro, pois isso pode gerar medo ou ele pode entender que suas necessidades têm que ser feitas na sua ausência. “Nos lugares onde ele errou as suas necessidades, importante limpar com eliminador de odores”, acrescenta.
Para ajudar o cão no início, para que ele tenha mais acertos do que erros, distribua os jornais ou tapetes em uma área maior e, conforme ele for acertando, vá reduzindo esta área gradativamente até chegar no espaço desejado. “O mais importante é ter próximo à essas fraldinhas, as recompensas. Com isso, ele irá entender que fazer necessidades nesses locais é gostoso, isso irá condicioná-lo”, enfatiza o adestrador.
CORRIGINDO MAUS-HÁBITOS
Desvios de comportamento como derrubar objetos, subir em sofás ou roubar comida, podem ser evitados tanto em cães adultos, como filhotes, diz Jean Carlo. “Em caso de filhotes, é necessário educá-los, introduzindo brinquedos para morderem, com objetos que possuam tamanhos e texturas diferentes. Em cães adultos, esses hábitos devem ser investigados, pois podem ter motivos como tédio e ansiedade, por isso uma rotina de exercício físico, passeios e brincadeiras auxiliam a direcionar a energia para hábitos que irão beneficiar não somente o seu pet, mas o dono também”, diz Jean Carlo. Ainda segundo ele, nunca dê atenção quando o cão fizer algo errado, pois isso pode condicioná-lo a comportamentos indesejados. “Por outro lado, quando ele estiver brincando com seus brinquedos ou fazendo algum comportamento adequado ou desejado, neste momento sim, dê muito carinho e recompensa”, ensina.
Zago ainda dá dicas de formas que ele tem para corrigir maus hábitos do cão, como destruir plantas, aceitar comida de estranhos, latir desnecessariamente para todos que passam na rua, pular nas visitas: “antes de tudo, precisamos fazer com que o cachorro entenda quais comportamentos esperamos dele e o que a gente não quer que ele cometa. A partir daí, começamos, em treinamento, a passar isso para o cachorro. Então eu começo a colocar ele numa guia e começo a levar ele a se comportar naquelas situações que eu quero. Por exemplo, de ver pessoas na rua e ficar latindo desnecessariamente. Eu vou começar a estimular ele a prestar atenção em mim, não nas pessoas na rua ou posso corrigir dizendo que está errado, falar um ‘não!’ para ele ou posso redirecionar através da guia, puxando-o para um outro lado. Se ele parar de latir, por exemplo, nesse caso, recompensamos com atenção, um objeto (brinquedo) ou um alimento”, ensina.
TEMPO DE APRENDIZADO
Para Richardson Zago, os cães, normalmente, aprendem muito rápido, mas para isso, é preciso dedicação dos seus donos nos treinamentos. “Se falarmos a linguagem deles o processo acontece de forma rápida, mas até condicionar leva-se um tempo de repetição dos exercícios. Então, quanto mais tempo a família se dedicar ao treinamento do cachorro, repetir os exercícios para poder condicioná-lo, menor é o tempo de aprendizagem, pois o cachorro aprenderá com maior facilidade. Então, se tiver de quatro a cinco pessoas na família, e só um faz o treinamento e uma vez por semana, o adestramento vai demorar mais. Agora se tiver um treinamento específico que todos os cinco da casa fazem e cobram o mesmo tipo de comportamento do cão, o treinamento vai ser muito mais rápido e será muito mais simples de o cachorro entender que todo mundo fala a mesma língua”, finaliza o adestrador.
12 comandos básicos para você!
A seguir, preparamos alguns treinos que vão divertir você e seu cão e te ajudar a ter uma convivência mais feliz com ele
1. “SENTA”
Grau de dificuldade: fácil.
Tempo médio de aprendizado: no mesmo dia.
Quando usar? Em momentos que você precisa que o cão se acalme. Pode ser usado em casa, antes de sair para passeios, antes das refeições, durante o passeio etc.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.

Passo 1: Posicione a comida (ou brinquedo) no alto e perto da boca do cão, induzindo o movimento de sentar-se. Assim que o cão se sentar, recompense-o com o alimento que está em sua mão.
Passo 2: Quando o cão estiver sentando-se mais facilmente, inserimos o comando “senta”, toda vez que ele se sentar. Com o tempo, ele se sentará apenas com o comando de voz, sem que precise recompensar.
2. DEITA
Grau de dificuldade: fácil.
Tempo médio de aprendizado: no mesmo dia.
Quando usar? Assim como o “senta”, também pode ser usado em momentos que você precisa que o cão se acalme por alguns segundos.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.

Passo 1: Posicione a comida (ou brinquedo) no alto, perto da boca do cão e vá abaixando a mão até que ele se deite. Assim que o cão se deitar, recompense-o com o alimento que está em sua mão.
Passo 2: Quando o cão estiver deitando-se mais facilmente, inserimos o comando “deita”, toda vez que ele deitar. Com o tempo, ele se deitará apenas com o comando de voz, sem que precise recompensar.
3. FICA (OU ESPERA)
Grau de dificuldade: médio.
Tempo médio de aprendizado: no mesmo dia.
Quando usar? Em momentos que você precisa que o cão espere naquele lugar por alguns segundos ou minutos apenas.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.

Passo 1: Coloque o cão no “senta”. Em seguida, se afaste dele rapidamente dizendo o comando “fica” (ou “espera”, se preferir). Quando voltar, recompense-o por ter te aguardado. Você deve se afastar por segundos no início, e voltar logo.
Passo 2: Com o tempo, vá se distanciando mais e demorando mais para recompensá-lo. No ensino deste comando, o cão fica o tempo todo olhando para o dono, motivado, concentrado nele e na expectativa do dono voltar. Depois de aprendido, deve ser usado com comando apenas.
4. DÁ A PATINHA
Grau de dificuldade: fácil.
Tempo médio de aprendizado: na mesma hora.
Quando usar? Para interagir ou brincar com o cão.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.

Passo 1: Para ensinar este comando, vamos fazer o cão pensar. Coloque o alimento na sua mão, mostre para o cão que você tem um alimento ali, mas mantenha sua mão fechada e posicionada à frente do cão, para que ele possa cheirá-la. Ele vai ficar cheirando a sua mão e pensando em como pegar aquele alimento.
Passo 2: Assim que ele colocar a pata em cima da sua mão, deixe que ele coma o alimento, ainda sem falar nada. No começo, o cão pode demorar uns15 minutos para entender que ele precisa colocar a pata na sua mão. Mas assim que ele entender que colocando a mão ele ganha petisco, vai fazê-lo em segundos. Nesta etapa, você insere o comando vocal “dá a pata”, assim que ele o fizer.
5. GIRA
Grau de dificuldade: fácil.
Tempo médio de aprendizado: no mesmo dia.
Quando usar? Para interagir ou brincar com o cão.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.

Passo 1: Deixe a comida (ou brinquedo) na sua mão e vá induzindo o cão a girar em torno de si.
Passo 2: Assim que ele girar, você recompensa com o alimento e insere o comando vocal “gira”.
6. NÃO!
Grau de dificuldade: difícil.
Tempo médio de aprendizado: por volta de cinco treinos.
Quando usar? Para corrigir algum erro que seu cão esteja cometendo, no ato.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.
Passo 1: Com uma porção de ração na mão, coloque o cão à sua frente, diga “não!”, coloque a porção de ração no chão e não deixe o cachorro pegar! Provavelmente você terá que afastá-lo, ou proteger a comida. Mas o mais importante é não deixar que ele a coma!
Passo 2: Assim que o cão não tentar mais comer a porção de ração que está no chão, você dará o comando de acerto “ok”. Recolha a ração do chão e ofereça ao cão na sua mão (desse jeito ele entende que não deve comer nada do chão).
DETALHE IMPORTANTE!
Treinamos muito o comando “não!” colocando a ração no chão, mas é importante lembrar que o cão aprende por repetição. Então, todas as vezes que o cachorro fizer algo que não pode, o dono deve lembrar apenas de falar “não!” e interromper o comportamento indesejado!
Com a frequência dessa atitude o cachorro aprende que “não!” interrompe o comportamento indesejado pelo dono.
7. PASSAR ENTRE AS PERNAS
Grau de dificuldade: fácil.
Tempo médio de aprendizado: quatro treinos.
Quando usar? Para interagir ou brincar com o cão.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.

Passo 1: Com comida nas duas mãos, coloque-as próximas ao focinho do cão para que se interesse. Assim que ele entender onde está a comida,
guie-o por entre suas pernas. Quando ele terminar de passar, deixe-o comer! Quando terminar de passar a primeira perna, com a outra mão, guie-o para passar na segunda perna.
Passo 2: Precisa ter coordenação na hora de trocar as pernas. Com o tempo, recompense o cão quando ele estiver passando entre as suas pernas e adicione o comando vocal “trança” ou “passa”, o que preferir.
8. ROLAR
Grau de dificuldade: médio.
Tempo médio de aprendizado: por volta de cinco treinos ou mais.
Quando usar? Para interagir ou brincar com o cão.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.


Passo 1: Dê o comando “deita”. Posicione a comida na altura do seu focinho enquanto ele estiver deitado e induza o movimento de rolar levando a mão até a cauda (como se ele fosse se coçar). Assim, que o fizer, recompense.
Passo 2: Quando ele estiver entendendo a movimentação da cabeça você pode dar uma ajuda com a outra mão para ele completar o movimento. E assim que completar, recompense. Quando o cão entender o movimento completo, dê o comando de voz “rola”.
9. PLACE
Grau de dificuldade: difícil.
Tempo médio de aprendizado: por volta de um mês ou mais.
Quando usar? Em momentos que você precisa executar tarefas em casa sem que o cão fique atrás de você ou para corrigir maus comportamentos. Exemplo: se o cão destrói objetos, ensine o “place” e deixe-o lá roendo para que ele satisfaça sua necessidade de roer.
Dupla: Camilla Nogueira e Arya.

Passo 1: Começamos colocando o cão no local escolhido para ser o “place”, onde ele ficará esperando até o dono liberá-lo. Deixe-o no local escolhido e se afaste dele. A recompensa neste caso é o descanso, o relaxamento, porém, no início, o dono pode fazer com que o cão vá para o local usando um reforço positivo (como comida).
Passo 2: Quando perceber que o cão vai sair do lugar, diga “não!” e, em seguida, reforce o comando “place”, apontando para a caminha. A evolução deste comando é o cão ir para o local escolhido ao dizer “place” e ficar por lá até o dono permitir que saia. Para ele sair do “place”, use os comandos “ok” ou “livre”.
Passo 3: Quando ele já souber bem o “place”, colocamos ele no “deita” em cima da caminha. Dica importante: Toda vez que o cão tentar sair do “place”, o dono deve dizer “não!” e voltar ele no lugar sem recompensar com alimento, caso contrário, ele vai aprender que se sair do lugar antes da hora ele ganha comida.
Observação:
Este é um dos comandos mais úteis para o dia a dia, porém, para que o cão fique bem no “place”, ele deve ter sua energia gasta em algum momento do dia, com passeios e brincadeiras. Ele também pode ficar no “place” entretido com algo (brinquedo ou mordedor) por um período maior do que o comando “fica”.
10. “VEM” OU “AQUI”
Grau de dificuldade: fácil.
Tempo médio de aprendizado: no mesmo dia.
Quando usar? Fazendo de forma alegre e positiva o cão terá prazer em obedecer, pois sabe que será recompensado. Esse comando pode evitar uma fuga e não deixar o cão em situação de perigo.
Dupla: Daniel Ferraz e Nash.

Passo 1: Com o cão solto em um espaço controlado, mostre-o a recompensa (comida ou brinquedo), diga seu nome e fale o comando “vem” alegremente.
Passo 2: No momento em que ele chegar até você, dê a recompensa. Pode incluir uma premiação verbal, como: “muito bom garoto!” ao fazer carinho.
11. “JUNTO” OU “ANDAR AO LADO”
Grau de dificuldade: moderado.
Tempo médio de aprendizado: no mesmo dia.
Quando usar? Esse comando vai estabelecer uma posição correta para o cão ficar, que é ao seu lado. Também vai ajudar o cão a caminhar ao seu lado sem puxar a guia. Ensinar os comandos “fica” e “vem” antes do “junto” podem ajudar no processo.
Dupla: Daniel Ferraz e Nash.

Passo 1: Posicione o cão em sua frente, a uns dois passos de distância. O cão deve estar olhando para você no início do exercício.
Passo 2: Com a recompensa (ração ou petisco) em sua mão esquerda chame o cão, o induzindo a acompanhar o movimento de sua mão na lateral do seu corpo.
Passo 3: Quando o cão estiver passando por você, volte sua mão induzindo o cão a ficar do seu lado. Neste momento insira o comando “junto” e libere a recompensa ao cão.
Passo 4: Depois de repetir esse processo algumas vezes, você pode começar a dar alguns passos para frente quando o cão já estiver ao seu lado. Se ele te seguir, recompense o cão novamente a cada passo.
12. “SOLTA” OU “DEIXA”
Grau de dificuldade: fácil.
Tempo médio de aprendizado: no mesmo dia.
Quando usar? Ter “controle da boca” do cão é muito importante para diversas situações no dia a dia. Assim, esse comando vai ser muito útil quando o cão pegar algo que não pode ou até mesmo algo perigoso para sua saúde.
Dupla: Daniel Ferraz e Nash.

Passo 1: Você vai precisar de dois brinquedos iguais, podem ser bolas, cordas ou outros. Mas devem ter o mesmo tamanho e cor! Comece a brincar com o cão usando um deles. Deixe-o morder e segurar o brinquedo.
Passo 2: Quando o cão estiver com a posse do brinquedo comece a movimentar a segunda bola para gerar interesse do cão.
Passo 3: No momento que o cão for soltar uma bola para pegar a outra inserimos o comando “solta”. A própria bola será a recompensa do cão. Repita isso várias vezes!
Agradecimentos:
Camilla Nogueira, Zootecnista e mestre em melhoramento genético formada pela UNESP, começou a trabalhar com comportamento canino desde 2019. Em 2021 inaugurou a k9 Camilla Nogueira, Escola de Adestramento.
www.k9camilla.com/blank-1
Foto: Santo Chico Fotografia Pet
Daniel Ferraz, Biólogo e adestrador de cães, de Tombos, MG. Coordenador do projeto de pesquisa com cães farejadores, o Projeto Faro para Conservação (Instagram: @faroparaconservacao) e sócio-proprietário do Centro de Treinamento de cães, creche e hotel Casarão dos Cães (Instagram: @casaraodoscaes).
Jean Carlo, Adestrador há 24 anos, é proprietário da Perfect Dog, escola de Adestramento, hotel e creche.
Instagram: @perfectdogadestramento
Marcos Rangel, Sócio proprietário do IPO Valley, centro de treinamento e hospedagem de cães, em Teresópolis, RJ. Trabalha com cães desde 1996, sempre competindo em campeonatos de adestramento.
Site: www.ipovalley.com.br
Richardson Zago, Adestrador e comportamentalista canino há 26 anos, é proprietário da Zago Adestramento desde 1998 e sócio fundador do Patinhas Urbanas, hotel e creche na zona norte de São Paulo, desde 2014.
Instagram: @zagoadestramento
Por Samia Malas
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